O propósito deste bloco de
reflexões é abordar o tema das celebrações e dos ritos católicos. Não
tenho dúvidas de que as informações e explicações que apresentarei
agora, em INDAGAÇÕES, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, serão muito úteis para
todas as pessoas interessadas neste assunto. Sobretudo, gostaria muito que esse
material pudesse chamar atenção dos adolescentes e jovens, ajudando-os a
crescer sem medo e com menos dúvidas na
sua fé cristã. Ou, talvez, poderia servir de ajuda para as aulas de Catequese.
O texto,
abaixo, convida o leitor para uma conversa leve e descontraída sobre o que pode
estar acontecendo com ele mesmo ou com a sua comunidade eclesial, no sentido de
participar ou não das celebrações da Igreja. Oferece explicações e
argumentações que podem ajudar muito a quem está procurando a entender o “Por
quê?” e “Para quê?” das celebrações, da Missa, da Comunidade... Excelente!
Não deixe
de ler.
WCejnog
[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].
(1)
Ritos litúrgicos católicos.
Ritos litúrgicos católicos.
(... ) Para que celebrações e ritos?
A Santa Missa constitui o centro
da liturgia católica. Nas últimas décadas foram
introduzidas algumas mudanças nos
ritos litúrgicos e por isso a Missa hoje é celebrada de modo diferente do que
antigamente; porém, foi preservado o seu
caráter essencial. O fato é que ao lado de latim como língua da Igreja inteira,
hoje, a liturgia é realizada nos idiomas
locais. E, ultimamente, procura-se ainda mais “as novas e atualizadas formas
para os ritos litúrgicos”, por exemplo, usando várias formas modernas de música
no lugar dos antigos cantos eclesiais. Tudo isso visa facilitar ao homem de
hoje a participação da Santa Missa.
As reflexões, porém, vão ainda
mais longe: as pessoas – sobretudo os jovens – cada vez mais frequentemente
perguntam se a oração realmente ainda tem sentido e se por causa da
participação das celebrações litúrgicas realmente possa mudar alguma coisa na
vida cotidiana. Para esses jovens parece ser mais importante, por exemplo, um
protesto contra a violência, uma luta para acabar com a fome no mundo ou o
empenho para garantir a paz, do que sermões e homilias piedosas. Eles não querem mais se sentir recolhidos atrás das barricadas, sem fazer
nada, atrás dos muros da igreja. Muitos deles, mesmo considerando-se plenamente
cristãos, abandonaram todas as formas de celebrações e ritos, sem substituí-los com outro conteúdo
equivalente: deixam esse espaço vazio. Será que esta é a crise das celebrações litúrgicas na
Igreja? Na verdade, é muito bom que isso esteja acontecendo. Provavelmente,
para um número realmente grande de cristãos esses ritos tornaram-se mais a
questão de rotina do que a expressão da sua viva fé. Para muitas pessoas os ritos
litúrgicos permanecem totalmente isolados da sua vida cotidiana.
É necessário refletir sobre
tudo isso. Antes, porém, falarei sobre as celebrações e ritos litúrgicos
católicos, para mostrar o seu
significado real.
Sozinho(a) consigo rezar melhor...
Todas as celebrações da
Igreja, que têm caráter ritual, chamamos de “liturgia” (do grego λειτουργία = serviço ou trabalho público). Trata-se aqui
da comunitária e oficial adoração a Deus, feita pelo seu povo. A liturgia,
portanto, não é somente a tarefa do sacerdote ou do ministro, para ele ser
acompanhado atentamente pelos fiéis ou apenas assistido passivamente, mas é uma
celebração de toda a Igreja. O ser humano sempre se direciona à comunidade
com todo o seu ser. Por exemplo, seria possível ter uma vida saudável e feliz
numa família, sem as refeições em comum, sem conversar, sem passeios e
outras coisas em comum? Tudo isso também
acontece com a Igreja: necessita ela ações
em comum, sobretudo louvar a Deus comunitariamente.
Um ato religioso, por
exemplo, num ambiente especial, no colo da natureza, sem dúvida é bom e bonito,
mas não pode substituir a oração comunitária. Cristo prometeu que
quando os fiéis se reúnem – aí estão particularmente perto dele (Mt 18, 20). Por isso o cristianismo sempre deixava
muito claro, que a dimensão comunitária
é muito importante. Na verdade, justamente em relação à esfera religiosa existe
o perigo que o homem queira andar somente em volta de si mesmo e procurar somente a própria salvação. Muitas pessoas ficam verdadeiramente
indignadas por causa desse “egoísmo em busca da salvação”. Porém, participando das cerimônias litúrgicas
comunitárias, o fiel fica conhecendo os
problemas da Igreja,
familiariza-se com as
necessidades urgentes da sua comunidade, percebe os desafios da sua
época. Passa, então, a enxergar não somente as próprias alegrias e preocupações, mas também as outras coisas.
Pode ser visto aqui também a
união entre os fiéis e a unidade da Igreja: o operário e o diretor-chefe, o
agricultor e morador da cidade, o pobre
e o rico, o negro e o branco – todos participam, rezam, louvam, tendo os mesmos
direitos e as mesmas necessidades. Desta maneira as celebrações litúrgicas tornam-se sinal da
nova sociedade, em que vive-se como irmão(ã) no meio dos irmãos e irmãs, sem olhar para classe e raça; sem visar o prestígio. Aqui
não é somente a questão de cada um fazer
apenas o bem para si, mas que todas as pessoas possam crescer e se desenvolver juntas, formando uma
verdadeira comunidade.
Por outro lado, a
experiência e a consciência de que
estamos fazendo algo em conjunto com as pessoas que pensam como nós, intensificam em nós a
alegria da fé e aumentam a força dessa fé em cada indivíduo. Todos necessitamos
de um ambiente bom e favorável para nos sentirmos felizes. A experiência ensina
que a maioria das pessoas, que não estão vinculadas a alguma comunidade
religiosa concreta, facilmente perdem o contato com Deus. Lembremos aqui, por
exemplo, dos jovens que após terminar estudos nas escolas, ingressando aos
locais de trabalho onde existe
indiferença ou hostilidade à fé
religiosa, abandonam a fé. Sozinho é mais difícil crer.
Todas essas reflexões não
eram estranhas para Jesus Cristo, pois Ele conhecia muito bem as pessoas e as
considerava do jeito que eram. Foi Ele que criou a comunidade e como sinal dela
instituiu a ceia partilhada. Exatamente essa “última ceia” constitui o centro
dos ritos litúrgicos católicos. (...)
(KRENZER, F. Taka
jest nasza wiara, Paris, Éditions Du
Dialogue, 1981, p. 269-270)²
Continua...
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¹
Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
²Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer
fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a
entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis
desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
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