Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 30 de junho de 2017

A família não é intocável. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



"Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.” (Mt 10, 37-38)
  
Abaixo, uma pequena, porém muito expressíva reflexão, concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 10, 37-42 (As exigências para quem quer seguir Jesus).  É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg




IHU – ADITAL
30 junho 2017.

A família não  é intocável

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus capítulo 10, 37-42 que corresponde ao 13º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Com frequência, nós crentes temos defendido a “família” no abstrato, sem pararmos para refletir sobre o conteúdo concreto de um projeto familiar entendido e vivido desde o Evangelho. E, no entanto, não basta defender o valor da família sem mais, porque a família pode traduzir-se de formas muito diferentes na realidade.

Há famílias abertas ao serviço da sociedade e famílias debruçadas sobre os seus próprios interesses. Famílias que educam no egoísmo e famílias que ensinam solidariedade. Famílias libertadoras e famílias opressoras.

Jesus defendeu com firmeza a instituição familiar e a estabilidade do matrimônio. E criticou duramente os filhos que se desentendem com os seus pais. Mas a família não é para Jesus algo absoluto e intocável. Não é um ídolo. Há algo que está acima e é anterior: o reino de Deus e a Sua justiça.

O decisivo não é a família de carne, mas essa grande família que temos de construir entre todos os Seus filhos e filhas, colaborando com Jesus em abrir caminhos ao reino do Pai. Por isso, se a família se converte em obstáculo para seguir Jesus neste projeto, Jesus exigirá a ruptura e o abandono dessa relação familiar: “O que ama o seu pai ou a sua mãe mais do que a mim não é digno de mim. O que ama o seu filho ou a sua filha mais do que a mim não é digno de mim”.

Quando a família impede a solidariedade e a fraternidade com os outros e não deixa os seus membros trabalharem pela justiça querida por Deus entre os homens, Jesus exige uma liberdade crítica, mesmo que isso traga consigo conflitos e tensões familiares.

São as nossas casas uma escola de valores evangélicos como a fraternidade, a procura responsável de uma sociedade mais justa, a austeridade, o serviço, a oração, o perdão? Ou são precisamente lugar de “des-evangelização” e correia de transmissão dos egoísmos, injustiças, convencionalismos, alienações e superficialidades da nossa sociedade?

Que dizer da família onde se orienta o filho para um status egoísta, uma vida instalada e segura, um ideal do máximo lucro, esquecendo tudo mais? Se está educando o filho quando o estimulamos apenas para a competição e a rivalidade, e não para o serviço e a solidariedade?

É esta a família que tem de defender os católicos? É esta a família onde as novas gerações podem escutar o Evangelho? Ou é esta a família que também hoje temos de “abandonar”, de alguma forma, para sermos fiéis ao projeto de vida querido por Jesus?




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