“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para
que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (Jo
3,17)
Abaixo, uma reflexão bonita, profunda e bem atual
sobre o texto Jo 3,16-18 (Jesus é o enviado pelo Pai), do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e meditar!
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IHU
– Adital
09 junho 2017
A intimidade de Deus
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo João capítulo 3,16-18 que corresponde a Festa da Santíssima Trindade, ciclo A do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Se por um impossível a Igreja dissesse um dia que
Deus não é Trindade, mudaria em algo a existência de muitos crentes? Provavelmente
não. Por isso fica-se surpreendido ante esta confissão do P. Varillon:
«Penso que, se Deus não fosse Trindade, eu seria provavelmente ateu [...]
Em qualquer caso, se Deus não é Trindade,eu não compreendo já absolutamente nada».
A imensa maioria dos cristãos não sabe que ao
adorar a Deus como Trindade estamos confessando que Deus, na Sua intimidade
mais profunda, é só amor,
acolhimento, ternura. Esta é
talvez a conversão que mais necessitam não poucos cristãos: o passo
progressivo de um Deus considerado como Poder a um Deus adorado com grande alegria como Amor.
Deus não é um ser «onipotente e eterno» qualquer. Um ser poderoso pode ser um déspota, um tirano destruidor, um
ditador arbitrário: uma ameaça para a nossa pequena e débil liberdade. Poderíamos
confiar num Deus de quem só soubéssemos que é onipotente? É muito difícil
abandonar-se a alguém infinitamente poderoso. Parece mais fácil desconfiar, ser cauto e salvaguardar a nossa
independência.
Mas Deus é Trindade, é um mistério de Amor. E a Sua
onipotência é a onipotência de quem só é amor, ternura insondável e infinita. É
o amor de Deus que é onipotente. Deus não pode tudo. Deus não pode
senão o que pode o amor infinito. E sempre que o esquecemos e
saímos da esfera do amor fabricamos um Deus falso, uma espécie de
ídolo estranho que não existe.
Quando não descobrimos ainda que Deus é só Amor,
facilmente nos relacionamos com Ele a partir de interesse próprio ou do
medo. Um interesse que nos move a utilizar a Sua onipotência para nosso
proveito. Ou um medo que nos leva a procurar toda a classe de meios para
nos defendermos do Seu poder ameaçador. Mas esta religião feita de interesse e de medos está mais próxima da magia que
da verdadeira fé cristã.
Só quando se intui a partir da fé que Deus é só
Amor e se descobre fascinado que não pode ser outra coisa senão Amor
presente e palpitante no mais fundo da nossa vida, começa a crescer livre no
nosso coração a confiança num Deus Trindade de que o
único que sabemos por Jesus é que não pode senão amar-nos.
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