Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Os nossos medos. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!



"Portanto, não tenham medo deles. Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido. O que eu digo a vocês na escuridão, falem à luz do dia; o que é sussurrado em seus ouvidos, proclamem dos telhados.
Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.”  (Mt 10, 26-28)

Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 10, 26-33 (Sermão missionário de Jesus).  É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg

IHU – Adital
23 junho 2017.

Os nossos medos 

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus capitulo 10,26-33 que corresponde ao 12º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Quando o nosso coração não está habitado por um amor forte ou uma fé firme, facilmente a nossa vida fica à mercê dos nossos medos. Às vezes é o medo de perder prestígio, segurança, conforto ou bem-estar o que nos trava de tomar as decisões. Não nos atrevemos a arriscar a nossa posição social, o nosso dinheiro ou a nossa pequena felicidade.

Outras vezes paralisa-nos o medo de não sermos acolhidos. Atemoriza-nos a possibilidade de ficarmos sós, sem a amizade ou o amor das pessoas. Ter de enfrentarmos a vida diária sem a companhia próxima de ninguém.

Com frequência vivemos preocupados apenas em ficar bem. Nos dá medo fazer o ridículo, confessar as nossas verdadeiras convicções, dar testemunho da nossa fé. Tememos as críticas, os comentários e a rejeição dos outros. Não queremos ser classificados. Outras vezes invade-nos o temor do futuro. Não vemos claro o nosso caminho. Não temos segurança em nada. Talvez não confiemos em ninguém. Nos dá medo enfrentar o amanhã.

Sempre foi tentador para os crentes procurar na religião um refúgio seguro que nos liberte dos nossos medos, incertezas e temores. Mas seria um erro ver na fé o refúgio fácil dos pusilânimes, dos covardes e ariscos.

A fé confiada em Deus, quando é bem entendida, não conduz o crente a eludir a sua própria responsabilidade ante os problemas. Não o leva a fugir dos conflitos para encerrar-se comodamente no isolamento. Pelo contrário, é a fé em Deus a que enche o seu coração de força para viver com mais generosidade e de forma mais arriscada. É a confiança viva no Pai que ajuda a superar covardias e medos para defender com mais audácia e liberdade o reino de Deus e a sua justiça.

A fé não cria homens covardes, mas pessoas resolutas e audazes. Não fecha os crentes em si mesmos, mas abre-os mais à vida problemática e conflitiva de cada dia. Não os envolve na preguiça e na comodidade, mas anima-os para o compromisso.

Quando um crente escuta verdadeiramente no seu coração as palavras de Jesus: “Não tenham medo”, não se sente convidado a fugir de seus compromissos, mas alentado pela força de Deus a enfrentá-los.





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