“Se alguém vem a mim e tem mais amor ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos,
aos irmãos, às irmãs e mesmo à própria vida, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14, 26) – como entender estas e as outras palavras de Jesus, narradas
no Evangelho segundo Lucas, no capítulo 14?
Para refletir sobre essas palavras
(Lc 14, 25-33) trago para o blog Indagações um comentário muito concreto e
proveitoso de Asun Gutiérrez Cabriada.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os
interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das
Monjas Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom23C13port.pps Trabalho muito bonito!]
Assim imagina Jesus a sua família
de seguidores:um grupo de irmãos e irmãs que O
seguem para acolher e difundir a compaixão de Deus no mundo.
Jesus não pôde nem quis pôr em
marcha uma instituição forte e bem organizada, mas um movimento curador que
fosse transformando o mundo numa atitude de serviço e amor.
A sua primeira preocupação é
deixar atrás de si um movimento de irmãos e irmãs, capazes de viver servindo os
últimos. Eles serão o melhor símbolo e a semente mais eficaz do reino de Deus.
Estas serão as duas grandes
tarefas dos seus enviados: dizer a toda a gente o quão próximo está Deus e curar as pessoas de tudo quanto
produz mal e sofrimento nas suas vidas.
José Antonio Pagola.
“Jesus: uma abordagem histórica”
Comentário
Naquele
tempo seguia Jesus
uma
grande multidão.
Jesus
voltou-se e disse-lhes:
As palavras de Jesus não são para
um grupo eleito e reduzido nem para pessoas especialmente valentes. O convite é
para todos.
Apresenta as condições
indispensáveis para todo o discípulo, o que caracteriza o compromisso cristão.
Dedicar a vida ao que Ele a dedicou: ao Reino, a construir uma humanidade de
filhas e filhos, portanto de irmãs e irmãos.
Se
alguém vem ter comigo,
e não me
preferir ao pai, à mãe,
à
esposa, aos filhos, aos irmãos,
às irmãs
e até à própria vida,
não pode
ser meu discípulo.
Seguir Jesus não significa deixar
algo, mas ter-se encontrado com Alguém. Esse encontro faz que se
relativize, que passe a segundo lugar
tudo o resto.
O fundamental é a opção radical
por Jesus, pelo seu projeto, pelos valores que Ele propõe.
Quem não
toma a sua cruz para me seguir,
não pode ser meu discípulo.
não pode ser meu discípulo.
Há quem pense e ensine que
carregar a cruz e seguir Jesus é buscar mortificações, privar-se de sadias
satisfações, renunciar a alegrias e prazeres legítimos, para chegar, pelo
sofrimento, a uma união maior com Jesus. O evangelho não fala disso.
Jesus fala de ir pelo mundo como
Ele, “atrás d’Ele”, prosseguindo a sua causa, rejeitando o êxito fácil,
aliviando as cruzes das pessoas marginalizadas, vivendo em atitude de serviço
para os outros.
Seguir Jesus é viver, como Ele, os
valores do Reino: justiça, austeridade, solidariedade, compaixão, alegria,
valentia, compromisso... Esse modo de viver supõe uma grande satisfação
interior. É a carga leve, o jugo suave e libertador que Jesus oferece.
Quem de
vós, desejando construir uma torre,
não se
senta primeiro a calcular a despesa
para ver
se tem com que terminá-la?
Não suceda
que, depois de assentar
os
alicerces, se mostre incapaz de a concluir
todos os
que olharem
comecem
a fazer troça, dizendo:
‘Esse
homem começou a edificar,
mas não
foi capaz de concluir’.
E qual é
o rei que parte para a guerra
contra
outro rei e não se senta primeiro
a
considerar se é capaz de se opor,
com dez
mil soldados,
àquele
que vem contra ele com vinte mil?
Aliás,
enquanto o outro ainda está longe,
manda-lhe
uma delegação
a pedir
as condições de paz.
Jesus provoca a nossa reflexão e
discernimento sacudindo as nossas seguranças e rotinas religiosas.
Seguir Jesus não é uma questão de
impulsos, fervores, arrebates de coração e entusiasmos superficiais. É uma
opção livre, um processo diário e contínuo, que supõe profunda reflexão, decisões
pessoais, valentes e livres.
Assim,
quem de entre vós não renunciar
a todos
os seus bens,
não pode
ser meu discípulo..
O afã de acumular riquezas,
honrarias, privilégios, poder.... não é compatível com o compromisso cristão.
Jesus propõe-nos, para O seguir, renunciar ao que nos impede ser pessoas mais
humanas, mais livres, mais solidárias, mais felizes...
Assim, toda a “renúncia” se
converte em alegria, paz e liberdade.
Jesus Cristo ensina os seres humanos
que há algo neles que os situa
acima desta vida de ativismo,
alegrias e temores.
que há algo neles que os situa
acima desta vida de ativismo,
alegrias e temores.
Quem chegar a entender
o ensinamento de Cristo
sentir-se-á como um pássaro
que não sabia que tinha asas
e agora, de repente,
dá-se conta de que pode voar,
pode ser livre
e já não tem nada que temer.
o ensinamento de Cristo
sentir-se-á como um pássaro
que não sabia que tinha asas
e agora, de repente,
dá-se conta de que pode voar,
pode ser livre
e já não tem nada que temer.
León Tolstoi
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