“Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis
que eu sou?”". (Mt 16, 15)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito concreto e atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mt 16, 13-20 (Jesus pergunta a
seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”). O texto já foi publicado neste espaço em agosto de 2014, mas continua muito oportuno para os dias de hoje.
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir.
WCejnóg
IHU
- ADITAL
25 agosto 2017
O que nós dizemos
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20, que corresponde ao 21° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
Também hoje dirige Jesus a nós
cristãos a mesma pergunta que fez um dia aos Seus discípulos: «E vós,
quem dizeis que Eu sou?». Não nos pergunta só para que nos pronunciemos sobre a Sua identidade misteriosa, mas também para que revisemos a nossa
relação com Ele. Que podemos responder-lhe desde as nossas comunidades?
Esforçamo-nos por conhecer cada vez
melhor Jesus ou temo-Lo «encerrado nos nossos velhos esquemas entediantes» de
sempre? Somos comunidades vivas,
interessadas em colocar Jesus no centro da nossa vida e das nossas atividades
ou vivemos estancados na rotina e na mediocridade?
Amamos Jesus com paixão ou
converteu-se para nós num personagem gasto a quem continuamos a invocar
enquanto no nosso coração vai crescendo a indiferença e o esquecimento? Quem
se aproxima das nossas comunidades pode sentir a força e o atrativo que têm
para nós?
Sentimo-nos discípulos de Jesus? Estamos aprendendo a viver com o Seu estilo
de vida no meio da sociedade atual ou deixamo-nos arrastar por qualquer reclame
mais apetecível para os nossos interesses? Será que nos é igual viver de
qualquer forma ou temos feito da nossa comunidade uma escola para aprender a
viver como Jesus?
Estamos aprendendo a olhar a vida
como ele a olhava? Olhamos, a partir das nossas
comunidades, os necessitados e excluídos com compaixão e responsabilidade ou
encerramo-nos nas nossas celebrações, indiferentes ao sofrimento dos mais
desvalidos e esquecidos: os que foram sempre os prediletos de Jesus?
Seguimos Jesus colaborando com Ele no
projeto humanizador do Pai ou continuamos a pensar que o mais importante do
cristianismo é preocupar-nos com a nossa salvação? Estamos convencidos de
que a melhor forma de seguir Jesus é viver cada dia fazendo a vida mais humana
e mais ditosa para todos?
Vivemos o domingo Cristão celebrando
a ressurreição de Cristo? Acreditamos em Jesus ressuscitado, que caminha conosco
cheio de vida? Vivemos acolhendo nas nossas comunidades a paz que nos
deixa como herança aos Seus seguidores? Acreditamos que Jesus nos ama com
um amor que nunca acabará? Acreditamos na Sua força ressuscitadora? Sabemos ser
testemunhas do mistério da esperança que levamos dentro de nós?
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