Finalizando este bloco de reflexões
sobre os ritos litúrgicos católicos (as últimas nove postagens), torna-se
necessário concluir que, na verdade, depende
de cada um de nós que valor e
importância têm as celebrações e os sacramentos para a nossa vida.
É muito importante termos conhecimento
sobre a essência, a finalidade e a forma dos
ritos litúrgicos, porque isso nos impulsiona a buscarmos o que Deus, na sua bondade e misericórdia,
oferece a todos que O procuram. E, ao
participarmos conscientemente e com o coração aberto e ávido da vida da Igreja
e da Comunidade, encontramo-nos com Ele próprio, porque Jesus nos deu essa
certeza, dizendo: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no
meio deles” (Mt 18,20). Não precisamos nesses momentos litúrgicos olhar para os outros, que, talvez, só participam
por participar, ou, alguns deles, visivelmente não demonstram que realmente têm a fé. O que
importa mesmo é a participação pessoal de cada um de nós. Viemos para nos encontrarmos
com Deus, que nos ama!
Como caminhantes e peregrinos nesta
estrada da vida terrena, precisamos de água, de alimento, de repouso, de
cura... As celebrações litúrgicas nos oferecem tudo isso. A ”fonte” está ao nosso alcance, mas para
bebermos a água e saciarmos a nossa sede, não basta só saber que ela existe.
Precisamos nos aproximar, nos abaixar, estender as nossas mãos, encher as “canecas vazias” da nossa fragilidade e finitude, e poder
agradecer a Deus por esta possibilidade.
Sobre isso trata o texto abaixo, de
autoria de Ferdinand Krenzer¹. A leitura
é fácil e pode ser muito útil para as pessoas interessadas neste assunto.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].
(8)
A participação pessoal da Missa
A participação pessoal da Missa
Ajoelhar-se (genuflexão) expressa
a penitência, humildade e adoração. Ficar de pé, também é atitude de louvar a
Deus, não menor que quando alguém ajoelha, mas com mais alegria e uma alegre espera. Ficar em pé
tem alguma coisa de ressurreição, por isso nos tempos antigos da Igreja não se ajoelhava no domingo
– no dia do Senhor.
O celebrante, durante a Missa,
tem as mãos ou unidas no peito ou levantadas. Unir as mãos é sinal de
concentração e de interiorização. Ao
levantar as mãos – a postura predileta dos primeiros cristãos durante a oração – é manifestar que se é aberto a Deus e é
atitude de dirigir a Ele todas as
preces e necessidades humanas.
Mas muito mais importante,
naturalmente, é uma participação interior da Santa Missa. Vários significados
desta celebração litúrgica, como ação de graças, sacrifício, banquete, lembrança – podem,
inicialmente, representar uma pequena confusão para nós. Entendemos,
obviamente, que não conseguimos lembrar-nos de tudo isso ao mesmo tempo. Além disso nós, humanos, estamos sujeitos a
sentirmos diversos estados de espírito, dependendo das circunstâncias e
experiências sofridas. A nossa participação
depende, portanto, do que nos move nesses instantes, podendo ser
alegria, tristeza, sentimento de culpa ou vontade de agradecer. Tudo isso também tem que ser incluído na Santa Missa.
Sobretudo, precisamos mudar o
jeito da nossa participação, para que
nada vire rotina. O que realmente importa nesses momentos é estarmos presentes
pessoalmente! Às vezes isso acontece
apenas da posição de quem assiste: assumimos para nós o que vemos e
participamos intimamente. Outra vez “transformamo-nos em ouvidos”, tentando
ouvir de uma maneira nova as palavras das orações e da Bíblia. Outra vez ainda,
nós nos concentramos no agradecimento, ou – entregando-nos a Deus – fazemos
ofertório da nossa vida...
Os momentos de silêncio servem de modo especial para
incluirmos na Missa tudo aquilo que é
atual, o que fica “lá fora”. Assim, é possível superarmos a dissociação
negativa entre a celebração litúrgica e a nossa atuação no mundo, entre o
domingo e os dias comuns, dias do trabalho
e labuta. As principais ideias da
celebração Eucarística levamos para a
nossa vida diária.
(KRENZER, F. Taka
jest nasza wiara, Paris, Éditions Du
Dialogue, 1981, p. 280-281)²
_______________________________________________________________
¹ Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer
fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a
entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis
desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
******************
Nenhum comentário:
Postar um comentário