"O Espírito Santo descerá sobre ti, e a
força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que
nascer de ti será chamado Filho de Deus.” (Lc 1, 35)
Abaixo, uma reflexão curta mas muito atual sobre o texto Lc 1, 26-38 (Anjo
anuncia a Maria de que ela foi escolhida para ser a mãe do Salvador). É de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de
ler!
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Quinta, 18 de dezembro
de 2014
Um anúncio surpreendente
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,
26-38 que corresponde ao 4º Domingo de Advento, ciclo B do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Lucas narra o anúncio do
nascimento de Jesus em estreito paralelismo com o de João Batista. O contraste
entre ambos os episódios é tão surpreendente que nos permite entrever com luzes
novas o Mistério de Deus encarnado em Jesus.
O anúncio do nascimento
de João Batista ocorre em “Jerusalém”, a grandiosa capital de Israel, centro
político e religioso do povo judeu.
O nascimento de
Jesus anuncia-se numa terra desconhecida das montanhas da Galileia.
Uma aldeia sem relevo algum, chamada “Nazaré”, donde ninguém espera que possa
sair nada bom. Anos mais tarde, estas povoações humildes acolherão a mensagem
de Jesus anunciando a bondade de Deus. Jerusalém, pelo contrário, rejeitá-Lo-á.
Quase sempre, são os pequenos e insignificantes os que melhor entendem e
acolhem a Deus encarnado em Jesus.
O anúncio do nascimento
de João Batista tem lugar no espaço sagrado do “templo”. O de Jesus, numa casa
pobre de uma “aldeia”. Jesus faz-se presente aí onde as pessoas vivem,
trabalham, se alegram e sofrem. Vive entre eles aliviando o sofrimento e oferecendo
o perdão do Pai. Deus fez-se carne, não para permanecer nos templos, mas para
“colocar a Sua morada entre os homens” e compartir a nossa vida.
O anúncio do nascimento
de João Batista é escutado por um homem venerável, o sacerdote Zacarias, durante
uma solene celebração ritual. O de Jesus, é feito a Maria, uma “jovem” de uns
doze anos. Não se indica donde está nem o que está a fazer. A quem pode
interessar o trabalho de uma mulher? No entanto, Jesus, o Filho de Deus
encarnado, verá as mulheres de forma diferente, defenderá a sua dignidade e as
acolherá entre os Seus discípulos.
Por último, de João
Baptista anuncia-se que nascerá de Zacarias e Isabel, um casal estéril,
abençoado por Deus. De Jesus diz-se algo absolutamente novo. O Messias nascerá
de Maria, uma jovem virgem. O Espírito de Deus estará na origem da Sua aparição
no mundo. Por isso, “será chamado Filho de Deus”. O Salvador do mundo não nasce
como fruto do amor de esposos que se querem mutuamente. Nasce como fruto do
Amor de Deus por toda a humanidade. Jesus
não é uma prenda que nos faz Maria e José. É uma prenda que nos faz Deus.
Fonte:
IHU – Notícias
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