Como continuação das reflexões sobre os ritos e elementos litúrgicos católicos temos
agora algumas colocações para tentar responder às indagações e críticas de
muita gente, tanto católicos mas sobretudo não católicos, em relação a
necessidade ou não de tantos símbolos, sinais, ostentações de riqueza e pompa
nas celebrações litúrgicas católicas. Hoje em dia esta é uma questão
importante, porque às vezes torna-se, para algumas pessoas, motivo de afastamento da Igreja. Como ver isso?
O texto abaixo, de autoria de Ferdinand
Krenzer¹ fala sobre isso. A leitura é
fácil.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].
(7)
Para que tanta
pompa e barulho nas celebrações litúrgicas?
Algumas pessoas, dentre elas muitos cristãos não católicos,
questionam a Igreja Católica em relação aos seus ritos e celebrações.
Perguntam: Por que tanta coisa vistosa
nas celebrações litúrgicas: roupas
coloridas, flores, incenso; para
que tanto movimento: levantar, ajoelhar, fazer sinal de cruz...? Isso tudo
corresponde aos nossos tempos? Será que essa exuberância nas celebrações não
ameaça a verdadeira piedade? Não é a
vontade de Deus que se reze a Ele “no espírito e verdade”?
Realmente, o modo de vida dos católicos inclui o uso dos
sinais e, com isso, a sua participação das cerimônias litúrgicas se dá
envolvendo todos os sentidos. Não há dúvida que existe aqui o perigo de cair na
superficialidade se aquilo que é externo
não for acompanhado pela atuação espiritual; se o que é visível não expressar aquilo que é interior e íntimo. Tudo poderia ser, neste caso, apenas uma fachada, e, então,
melhor talvez seria acabar com ela.
Imaginemos, no entanto, uma celebração litúrgica “puramente
espiritual”: precisaríamos desistir não só das palavras, músicas, cantos e
sinais, mas também do próprio reunir-se dos fiéis num só lugar, porque isso
também já seria uma coisa “exterior”.
Chegamos ao ser
humano não somente pela razão, mas mais ainda através dos quadros e
sinais. Uma fotografia de uma criança
faminta mexe conosco muito mais do que um grande artigo de várias páginas no
jornal, falando da miséria nos países
pobres. A mesma coisa acontece em relação à postura religiosa. Tanto é que o
próprio Jesus Cristo levou em consideração essa inclinação humana e
estabeleceu sinais visíveis da fé, como
no caso do batismo e da comunhão. Desde o momento em que Deus se fez homem em
Jesus Cristo, não devemos mais temer de
incluir também o que é corporal e externo para adorar e louvar a Deus
com tudo que temos. E mais: hoje sabemos bem melhor que antes como estão ligados os elementos
espiritual com corporal.
Obviamente, a Igreja carrega também um volume grande de ritualidade religiosa histórica, devido, em
parte, ao pensamento oriental tão antigo
que hoje se tornou quase incompreensível
para nós. É justamente por isso existe a necessidade de uma reforma
litúrgica que vise uma verdadeira reconstrução e atualização da Liturgia.
(KRENZER, F. Taka jest
nasza wiara, Paris, Éditions Du
Dialogue, 1981, p. 278-279)²
Continua...
_______________________________________
¹
Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
²Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer
fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a
entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis
desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
******************
Nenhum comentário:
Postar um comentário