Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Bento XVI destaca a defesa da família natural: pai, mãe e filhos. O que disse?



As palavras do papa Bento XVI dirigidas aos cardinais, bispos, padres e às demais pessoas da Cúria Romana antes do Natal de 2012, entre outras coisas,  tocaram direto no assunto da família humana. O discurso foi  claro e de caráter realmente profético ao  enfrentar  as filosofias e pressões que nos dias de hoje tentam cada vez mais “minar” o papel  e a importância da família natural na sociedade, insinuando que “deixou de ser válido” o projeto de Deus e que vale tudo para o homem contestar também tudo, até a própria natureza.



Considero importantes essas colocações do papa Bento XVI, e entendo que justamente os discursos deste tipo, isto é,  abertos, corajosos e determinados,  a Igreja precisa retomar com muito mais veemência  frente às forças contrárias ao Projeto de Deus e à mensagem libertadora de Jesus Cristo  (e não apenas “escrever”, “registrar” ou “preservá-las”  dentro das encíclicas enfileiradas nas estantes ou guardadas nas “gavetas”).



A Igreja Católica, neste mundo, se quiser realmente ser  o instrumento de Deus na vida e na história da humanidade – e a sua verdadeira missão, de fato, deveria ser esta  -  não pode aliar-se aos “poderosos”, e nem  agradar os “donos deste mundo” para não os “incomodar” e assim preservar os seus privilégios, influências e poder...!  A Igreja de Jesus, para ser de fato profética e autêntica anunciadora da Boa Nova, isto é, do Evangelho de Jesus de Nazaré, precisa voltar a ser “una, santa e pobre”, como dizia dom Pedro Casaldáliga. Qualquer outro caminho será ilusão e engano, e a Igreja, certamente,  sabe disso.



Pelos motivos apontados acima, trago agora uma parte desse discurso do papa Bento XVI, para o blog Indagações.  Vamos conferir?!

WCejnóg

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI  À CÚRIA ROMANA NA APRESENTAÇÃO DE VOTOS NATALÍCIOS (Fragmentos)

Sala Clementina - Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2012
  

Senhores Cardeais, Venerados Irmãos no Episcopado e no Presbiterado, Queridos irmãos e irmãs!



Com grande alegria, me encontro hoje convosco, amados membros do Colégio Cardinalício, representantes da Cúria Romana e do Governatorado, para este momento tradicional antes do Natal. ...


(...)


Num tratado cuidadosamente documentado e profundamente comovente, o rabino-chefe de França, Gilles Bernheim, mostrou que o ataque à forma autêntica da família (constituída por pai, mãe e filho), ao qual nos encontramos hoje expostos – um verdadeiro atentado –, atinge uma dimensão ainda mais profunda. Se antes tínhamos visto como causa da crise da família um mal-entendido acerca da essência da liberdade humana, agora torna-se claro que aqui está em jogo a visão do próprio ser, do que significa realmente ser homem.



Ele cita o célebre aforismo de Simone de Beauvoir: «Não se nasce mulher; fazem-na mulher – On ne naît pas femme, on le devient». Nestas palavras, manifesta-se o fundamento daquilo que hoje, sob o vocábulo «gender - género», é apresentado como nova filosofia da sexualidade. De acordo com tal filosofia, o sexo já não é um dado originário da natureza que o homem deve aceitar e preencher pessoalmente de significado, mas uma função social que cada qual decide autonomamente, enquanto até agora era a sociedade quem a decidia.



Salta aos olhos a profunda falsidade desta teoria e da revolução antropológica que lhe está subjacente. O homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez.



É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: «Ele os criou homem e mulher» (Gn 1, 27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem.



O homem contesta a sua própria natureza; agora, é só espírito e vontade. A manipulação da natureza, que hoje deploramos relativamente ao meio ambiente, torna-se aqui a escolha básica do homem a respeito de si mesmo. Agora existe apenas o homem em abstrato, que em seguida escolhe para si, autonomamente, qualquer coisa como sua natureza. Homem e mulher são contestados como exigência, ditada pela criação, de haver formas da pessoa humana que se completam mutuamente.



Se, porém, não há a dualidade de homem e mulher como um dado da criação, então deixa de existir também a família como realidade pré-estabelecida pela criação. Mas, em tal caso, também a prole perdeu o lugar que até agora lhe competia, e a dignidade particular que lhe é própria; Bernheim mostra como o filho, de sujeito jurídico que era com direito próprio, passe agora necessariamente a objeto, ao qual se tem direito e que, como objetivo de um direito, se pode adquirir.



Onde a liberdade do fazer se torna liberdade de fazer-se por si mesmo, chega-se necessariamente a negar o próprio Criador; e, conseqüentemente, o próprio homem como criatura de Deus, como imagem de Deus, é degradado na essência do seu ser. Na luta pela família, está em jogo o próprio homem. E torna-se evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se também a dignidade do homem. Quem defende Deus, defende o homem.


(...)


«Vinde e vereis». Esta palavra dirigida aos dois discípulos à procura, Jesus dirige-a também às pessoas de hoje que estão  em busca. No final do ano, queremos pedir ao Senhor para que a Igreja, não obstante as próprias pobrezas, se torne cada vez mais reconhecível como sua morada. Pedimos-lhe para que, no caminho rumo à sua casa, nos torne, também a nós, sempre mais videntes a fim de podermos afirmar sempre melhor e de modo cada mais convincente: encontramos Aquele que todo o mundo espera, ou seja, Jesus Cristo, verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro homem. Neste espírito, desejo de coração a todos vós um santo Natal e um feliz Ano Novo. Obrigado!





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