Hoje,
praticamente na véspera de Natal, trago para o blog Indagações-Zapytania uma mensagem
curta, porém, importante e significativa para muitos brasileiros, sobretudo para
muitos indígenas, para os pequenos ribeirinhos, lavradores e agricultores das comunidades
rurais no Norte do Brasil, para os quais hoje “não há lugar” neste seu país, nesta sua
terra...
A mensagem é de pe. Dário Bossi, membro da rede Justiça nos
Trilhos e da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Foi publicada no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de
ler!
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IHU - notícias
Segunda, 21
de dezembro de 2015
Quem sofre fica acordado, defendendo o coração
"Nessa
noite de Natal, então, lutemos pela inclusão, por um tempo de graça em que
se globalize a fraternidade e seja definitivamente abolida a
indiferença! Façamo-lo com compaixão, sem descontos nem poupanças. Se não
medirmos nossa misericórdia, seremos surpreendidos pelos frutos do
Jubileu!".
Essa é a
mensagem de Natal de Dário Bossi, padre comboniano, membro da rede Justiça nos Trilhos e da Rede
Brasileira de Justiça Ambiental.
Eis o
artigo.
Katia é uma mulher indígena do grupo Akrãtikategê. Foi
expulsa de sua terra: a aldeia devia deixar espaço à barragem de Tucuruí-PA, que inundou a inteira região. Foram removidos a mais de 200 Km de
distância, na terra indígena Mãe Maria.
Também a Mãe
Maria está sendo violada pelos grandes projetos: a duplicação da Estrada de Ferro Carajás, dois linhões da Eletronorte, um linhão de fibra ótica da Vivo,
além da BR 222 que a atravessa.
Replica-se,
em chave moderna, o evangelho de Natal: “Não havia lugar para eles” (Lc 2,7).
Raimundo dos Santos é um sindicalista, agricultor, conselheiro da Reserva
Florestal de Gurupi (MA), ambientalista e defensor dos direitos das
comunidades rurais. Há tempo denunciava o saque de madeira da reserva, último
resquício da Amazônia maranhense. Foi friamente executado,
ao lado de sua esposa que sobreviveu às feridas, em agosto desse ano. Também
nesse caso não havia lugar para ele, nem ouvidos para sua voz.
Duas
pequenas histórias desse microcosmo do norte do Brasil, espelho local do
contexto mundial, em que parece consolidar-se a espiral de guerra, exclusão e
terrorismo. Faz escuro, na noite dos sem-lugar.
Ressoa porém
em nosso coração o poema de Thiago de Mello: “Faz escuro, mas eu
canto”. Nossa fé mede-se pela capacidade de oferecer razões de esperança. Nas
palavras do poeta, “quem sofre fica acordado, defendendo o coração”.
Nessa noite
do mundo, permanecemos acordados pelo sonho de Papa Francisco, que
nos convoca a abrir uma nova história, marcada pelo Jubileu da Misericórdia.
Jubileu é ano de graça (Lv 25). É o ano em que os escravos são libertados,
as dívidas perdoadas, o descanso devolvido à terra para que recomece seu ciclo
natural. É o ano da fartura e da bênção.
Misericórdia é amor visceral. Não é um valor ético ou um princípio moral: é a força descontrolada de quem ama sem medida e não tolera limites. É um amor que não se intimida se, fora de si, há escuridão.
Nessa noite
de Natal, então, lutemos pela inclusão, por um tempo de graça em
que se globalize a fraternidade e seja definitivamente abolida
a indiferença! Façamo-lo com compaixão, sem descontos nem poupanças. Se não
medirmos nossa misericórdia, seremos surpreendidos pelos frutos do Jubileu!
Essas duas
palavras sejam para nós a estrela-guia. Caminhemos cantando: que as nossas
lutas e nossa preocupação por esse planeta não nos tirem a alegria da
esperança!
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