Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Participação pessoal da Missa. Por que é importante?


Finalizando este bloco de reflexões sobre os ritos litúrgicos católicos (as últimas nove postagens), torna-se necessário concluir que, na verdade, depende  de cada um de nós  que valor e importância têm as celebrações e os sacramentos para a nossa vida.

É muito importante termos conhecimento sobre a essência, a finalidade e a forma dos  ritos litúrgicos, porque isso nos impulsiona a buscarmos o  que Deus, na sua bondade e misericórdia, oferece a todos que O procuram.  E, ao participarmos conscientemente e com o coração aberto e ávido da vida da Igreja e da Comunidade, encontramo-nos com Ele próprio, porque Jesus nos deu essa certeza, dizendo: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). Não precisamos nesses momentos litúrgicos  olhar para os outros, que, talvez, só participam  por participar, ou,  alguns deles, visivelmente  não demonstram que realmente têm a fé. O que importa mesmo é a participação pessoal de cada um de nós. Viemos para nos encontrarmos com Deus, que nos ama!

Como caminhantes e peregrinos nesta estrada da vida terrena, precisamos de água, de alimento, de repouso, de cura... As celebrações litúrgicas nos oferecem tudo isso.  A ”fonte” está ao nosso alcance, mas para bebermos a água e saciarmos a nossa sede, não basta só saber que ela existe. Precisamos nos aproximar, nos abaixar, estender as nossas mãos,  encher as “canecas vazias”  da nossa fragilidade e finitude, e poder agradecer a Deus por esta possibilidade.

Sobre isso trata o texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹.  A leitura é fácil e pode ser muito útil para as pessoas interessadas neste assunto.
Não deixe de ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema,  é aconselhável  ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].

   

 

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A participação pessoal da Missa

Ajoelhar-se (genuflexão) expressa a penitência, humildade e adoração. Ficar de pé, também é atitude de louvar a Deus, não menor que quando alguém ajoelha, mas com  mais alegria e uma alegre espera. Ficar em pé tem alguma coisa de ressurreição, por isso nos tempos  antigos da Igreja não se ajoelhava no domingo – no dia do Senhor.

O celebrante, durante a Missa, tem as mãos ou unidas no peito ou levantadas. Unir as mãos é sinal de concentração e de  interiorização. Ao levantar as mãos – a postura predileta dos primeiros cristãos durante a  oração – é manifestar que se é  aberto a Deus e  é  atitude de dirigir a Ele todas as  preces e necessidades humanas.

Mas muito mais importante, naturalmente, é uma participação interior da Santa Missa. Vários significados desta celebração litúrgica, como ação de graças,  sacrifício, banquete, lembrança – podem, inicialmente, representar uma pequena confusão para nós. Entendemos, obviamente, que não conseguimos lembrar-nos de tudo isso ao mesmo tempo.  Além disso nós, humanos, estamos sujeitos a sentirmos diversos estados de espírito, dependendo das circunstâncias e experiências sofridas. A nossa participação  depende, portanto, do que nos move nesses instantes, podendo ser alegria, tristeza, sentimento de culpa ou vontade de agradecer. Tudo isso  também tem que ser incluído na  Santa Missa.

Sobretudo, precisamos mudar o jeito da nossa participação,  para que nada vire rotina. O que realmente importa nesses momentos é estarmos presentes pessoalmente!  Às vezes isso acontece apenas da posição de quem assiste: assumimos para nós o que vemos e participamos intimamente. Outra vez “transformamo-nos em ouvidos”, tentando ouvir de uma maneira nova as palavras das orações e da Bíblia. Outra vez ainda, nós nos concentramos no agradecimento, ou – entregando-nos a Deus – fazemos ofertório da nossa vida...

Os momentos de  silêncio servem de modo especial para incluirmos na Missa tudo aquilo que é  atual, o que fica “lá fora”. Assim, é possível superarmos a dissociação negativa entre a celebração litúrgica e a nossa atuação no mundo, entre o domingo e  os dias comuns, dias do trabalho e labuta. As principais ideias da celebração Eucarística  levamos para a nossa vida diária.

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 280-281)²

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¹ Ferdinand Krenzer  é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

 

 

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