Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 12 de agosto de 2017

No meio da crise. - Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


“Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: É um fantasma! E gritaram de medo.
Mas Jesus imediatamente lhes disse: Coragem! Sou eu. Não tenham medo!”.  (Mt 14,26-27)

Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 14, 22-33  (Jesus acalma a tempestade). Já foi publicada anteriormente neste espaço (em agosto de 2014), mas continua muito atual.  O texto foi escrito pelo padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
 WCejnóg



IHU - ADITAL 
11 Agosto 2017.

No meio da crise

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 14,22-33 que corresponde ao 19° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Não é difícil ver na barca dos discípulos de Jesus, sacudida pelas ondas e a transbordar pelo forte vento contra, a figura da Igreja atual, ameaçada desde fora por todo o tipo de forças adversas e tentada desde dentro pelo medo e a mediocridade. Como lermos este relato evangélico desde uma crise em que a Igreja parece hoje naufragar?

Segundo o evangelista, “Jesus aproxima-se da barca caminhando sobre as águas”. Os discípulos não são capazes de reconhecê-lo no meio da tormenta e da obscuridade da noite. Parece-lhes um “fantasma”. O medo aterroriza-os. O único que é real para eles é aquela forte tempestade.

Este é o nosso primeiro problema. Estamos a viver a crise da Igreja contagiando uns aos outros desalento, medo e falta de fé. Não somos capazes de ver que Jesus se está a aproximar precisamente desde o interior desta forte crise. Sentimo-nos mais sós e indefensos que nunca.

Jesus diz-lhes as três palavras que necessitam escutar: “Ânimo! Sou Eu. Não temais”. Só Jesus lhes pode falar assim. Mas os seus ouvidos só ouvem o estrondo das ondas e a força do vento. Este é também o nosso erro. Se não escutamos o convite de Jesus a colocar Nele a nossa confiança incondicional, a quem acudiremos?

Pedro sente um impulso interior e sustentado pela chamada de Jesus, salta da barca e “dirige-se para Jesus andando sobre as águas”. Assim temos de aprender hoje a caminhar até Jesus no meio da crise: apoiando-nos não no poder, no prestígio e nas seguranças do passadomas no desejo de nos encontrarmos com Jesus no meio da obscuridade e das incertezas destes tempos.

Não é fácil. Também nós podemos vacilar e afundar-nos, como Pedro. Mas, o mesmo que ele, podemos experimentar que Jesus estende a sua mão e nos salva enquanto nos diz: “Homens de pouca fé, por que duvidais?”.

Por que duvidamos tanto? Por que não estamos a aprender nada novo da crise? Por que seguimos procurando falsas seguranças para “sobreviver” dentro das nossas comunidades, sem aprender a caminhar com fé renovada até Jesus no interior mesmo da sociedade secularizada dos nossos dias?

Esta crise não é o fim da fé cristã. É a purificação que necessitamos para libertar-nos de interesses mundanos, triunfalismos enganosos e deformações que nos foram afastando de Jesus ao longo dos séculos. Ele está a atuar nesta crise. Ele está a conduzir-nos para uma Igreja mais evangélica. Reavivemos a nossa confiança em Jesus. Não tenhamos medo.




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