“E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é
estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para
Moisés, e um para Elias.” (Mt 17,9)
Hoje, uma
belíssima reflexão muito atual e importante. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mt 17, 1-9 (Jesus se
transfigura diante dos discípulos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir!
WCejnóg
IHU - ADITAL
04 agosto 2017
O risco de instalar-se.
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 17,1-9 que corresponde a Festa
da Transfiguração, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
Cedo ou tarde, todos corremos
o risco de nos instalarmos na vida, procurando o refúgio cômodo que nos
permita viver tranquilos, sem sobressaltos nem preocupações excessivas,
renunciando a qualquer outra aspiração.
Conseguido já certo êxito
profissional, encaminhada a família e assegurado, de alguma forma, o futuro, é
fácil deixar-se apanhar por um conformismo cômodo que nos
permita continuar a caminhar pela vida da forma mais confortável.
É o momento de procurar uma atmosfera
agradável e acolhedora. Viver descontraído num ambiente feliz. Fazer do
lar um refúgio cativante, um canto para ler e escutar boa música. Saborear umas
boas férias. Assegurar uns fins de semana agradáveis...
Mas, com frequência, é então quando a
pessoa descobre, com mais clareza que nunca, que a felicidade não coincide com
o bem-estar. Falta nessa vida algo que nos deixa vazios e insatisfeitos.
Algo que não se pode comprar com dinheiro nem assegurar com uma vida
confortável. Falta simplesmente a alegria própria de quem sabe vibrar com os
problemas e necessidades dos demais, sentir-se solidário com os necessitados e
viver, de alguma forma, mais próximo dos maltratados pela sociedade.
Mas há, além disso, um modo de «se
instalar» que pode ser falsamente reforçado com «tons cristãos». É a eterna
tentação de Pedro, que nos espreita sempre os crentes: «colocar tendas no
alto da montanha». Quer dizer, procurar na religião o nosso
bem-estar interior, iludindo a nossa responsabilidade individual e coletiva
em conseguir uma convivência mais humana.
E, no entanto, a mensagem de Jesus é
clara. Uma experiência religiosa não é verdadeiramente cristã se nos
isola dos irmãos, nos instala comodamente na vida e nos afasta do serviço aos
mais necessitados.
Se escutarmos Jesus, nos sentiremos
convidados a sair do nosso conformismo, romper com um estilo de vida egoísta em
que estamos talvez confortavelmente instalados e começar a viver mais
atentos à interpelação que nos chega dos mais desprotegidos da nossa sociedade.
Fonte: IHU –Comentário do Evangelho
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