Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 14 de setembro de 2013

“O gesto mais escandaloso” – Comentário de José Antonio Pagola. Vale a pena ler!


“(...) O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia.  Ele lhe explicou: ‘Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo’. Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. Ele, então, respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos.  E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo!’ Explicou-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.  Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’. “ (Lc  15, 25-32)

As palavras desta e das outras parábolas proferidas por Jesus incomodam muita gente “boa e honesta”... Muitas pessoas, incluindo cristãos e cristãs, têm uma enorme dificuldade  para entender e assimilar a lógica de Deus Pai – a lógica do amor e do perdão, que contrasta cada vez mais com a lógica da exclusão e discriminação para com os mais fracos, que o mundo promove.
Como entender, então,  essas palavras que Jesus dirige a todos  nós?

Trago para o blog Indagações o comentário  do padre e teólogo espanhol José Antônio PagolaFoi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU). É uma reflexão curta mas muito concreta!
Não deixe de ler.


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IHU – Notícias

Sexta, 13 de setembro de 2013.

O gesto mais escandaloso

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 15, 1-32, que corresponde ao 24º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol  José Antonio Pagola  comenta o texto.



Eis o texto

O gesto mais provocador e escandaloso de Jesus foi, sem dúvida, a sua forma de acolher com especial simpatia a pecadoras e pecadores, excluídos pelos dirigentes religiosos e marcados socialmente pela sua conduta à margem da Lei. O que mais irritava era o seu hábito de comer amistosamente com eles.
Normalmente, esquecemos que Jesus criou uma situação surpreendente na sociedade do seu tempo. Os pecadores não fogem dele. Pelo contrário, sentem-se atraídos pela sua pessoa e por sua mensagem. Lucas nos diz que ”os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar”. Ao que parece, encontram nele um acolhimento e compreensão que não encontram em nenhuma outra parte.
Entretanto, os setores fariseus e os doutores da Lei, os homens de maior prestígio moral e religioso perante o povo, só sabem criticar, escandalizados, o comportamento de Jesus: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”. Como pode um homem de Deus comer na mesma mesa com aquela gente pecadora e indesejável?
Jesus nunca fez caso das suas críticas. Ele sabia que Deus não é o Juiz severo e rigoroso de que falam, com tanta segurança, aqueles mestres que ocupavam os primeiros assentos nas sinagogas. Ele conhece bem o coração do Pai. Deus entende os pecadores; oferece o seu perdão a todos; não exclui ninguém; perdoa tudo. Ninguém há de obscurecer e desfigurar o seu perdão insondável e gratuito.
Por isso, Jesus oferece-lhe a sua compreensão e a sua amizade. Aquelas prostitutas e aqueles cobradores hão de sentir-se acolhidos por Deus. São os primeiros. Nada têm a temer. Podem sentar-se à sua mesa, beber vinho e cantar cânticos junto a Jesus. O seu acolhimento vai curando-os por dentro. Libera-os da vergonha e da humilhação. Devolve-lhes a alegria de viver.
Jesus acolhe-os tal como são, sem exigir-lhes previamente nada. Vai contagiando-os com sua paz e sua confiança em Deus, sem estar seguro de que responderão mudando a sua conduta.  Faz confiando totalmente na misericórdia de Deus que já os está esperando com os braços abertos, como um pai bom que corre ao encontro do seu filho perdido.
A primeira tarefa de uma Igreja fiel a Jesus não é condenar os pecadores, mas compreendê-los e acolhê-los amistosamente. Em Roma, eu comprovei há alguns meses que, sempre que o Papa Francisco insistia em que Deus perdoa sempre, perdoa tudo, perdoa a todos…, as pessoas aplaudiam com entusiasmo. Seguramente é o que muita gente de fé pequena e vacilante necessita escutar hoje com claridade da Igreja.
Fonte: IHU


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