Gostei
muito da reflexão que o Papa Francisco fez durante uma missa. Isso foi a meio
ano atrás (em fevereiro de 2017), mas
continua muito atual e por este motivo trago esse texto também para o blog
Indagações-Zapytania. Acho que palavras
como essas mostram muito bem a autenticidade e sinceridade deste papa.
O
texto foi publicado por Vatican Insider e, posteriormente, também no site do
Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler!
WCejnóg
IHU
- ADITAL
22
fev 2017.
A
“santa vergonha” contra a vaidade, inclusive na Igreja. O recado do Papa
O
convite de Jesus não deixa espaço para dúvidas: sempre
é necessário se colocar a serviço do próximo. Não “escalar” para buscar
colocações de prestígio ou de poder. Por isso, é necessário buscar essa “santa
vergonha” frente à tentação da ambição e da vaidade que afeta a todos nós, incluídas as
comunidades eclesiais. Foi o que afirmou o Papa Francisco na missa no dia 21 de fevereiro de
2017, na capela da Casa Santa Marta.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada
por Vatican Insider, 21-02-2017. A
tradução é do Cepat.
Reportagem
Como apontou a Rádio Vaticana, o Pontífice começou sua reflexão recordando que
“todos seremos tentados”. Na Primeira Leitura de hoje se recorda que quem quer
servir ao Senhor, deve se preparar para
enfrentar a tentação. E, com efeito, o Evangelho narra que Jesus anuncia a seus discípulos sua própria
morte, embora eles não o compreendem e têm medo de interrogá-lo.
Esta é “a tentação de não cumprir a missão”, disse o Papa.
E acrescentou que também Jesus foi tentado: primeiro, três vezes pelo
diabo no deserto e depois por Pedro, diante do anúncio de sua
morte.
Contudo,
há outra tentação sobre a qual fala o Evangelho do dia: os discípulos vão discutindo
pelo caminho acerca de quem deles é o maior e se calam quando Jesus lhes pergunta do que estavam falando.
Calam-se porque se envergonham dessa discussão. “Mas, eram pessoas boas, que
queriam seguir o Senhor, servir o Senhor.
No entanto, não sabiam que o caminho do serviço ao Senhor não era tão fácil, não era como se
enrolar em uma instituição, uma associação de beneficência, para fazer o bem.
Não,
é outra coisa. Tinham medo por isto. E, depois, a tentação da mundanidade.
Desde quando a Igreja é Igreja até hoje, isto aconteceu, acontece e
acontecerá. Contudo, pensemos nas lutas nas paróquias: ‘Eu quero ser presidente
desta associação, ascender um pouco’. ‘Quem é o maior, aqui? Quem é o maior
nesta paróquia? Não, eu sou mais importante que aquele, e aquele outro não
porque fez aquela coisa...’, e aí, a cadeia dos pecados”.
Além disso, Francisco ofereceu outros exemplos concretos para fazer
compreender esta tentação: “Algumas vezes nós, sacerdotes, dizemos com
vergonha, nos presbitérios: ‘Eu queria aquela paróquia...’ – ‘Mas, o Senhor está aqui...’ – ‘mas eu queria
aquela...’. O mesmo: Não é o caminho do Senhor, mas, ao contrário, esse
caminho da vaidade, da mundanidade. Também entre nós, bispos, acontece o mesmo:
a mundanidade vem como tentação. Muitas vezes [se diz]: ‘Eu estou nesta diocese,
mas olho para aquela que é mais importante e me movimento para consegui-la...
Sim, uso esta influência, esta outra, aquela outra, ou esta influência, faço
pressão, pressiono sobre este ponto para chegar lá...’ – ‘Mas, o Senhor está lá!’”.
O
desejo de ser mais importante nos impulsiona para o caminho da mundanidade. De
modo que o Papa exortou a sempre pedir ao Senhor “ a graça de nos envergonhar, quando
nos encontramos em tais situações”.
Com
efeito, Jesus inverte aquela lógica. E sentado junto
a eles, recorda-lhes que “se alguém quer ser o primeiro, deve ser o último e o
servidor de todos”. E pega uma criança e a coloca no meio deles. O Papa pediu que se reze pela Igreja,
“por todos nós” – disse –, para que o Senhor nos defenda “das ambições, da mundanidade,
de crermos que somos mais que os outros”.
“Que
o Senhor nos
dê a graça da vergonha - pediu o Papa -, essa santa vergonha, quando nos
encontramos naquela situação, sob aquela tentação, sentirmos vergonha: ‘Mas, eu
sou capaz de pensar assim? Quando vejo meu Senhor na cruz, e eu quero usar o Senhor para
ascender?’. E que nos dê a graça da simplicidade de uma criança: compreender
que só vale o caminho do serviço... E, talvez, imagino uma última pergunta: ‘Senhor, te servi a vida toda.
Fui o último a vida toda. E agora, o quê?’. Que coisa o Senhor nos diz? ‘Diga’ de você mesmo: ‘Sou um servo inútil’”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário