Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 14 de setembro de 2013

“O amor gratuito e entranhável do Pai.” – Comentário de M. Assun Gutiérrez.


 Eu vos digo: assim haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento. (Lc 15, 7)

Para refletir sobre as parábolas da ovelha perdida e da dracma (Lc 15, 1-10) trago para o blog Indagações um comentário muito bonito e proveitoso de Asun Gutiérrez Cabriada.   
Não  deixe de ler.
WCejnog

[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom24C13port.pps  Trabalho muito bonito!]



Só a partir da experiência alegre do bem chegamos a ser bons e livres de verdade.

O reino de Deus é a sua alegria com as criaturas, a alegria de voltar a encontrar o perdido.

E a nossa conversão consiste em acolher a alegria de Deus e deixar-nos mover por Ele, ser achados, voltar a casa, voltar à vida e partilhar a alegria de Deus.

José Arregi


Comentário
Naquele tempo,
os publicanos e os pecadores
aproximavam-se todos de Jesus,
para O ouvirem.
Mas os fariseus e os escribas
murmuravam entre si, dizendo:
– Este homem acolhe os pecadores e
come com eles.

A murmuração é a atitude própria dos que querem controlar uma situação que se lhes escapa. Os fariseus (principais representantes oficiais do judaísmo religioso) e  os mestres da lei (intérpretes e custódios da Escritura), têm-se por justos,  crêem-se possuidores da verdade segura e imutável, censuram todos os que não pensem como eles, dedicam-se a murmurar. Não compreendem Jesus e rejeitam-n’O.

Os publicanos e pecadores, pessoas desprezadas e condenadas pelos justos oficiais,  são os que se aproximam de Jesus e se reconhecem nas suas palavras como destinatários do amor entranhável do Pai.

A intransigência dos fariseus e dos mestres da lei contrasta, em todo o Evangelho, com a atitude de Jesus. As palavras e a atuação de Jesus  revelam como é o amor gratuito e entranhável do Pai.
Jesus entra em conflito com os “bem pensantes”  religiosos do seu tempo e de todos os tempos.

Jesus disse-lhes então a seguinte parábola:
– Quem de vós que possua cem ovelhas e
tenha perdido uma delas,
não deixa as outras noventa e nove no deserto,
para ir à procura da que anda perdida,
até a encontrar?

Jesus reflete como é o coração de Deus: amor não condicionado ao nosso bom dizer nem ao nosso correto atuar. Amor incondicional e gratuito que se adianta sempre. Jesus ensina-nos a não nos limitarmos a conservar, a não nos encerrarmos em nós mesmos nem nos nossos círculos e anima-nos a buscar, a sair para o incerto, para quem nos necessite.
Podemos perguntar-nos se a imagem que Jesus mostra do Pai coincide com a que nos ensinaram e com a que mostramos.

Quando a encontra, põe-na alegremente
aos ombros e, a chegar a casa,
chama os amigos e vizinhos e diz-lhes:
‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei
a minha ovelha perdida’.
Eu vos digo: assim haverá mais alegria no céu
por um só pecador que se arrependa,
do que por noventa e nove justos
que não precisam de arrependimento.

Um dos traços mais salientes destas parábolas é o da alegria. Lucas sublinha a festa, a grande alegria que necessita ser partilhada. É um convite a nos deixarmos encontrar por Deus, a criar espaços na nossa vida para que se realize esse encontro.

É a alegria uma das características da vivência e expressão da minha fé?
Sinto que a experiência de encontro com Jesus é fonte de alegria na minha vida?
Vivo com alegria e sinto a necessidade de a partilhar?

Ou então, qual é a mulher que,
possuindo dez dracmas e tendo
perdido uma, não acende uma lâmpada,
varre a casa e procura cuidadosamente a
moeda até a encontrar?
Quando a encontra, chama as
amigas e vizinhas e diz-lhes:
‘Alegrai-vos comigo porque encontrei a
dracma perdida’.
Eu vos digo: Assim haverá alegria entre
os anjos de Deus
por um só pecador que se arrependa.

A moeda e a ovelha, sem que elas façam seja o que for, são buscadas pelo imenso interesse dos seus donos. As duas parábolas contam-nos situações muito semelhantes: a de uma perda, uma busca intensa, um encontro e uma grande alegria partilhada. 
Esse interesse e entusiasmo produz conversão, seguimento e festa.
A conversão não é uma condição, mas a consequência do amor transbordante e gratuito de Deus.




ACIMA DO NOSSO

Tu és o Deus sobre o qual todos opinamos,
o Deus que todos buscamos,
o Deus que todos abandonamos,
o Deus com o qual todos lutamos.
Mas, por sua vez, Tu és o Deus que nos recrias,
que nos encontras mesmo que não te busquemos,
que permaneces fiel quando te deixamos,
que nos vences e convences.
Tu és o Deus do qual todos falamos,
o Deus ao qual todos usamos,
o Deus que todos desfiguramos,
o Deus ao qual todos tentamos comprar.
Mas, por sua vez, Tu és o Deus que nos fala com amor,
que nos respeita e cuida com paixão,
que nos dá identidade e rosto,
que se mostra insubornável na sua gratuidade.
Tu és o Deus que crê em nós,
o Deus que espera em nós,
o Deus que ama em nós,
acima dos nossos gestos, atos e palavras.

 F.Ulibarri


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