Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Jesus é de todos. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!


“E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me!
Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.”  (Mt 15,21-28)



Abaixo, uma reflexão muito concreta e atual que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 15,21-28 (Jesus e a mulher cananéia). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg

IHU – ADITAL
18 agosto 2017.

Jesus é de todos

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 15,21-28, que corresponde ao 20° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Nrasil celebra-se a Solenidade da Assunção de Maria, Nossa Senhora.


Eis o texto

Uma mulher pagã toma a iniciativa de se aproximar de Jesus, apesar de não pertencer ao povo judeu. É uma mãe angustiada que vive a sofrer com uma filha “maltratada por um demônio”. Sai ao encontro de Jesus, dando gritos: “Tem compaixão de mim, Senhor, Filho de David”.

A primeira reação de Jesus é inesperada. Nem sequer se detém para escutá-la. Todavia não chegou a hora de levar a Boa Nova de Deus aos pagãos. Como a mulher insiste, Jesus justifica a sua atuação: “Deus enviou-Me apenas para as ovelhas perdidas do povo de Israel”.

A mulher não recua. Superará todas as dificuldades e resistências. Num gesto audaz prostra-se ante Jesus, detém a Sua marcha e, de joelhos, com um coração humilde, mas firme, dirige-lhe um só grito: “Senhor, socorre-me”.

A resposta de Jesus é insólita. Apesar de nessa época os judeus chamarem com toda a naturalidade “cães” aos pagãos, as suas palavras resultam ofensivas aos nossos ouvidos: “Não está bem deitar aos cachorros o pão dos filhos”. Retomando a Sua imagem de forma inteligente, a mulher atreve-se, a partir do chão, a corrigir Jesus: “Isso é certo, Senhor, mas também os cachorros comem as migalhas que caem da mesa dos amos”.

A sua fé é admirável. Seguramente que na mesa do Pai todos se podem alimentar: os filhos de Israel e também os “cães” pagãos. Jesus parece pensar apenas nas “ovelhas perdidas” de Israel, mas também ela é uma “ovelha perdida”. O Enviado de Deus não pode ser só dos judeus. Deve ser de todos e para todos.

Jesus rende-se ante a fé da mulher. A sua resposta revela-nos a sua humildade e a sua grandeza: “Mulher, que grande é a tua fé!”. “Que se cumpra como desejas”. Esta mulher mostra a Jesus que a misericórdia de Deus não exclui ninguém. O Pai bom está por cima das barreiras étnicas e religiosas que traçam os humanos.

Jesus reconhece a mulher como crente, apesar de viver uma religião pagã. Inclusive encontra nela uma “fé grande”, não a fé pequena dos Seus discípulos, a quem recrimina mais de uma vez como “homens de pouca fé”. Qualquer ser humano pode recorrer a Jesus com confiança. Ele sabe reconhecer a sua fé, apesar de viver fora da Igreja. Todos poderão encontrar Nele um Amigo e um Mestre de vida.

Os cristãos, temos de nos alegrar de que Jesus continue a atrair hoje tantas pessoas que vivem fora da Igreja. Jesus é maior que todas as nossas instituições. Ele continua a fazer muito o bem, inclusive àqueles que se têm afastado das nossas comunidades cristãs.


Nenhum comentário:

Postar um comentário