Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Missa como Sacrifício – o Mistério da fé!


Continuamos o tema sobre a Missa.  O  texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, traz mais reflexões.  A leitura é fácil e agradável. Não deixe de ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema,  é aconselhável  ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].

 

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Missa como sacrifício

A história da religião ensina que o ser humano sempre expressava a sua relação com Deus, sobretudo, através das oferendas. Entregar algo da sua propriedade significava que a sua existência e tudo o que  possuía devia a Deus. No ritual do sacrifício, onde o homem oferece algo, por exemplo através da queima no fogo, acontece a conscientização de que ele – homem – é finito e mortal. Deste jeito o oferecimento de sacrifício tornou-se sinal de entrega a Deus e de reconciliação com Ele. 

Quando os católicos chamam a Missa de “Sacrifício”, aí precisamos lembrar que, neste caso, isso tem outro significado. Em primeiro lugar, os  ritos litúrgicos cristãos não devem ser entendidos como atos puramente humanos, mas como a atuação de Deus. Não somos nós que fazemos sacrifício na Santa Missa, mas é o Cristo que intercede por nós. O sinal da entrega a Deus e a fonte de reconciliação com Ele não  é nosso sacrifício, mas  é o sacrifício de vida de Jesus Cristo. Desta maneira, Jesus terminou com as  formas anteriores de oferecer sacrifícios, que sempre eram insuficientes (compare Hb 9, 13. 28; 10, 12; 1 Jo 3,16).

A Missa, então, não é somente a repetição da Última Ceia, mas nela torna-se presente, de verdade, a morte de Jesus na cruz. São Paulo escreve: “Pois todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha.” (1Cor 11, 26)

O próprio Jesus estabeleceu a união entre a ceia e os acontecimentos na cruz dizendo: ... o meu corpo entregue por vós ... . O meu sangue derramado por todos. Não se pode, no entanto, entender o sacrifício de sua morte como se Deus fosse aplacado com o sacrifício de sangue. O ato de Jesus tem o duplo objetivo: Deus e o homem. Ele mesmo assemelhou-se ao homem e tomou sobre si todo o mal humano, todo pecado. Em seguida ele tinha que experimentar a derrota, porque o pecado sempre age destrutivamente. Porém, mantendo-se nisso tudo fiel a Deus, Cristo corrigiu o mal, venceu o pecado. Graças a isso ocorreu a unificação daquilo que estava separado – o homem e Deus (compare Rom 3,25; 8,3 Hbr 2,17). O ser humano quando se relaciona com Jesus – participa nesse ato e não será mais derrotado.

Uma participação verdadeira e autêntica dos ritos da Santa Missa consiste em nós nos juntarmos ao sacrifício de Cristo. Estamos aos pés da cruz e ali não podemos ficar passivos: precisamos assumir a postura do discípulo e estarmos prontos a viver a nossa vida para Deus e para os homens, nossos irmãos. É neste sentido o sacrifício de Cristo torna-se também a nossa oferenda.

Vemos aqui como os ritos litúrgicos cristãos estão ligados com a vida diária do ser humano. Onde essa ligação foi rompida, onde não se concretiza “o existir para o outro”, os ritos litúrgicos tornam-se infrutíferos. Neste caso, nós não agimos como discípulos e amigos de Cristo.

Missa – o Mistério da fé.

Aqui entra novamente em ação a nossa razão crítica: Será que realmente tudo isso tem que estar  oculto sob um simples símbolo da Santa Missa? Deus teria que estar tão perto do nós? Permitiria se tocar sob espécie de pão e de vinho? Será que ali nós podemos realmente encontrá-lo pessoalmente?

São João disso que os Judeus polemizavam sobre este tema. Quando Jesus falou desse mistério, murmuravam até os seus discípulos e muitos chegaram a abandoná-l’O. Ele, porém, exige deles uma decisão clara. Insistia que precisassem entender a sua palavra na sua  forma concreta (Jo 6,48–69).

Trata-se, aqui, então, não dos símbolos e nem de sinais devotos, mas da presença real de Deus entre os homens. Quem não experimenta o próprio Deus em Jesus, esse não compreende a Santa Missa. (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 272-274)²
Contiuna...
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¹   Ferdinand Krenzer  é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.

²  Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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