"Assim como o Pai que me enviou vive, e eu
vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por
mim." (Jo 6, 57)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola, é
muito atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Jo 6,51-58 (discurso eucarístico). Foi publicado no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e
refletir!
WCejnóg
IHU - Adital
15 de junho de 2017.
Estagnados
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Mateus capítulo 9,36-10,8
(Jesus chama os doze discípulos e os envia para pregarem o Reino dos céus que
está a chegar) que corresponde ao 11° Domingo do ciclo A do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto do Evangelho segundo João capítulo 6, 51-58, que corresponde à Festa
do Corpo e Sangue de Cristo.
Eis o texto
O papa Francisco repete que os medos, as dúvidas, a
falta de audácia... podem impedir inteiramente o impulsionar da renovação
que necessita hoje a Igreja. Na sua Exortação ‘A alegria do
Evangelho’, chega a dizer que, se ficamos paralisados pelo medo, uma vez
mais podemos ficar simplesmente como “espectadores de uma estagnação infecunda
da Igreja”.
As suas palavras fazem pensar. Que podemos perceber
entre nós? Estamos nos mobilizando para reavivar a fé das nossas comunidades
cristãs ou continuamos instalados nessa “estagnação infecunda” de que fala
Francisco? Onde podemos encontrar forças para reagir?
Um dos grandes contributos do Concílio Vaticano II
foi o de impulsionar o passo da “missa”, entendida como uma obrigação
individual para cumprir um preceito sagrado, para a “eucaristia”
vivida como celebração gozosa de toda a comunidade para alimentar a sua
fé, crescer em fraternidade e reavivar a sua esperança em Jesus Cristo
ressuscitado.
Sem dúvida, ao longo destes anos temos dado passos
muito importantes. Ficam muito longe aquelas missas celebradas em latim em que
o sacerdote “dizia” a missa e o povo cristão vinha para “ouvir” a missa ou para
“assistir” à celebração. Mas, não estamos a celebrar a eucaristia de
forma rotineira e aborrecida?
Há um fato inegável. As pessoas estão afastando-se
de forma imparável da prática dominical, porque elas não encontram nas nossas
celebrações o clima, a palavra clara, o rito expressivo, a acolhida
estimulante de que necessitam para alimentar a sua fé débil e
vacilante.
Sem dúvida, todos, presbíteros e leigos, temos que
perguntar-nos o que estamos fazendo para que a eucaristia seja como quer o
Concílio, “centro e culminar de toda a vida cristã”. Como permanece tão calada
e imóvel a hierarquia? Por que os crentes não manifestamos a nossa
preocupação e a nossa dor com mais força?
O problema é grave. Temos de seguir “estagnados”
num modo de celebração eucarística tão pouco atrativo para os homens e
mulheres de hoje? É esta liturgia que temos repetido desde séculos a
que melhor pode nos ajudar a atualizar aquela cena memorável de Jesus onde se
concentra de modo admirável o núcleo da nossa fé?
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