Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 7 de setembro de 2013

“Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14, 27) – Comentário de Assun Gutiérrez. Muito bom!

 “Se alguém vem a mim e tem mais amor ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e mesmo à própria vida, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14, 26) – como entender estas e as outras palavras de Jesus, narradas no Evangelho segundo Lucas, no capítulo 14?

Para refletir sobre essas palavras (Lc 14, 25-33) trago para o blog Indagações um comentário muito concreto e proveitoso de Asun Gutiérrez Cabriada.   

Não  deixe de ler.


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[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom23C13port.pps Trabalho muito bonito!]




Assim imagina Jesus a sua família de seguidores:um grupo de irmãos e irmãs que O seguem para acolher e difundir a compaixão de Deus no mundo.

Jesus não pôde nem quis pôr em marcha uma instituição forte e bem organizada, mas um movimento curador que fosse transformando o mundo numa atitude de serviço e amor.

A sua primeira preocupação é deixar atrás de si um movimento de irmãos e irmãs, capazes de viver servindo os últimos. Eles serão o melhor símbolo e a semente mais eficaz do reino de Deus.

Estas serão as duas grandes tarefas dos seus enviados: dizer a toda a gente o quão próximo está Deus e curar as pessoas de tudo quanto produz mal e sofrimento nas suas vidas.

José Antonio Pagola.
Jesus: uma abordagem histórica”

 Comentário

Naquele tempo seguia Jesus
uma grande multidão.
Jesus voltou-se e disse-lhes:

As palavras de Jesus não são para um grupo eleito e reduzido nem para pessoas especialmente valentes. O convite é para todos.
Apresenta as condições indispensáveis para todo o discípulo, o que caracteriza o compromisso cristão. Dedicar a vida ao que Ele a dedicou: ao Reino, a construir uma humanidade de filhas e filhos, portanto de irmãs e irmãos.

Se alguém vem ter comigo,
e não me preferir ao pai, à mãe,
à esposa, aos filhos, aos irmãos,
às irmãs e até à própria vida,
não pode ser meu discípulo.

Seguir Jesus não significa deixar algo, mas ter-se encontrado com Alguém. Esse encontro faz que se relativize,  que passe a segundo lugar tudo o resto.
O fundamental é a opção radical por Jesus, pelo seu projeto, pelos valores que Ele propõe.
             
Quem não toma a sua cruz para me seguir,
 não pode ser meu discípulo.

Há quem pense e ensine que carregar a cruz e seguir Jesus é buscar mortificações, privar-se de sadias satisfações, renunciar a alegrias e prazeres legítimos, para chegar, pelo sofrimento, a uma união maior com Jesus. O evangelho não fala disso. 
Jesus fala de ir pelo mundo como Ele, “atrás d’Ele”, prosseguindo a sua causa, rejeitando o êxito fácil, aliviando as cruzes das pessoas marginalizadas, vivendo em atitude de serviço para os outros.
Seguir Jesus é viver, como Ele, os valores do Reino: justiça, austeridade, solidariedade, compaixão, alegria, valentia, compromisso... Esse modo de viver supõe uma grande satisfação interior. É a carga leve, o jugo suave e libertador que Jesus oferece.

Quem de vós, desejando construir uma torre,
não se senta primeiro a calcular a despesa
para ver se tem com que terminá-la?
Não suceda que, depois de assentar
os alicerces, se mostre incapaz de a concluir
todos os que olharem
comecem a fazer troça, dizendo:
‘Esse homem começou a edificar,
mas não foi capaz de concluir’.
E qual é o rei que parte para a guerra
contra outro rei e não se senta primeiro
a considerar se é capaz de se opor,
com dez mil soldados,
àquele que vem contra ele com vinte mil?
Aliás, enquanto o outro ainda está longe,
manda-lhe uma delegação
a pedir as condições de paz.

Jesus provoca a nossa reflexão e discernimento sacudindo as nossas seguranças e rotinas religiosas.
Seguir Jesus não é uma questão de impulsos, fervores, arrebates de coração e entusiasmos superficiais. É uma opção livre, um processo diário e contínuo, que supõe profunda reflexão, decisões pessoais, valentes e livres.

Assim, quem de entre vós não renunciar
a todos os seus bens,
não pode ser meu discípulo..

O afã de acumular riquezas, honrarias, privilégios, poder.... não é compatível com o compromisso cristão. Jesus propõe-nos, para O seguir, renunciar ao que nos impede ser pessoas mais humanas, mais livres, mais solidárias, mais felizes...
Assim, toda a “renúncia” se converte em alegria, paz e liberdade.





Jesus Cristo ensina os seres humanos
que há algo neles que os situa
acima desta vida de ativismo,
alegrias e temores.

Quem chegar a entender
o ensinamento de Cristo
sentir-se-á como um pássaro
que não sabia que tinha asas
e agora, de repente,
dá-se conta de que pode voar,
pode ser livre
e já não tem nada que temer
.



León Tolstoi
  

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