Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 19 de agosto de 2017

Revestidos de solicitude. – Comentário de monge italiano Salvatore. Excelente!


Acho muito bom o comentário Revestidos de solicitude, do monge italiano Salvatore. Por este motivo trago-o também para o blog Indagações-Zaytania. O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg



IHU – ADITAL
18 agosto 2017.

Revestidos de solicitude

Publicamos aqui o comentário do monge italiano  Salvatore, da Comunidade de Bose, sobre o Evangelho deste domingo, 20 de agosto, solenidade da Assunção de Nossa Senhora (Lc 1, 39-56).  
A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto

“Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam.” Nessa passagem no coração do Magnificat, está condensada a identidade do Deus bíblico e a promessa de eternidade descerrada a toda pessoa que crê.

Há algo que ultrapassa as fronteiras da vida, das nossas existências mortais? O que deixaremos de nós aos outros? Quer desempenhemos um serviço em uma comunidade ou em algum outro âmbito, quer na tarefa de pais, às vezes somos perpassados pelo pensamento: e depois de nós, o que será?

As Escrituras atestam que o amor é para sempre, é semente que dá fruto se encontrar um coração disposto a acolhê-lo e a deixá-lo frutificar: um coração não curvado sobre si mesmo, mas disponível a dar espaço à presença do outro, ao dom que o Senhor nos oferece, chegando inesperadamente a sacudir os nossos planos. Como aconteceu com Maria, que acolheu, não sem tremor, a palavra do Senhor e a sua promessa de vida: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus” (Lc 1, 31).

Maria exulta pelas maravilhas que o Senhor fez na sua existência; ela discerne aí a bênção de Deus, que continua agindo no mundo, fazendo “coisas grandes” através de nós e “apesar” de nós, apesar dos nossos limites e das nossas fraquezas.

Sim, “o amor do Senhor está sobre os que creem desde sempre e para sempre” (Sl 103, 17), e “cobre aqueles que o temem”. O temor não deve ser confundido com o medo: na concepção bíblica, ele é o fundamento da fé, o princípio da sabedoria. “Uma forma de compreensão, um modo de estar em relação com o mistério de toda a realidade” (A. J. Heschel), que nos leva a perceber nas pequenas coisas o sentido da eternidade, a reconhecer que estamos sob o olhar de Deus (“ele viu a pequenez de sua serva”), revestidos com a sua solicitude por nós e por toda criatura.

A atitude do temor leva a captar a vida no seu voltar-se para horizontes vastos, que se estendem para além do breve lapso de tempo de uma existência individual (“de geração em geração”). Maria é capaz desse olhar “grande” e alarga o motivo do louvor contemplando toda a história de Israel, porque a salvação se manifesta no caminho de uma comunidade.

A salvação prometida pelo Senhor se revela subversiva, porque subverte as lógicas humanas: os ricos são mandados embora de mãos vazias; os famintos, saciados de bens; os poderosos, derrubados dos tronos; os humildes, exaltados; os soberbos são dispersos nos pensamentos dos seus corações:

“Deus está perto da baixeza, ama o que está perdido
o que não é considerado, o insignificante
o que é marginalizado, fraco e quebrado.
Onde os homens dizem ‘perdido’, lá ele diz ‘salvo’,
onde os homens dizem ‘não’, lá ele diz ‘sim’.” 

A festa de hoje do “bem-aventurado trânsito” de Maria atesta que a palavra semeada, que gera para a vida eterna, trouxe nela o seu fruto: Deus tornou a Mãe do Senhor partícipe da ressurreição da carne, elevando-a com o seu corpo e a sua alma à glória do céu.
Somos convidados a ler esta festa à luz da ressurreição, na fé de que a nossa humanidade já está em Deus, através de Cristo ressuscitado, que atrai todos a si.




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