“E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com
esperteza. De fato, os filhos deste mundo são mais esperpos do que os filhos da
luz, no trato com os seus semelhantes.“ (Lc 16,8) – é a frase da parábola do administrador desonesto. Jesus usa
esta parábola para nos ensinar a sermos...(?)
Bem, o que Jesus realmente nos quer ensinar
com ela...? São as palavras talvez mais difíceis de todo o Evangelho, porque,
aparentemente, aprovariam a desonestidade? Seria a contradição...? Neste caso, muitas
pessoas têm dificuldade em entender de fato o que Jesus quer nos dizer.
Para refletir sobre este texto
(Lc 16, 1-13) trago para o blog Indagações um comentário muito bom de Asun Gutiérrez
Cabriada.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os
interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das
Monjas Beneditinas de Montesserrat:
Trabalho muito bonito!]
Uma parábola se move sempre à volta de algo ‘escandaloso’
ou, pelo menos, paradóxico e insólito.
ou, pelo menos, paradóxico e insólito.
A parábola põe com frequência as coisas ao contrário;
é um ataque aos convencionalismos da nossa mentalidade e
da nossa existência.
A parábola quer fazer pensar o ouvinte incorporando um
elemento de ‘estranheza’
e de ‘surpresa’ a um fato normal e corrente...
A intenção é obrigar-nos a considerar a nossa vida, o nosso comportamento
e de ‘surpresa’ a um fato normal e corrente...
A intenção é obrigar-nos a considerar a nossa vida, o nosso comportamento
e o nosso próprio mundo a partir duma perspectiva
distinta.
As parábolas abrem novas possibilidades de vida,
muitas vezes opostas aos nossos comportamentos convencionais;
permitem uma nova
experiência da realidade.muitas vezes opostas aos nossos comportamentos convencionais;
E.Schillebeeckx.
Comentário
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
– Um homem rico tinha um administrador,
que foi
denunciado por andar
a desperdiçar os seus bens.
a desperdiçar os seus bens.
Mandou
chamá-lo e disse-lhe:
‘Que é
isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua
administração,
porque já não podes
continuar a administrar’.
continuar a administrar’.
O
administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer,
agora
que o meu senhor me vai tirar a administração?
Para lavrar
a terra não tenho força,
de mendigar tenho vergonha.
de mendigar tenho vergonha.
Já sei o
que hei-de fazer, para que, ao ser despedido
da
administração, alguém me receba em sua casa’.
Esta parábola é exclusiva de
Lucas. O capítulo anterior, o 15, é expressamente dirigido contra os fariseus
intolerantes que se escandalizam da conduta de Jesus por acolher as pessoas que
eles desprezam e por comer com elas.
O capítulo que começamos hoje vai
dirigido aos discípulos em geral. É um ensinamento para todo o seu auditório.
Mandou
chamar um por um os devedores
do seu senhor e disse ao primeiro:
‘Quanto deves ao meu senhor?’
do seu senhor e disse ao primeiro:
‘Quanto deves ao meu senhor?’
Ele
respondeu; ‘cem talhas de azeite’.
O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta;
sente-te depressa e escreve cinquenta’.
A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’
Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’.
A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’
Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’.
Disse-lhe
o administrador: ‘Toma a tua conta
e escreve oitenta’.
e escreve oitenta’.
E o
senhor elogiou o administrador desonesto,
por ter
procedido com esperteza.
De fato,
os filhos deste mundo
são mais esperpos do que os filhos da luz,
no trato com os seus semelhantes.
são mais esperpos do que os filhos da luz,
no trato com os seus semelhantes.
De todas as pessoas e de todas as
situações se podem tirar aspectos positivos.
Neste caso, o imitável, para viver
e pôr ao serviço da construção do Reino, é a lucidez, decisão, audácia,
capacidade e habilidade para superar, com os meios que se tem, as dificuldades
que se vão apresentando.
É um convite a não nos deixarmos
paralisar pela rotina, a passividade e o medo.
Um desafio e um estímulo à
imaginação, à criatividade, à busca de novos caminhos e novas formas de atuar.
Ora Eu
digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro,
para
que, quando este vier a faltar,
eles vos recebam nas moradas eternas.
Quem é fiel nas coisas pequenas
eles vos recebam nas moradas eternas.
Quem é fiel nas coisas pequenas
também é
fiel nas grandes; e quem é injusto
nas
coisas pequenas também é injusto nas grandes.
Se não
fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro,
quem vos
confiará o verdadeiro bem?
E se não
fostes fiéis no bem alheio,
quem vos
entregará o que é vosso?
É positivo ter capacidade de fazer
amigos entre todo o tipo de pessoas, criar o ambiente adequado para anunciar e
transmitir a Boa Notícia com alegria, proximidade, abertura, ânimo e ilusão.
A sagacidade dos cristãos deve estar motivada pela construção do Reino ,
pisando terra e comprometendo-se na transformação deste mundo. Tarefa
diária, contínua e de todos.
Tenho para as coisas do espírito o
mesmo interesse que para os asuntos
sociais, econômicos, profissionais... da minha vida?
Nenhum
servo pode servir a dois senhores,
porque,
ou não gosta de um deles e estima o outro,
ou se
dedica a um e despreza o outro.
Não
podeis servir a Deus e ao dinheiro.
O dinheiro é origem e causa das
maiores injustiças.
Quantas mais coisas se acumulam e
se possuem, quanto mais se deifica o dinheiro, mais crescem a insegurança e as
preocupações pessoais e as injustiças sociais.
É incompatível pretender seguir
Jesus e organizar a vida, mesmo que seja piedosa e cumpridora, em função do
egoísmo pessoal e/ou familiar e de multidão de necessidades supérfluas.
Está bem claro que não se pode compaginar Deus: austeridade, acolhimento,
ajuda, ser, generosidade, liberdade, alegria. confiança, amor..., e dinheiro:
injustiça, egoísmo, ter, consumismo, escravidão, falta de solidariedade... É
necessário optar livre e decididamente entre duas maneiras de viver
contraditórias e incompatíveis.
TEMOS SEDE
Temos sede de
Justiça,
mas
tratamos de a acalmar dando um vistoso donativo de vez em quando.
Temos sede de um
mundo mais igualitário,
mas
desaparece ao chegarem as férias e fazer belos planos de viajar para
“dourar” a pele em exóticos lugares nos quai se gasta tanto, o
que é uma clara ofensa para tantos pobres.
Temos sede de
partilhar,
mas,
quando organizamos faustosos banquetes – em comunhões, casamentos....- ou
preparamos a festa de Natal, e nas nossas mesas se esbanja, se desaproveita e se atira fora e depois,
tudo justificamos porque isso sabemos fazê-lo muito bem.
Temos sede de perdão e paz,
mas
armamos uma confusão tremenda por qualquer palermice e guardamos velhas
dívidas. Continua a ser-nos muito difícil perdoar e esquecer.
Temos sede, Senhor, mas, como vês, nota-se pouco.
Dá-nos sede. Faz que passemos autêntica sede, para que falemos menos e aprendamos a ser mais coerentes.
Dá-nos sede. Faz que passemos autêntica sede, para que falemos menos e aprendamos a ser mais coerentes.
(Juanjo
Elezkano)
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