“Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede de beber,
serias tu a pedir-lhe, e Ele te daria da água da vida”. (Jo 4,10)
Abaixo, uma reflexão comovente do padre e
teólogo espanhol José Antônio Pagola. Foi publicada no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta, 21 de
março de 2014.
À vontade com
Deus
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo
João 4, 5-42 que corresponde ao Terceiro
Domingo de Quaresma, Ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A
cena é cativante. Cansado do caminho, Jesus senta-se junto ao manancial
de Jacó. Rapidamente chega uma mulher a recolher água. Pertence
a uma população meio pagã, desprezada pelos judeus. Com toda a espontaneidade,
Jesus inicia o diálogo. Não sabe olhar para ninguém com desprezo, mas sim com
grande ternura. “Mulher, dá-me de beber”.
A mulher fica surpreendida. Como se atreve a entrar em contato com uma samaritana?
Como se rebaixa a falar com uma mulher desconhecida? As palavras de Jesus
surpreendem-na ainda mais: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede
de beber, serias tu a pedir-lhe, e Ele te daria da água da vida”.
São
muitas as pessoas que, ao longo destes anos, foram se afastando de Deus, sem
dar-se conta do que realmente estava a ocorrer no seu interior. Hoje, Deus
é-lhes um “ser estranho”. Tudo o que está relacionado com Ele
lhes parece vazio e sem sentido: um mundo infantil, cada vez mais distante.
Entendo-os.
Sei o que podem sentir. Também eu me fui afastando pouco a pouco daquele “Deus da
minha infância” que despertava dentro de mim tantos medos, mal-estar e
desconforto. Provavelmente, sem Jesus nunca me teria encontrado
com um Deus que hoje é para mim um Mistério de bondade: uma
presença amistosa e acolhedora em que posso confiar sempre.
Nunca
me atraiu a tarefa de verificar a minha fé com provas científicas: creio que é
um erro considerar o mistério de Deus como se fosse um objeto de laboratório. Tampouco
os dogmas religiosos me ajudaram a encontrar-me com Deus.
Simplesmente deixei-me conduzir por uma confiança em Jesus que foi crescendo
com os anos.
Não
saberia dizer exatamente como se sustenta hoje a minha fé no meio de uma crise
religiosa que me sacode também a mim como a todos. Só diria que Jesus
trouxe-me a viver a fé em Deus de forma simples do fundo do meu ser.
Se
eu escuto, Deus não se cala. Se eu me abro, Ele não se fecha. Se eu me confio,
Ele me acolhe. Se eu me entrego, Ele me sustém. Se eu me afundo, Ele me
levanta.
Creio
que a experiência primeira e mais importante é encontrar-nos à vontade com
Deus, porque O percebemos como uma “presença salvadora”. Quando uma pessoa sabe
o que é viver à vontade com Deus, porque apesar da nossa mediocridade, nossos
erros e egoísmos, Ele nos acolhe tal como somos e nos impulsiona a enfrentar a
vida com paz, dificilmente abandonará a fé. Muitas pessoas estão hoje
abandonando Deus antes de tê-lo conhecido. Se conhecessem a experiência de Deus
que Jesus contagia, procurá-lo-iam.
Fonte:IHU - Notícias
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