Continuamos falar sobre a Missa. Qual é a sequência dos ritos durante a
celebração da Missa? Que significação tem cada parte da Missa? Sobre isto trata o texto abaixo, de autoria
de Ferdinand Krenzer¹, trazendo mais reflexões e informações. A leitura é fácil e agradável.
Não deixe de ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].
(4)
A ordem (forma) da Santa Missa
Na Missa temos unidos dois tipos de ritos: a ceia Eucarística
(Memorial do Senhor - o Banquete), que remete à Última Ceia, e a liturgia da
palavra, onde ficou preservada a herança dos ritos judaicos. (...) A distinção dessas duas partes é visível: durante a ceia Eucarística
o celebrante² fica junto ao altar e isto
é compreensível, porque para o banquete é necessária a mesa. Porém, durante as
leituras e orações da liturgia da palavra, ele fica assentado no lugar mais distante do
altar, ou junto ao púlpito.
O Rito da
Entrada
Acompanhados de canto da comunidade reunida, o celebrante, junto com os
ministros, leitores e coroinhas, aproxima-se do altar. Aos pés do altar eles genuflectem,
e enquanto todos dirigem-se para os seus
lugares, o celebrante dirige-se ao altar e o beija.
Em seguida, já no seu lugar, ele (o celebrante) começa os santos ritos
com o sinal da cruz e cumprimenta os fieis, sendo correspondido por eles.
A primeira sensação do ser humano diante de Deus á a consciência da sua
imperfeição. Por isso também a primeira oração comunitária é a oração
penitencial, em que pedimos a Deus que Ele tenha piedade e misericórdia para
conosco. O mesmo sentimento expressamos
com a fórmula Kyrie Eleison - “Senhor, tende piedade de nós”.
Por sua vez, o hino Glória – “Glória a Deus nas alturas...” é a
louvação a Deus, apontando para a alegria da promessa de nascimento de Jesus.
Após o convite “Oremos” e um curto momento de silêncio, o celebrante reza a oração destinada para o
determinado dia, e os fiéis reforçam essa
oração com o seu “Amém”. Aqui
terminam os ritos iniciais da Santa Missa.
A Liturgia
da Palavra
O ponto central desta parte da Missa é a leitura de fragmentos do Antigo
Testamento, das cartas do Novo Testamento e do Evangelho.
Essas leituras estão unidas com um Salmo
Responsorial (de Meditação) recitado ou cantado. De modo geral, depois
da leitura do trecho do Evangelho vem a homilia,
com a explicação dos textos bíblicos que acabamos de ouvir, e atualização dos
mesmos para a vida do dia a dia. Nos domingos e dias solenes todos juntos
recitam a Profissão de Fé (Credo).
A Liturgia da Palavra termina com a Oração da Comunidade, na qual são
incluídas as preces concretas e atuais.
[...] A fé nasce daquilo, o que se ouve [...] (Rm 10, 17). A escuta da
palavra de Deus desperta e aprofunda a fé, sem a qual a ceia que vai acontecer
em seguida, não teria fundamento.
Nas palavras da Bíblia o Cristo está presente; isto prepara os fiéis para o encontro direto com
Ele na ceia Eucarística. É por isso que para ouvir as palavras do Evangelho,
todos se levantam e ficam em pé. Nas Missas festivas, para ainda mais expressar
esse respeito à palavra do Evangelho, junto ao púlpito são levadas velas e o
incenso.
O
banquete Eucarístico
Enquanto a comunidade canta o
canto de ofertório, os ministros ou coroinhas trazem ao altar o cálice e
o Missal³. O celebrante (sacerdote)
também se aproxima para receber o pão (hóstias) e o vinho, que na maioria das vezes são trazidos ao
altar pelos leigos, representantes da
comunidade reunida. Depois de colocar o vinho no cálice, ele abençoa o pão e o
vinho, e, em seguida, lava as mãos para
demonstrar, simbolicamente, que para participar da refeição que o Cristo nos
oferece, precisamos ter uma boa
pré-disposição e o coração limpo. Ao terminar a preparação das oferendas o sacerdote conclama
os fiéis para pedirem a Deus que aceite este sacrifício (a oferenda)
compartilhado. A primeira parte deste rito
da Eucaristia termina com a Oração sobre as Oferendas.
Ao preparar as oferendas, faz se a
coleta entre os fiéis para os fins filantrópicos ou para as necessidades da própria comunidade. Desta
maneira fica claro para toda a
comunidade que o serviço a Deus não pode ser algo puramente íntimo e
particular, mas que tem a ver com a vida cotidiana de todos os fieis, da
comunidade e da paróquia.
Agora sucede a Oração Eucarística4. É precedida pelo prefácio
– solene ação de graças e louvor, que varia dependendo do tempo litúrgico ou do
dia em questão; termina este prefácio
com canto Santo, Santo, Santo...
[...] O conteúdo de todas Orações
Eucarísticas constitui o pedido da Igreja e a Obra de vida de Jesus. O
centro da Oração Eucarística sempre são as palavras pronunciadas por Jesus
Cristo durante a Última Ceia (compare Lc 22, 7-23). Quando os fiéis, de
acordo com a ordem de Jesus: “Fazei isto
em minha memória”, repetem, através
do sacerdote, essa fórmula, então se realiza o mesmo que no Cenáculo: Cristo
torna-se presente no pão e no vinho (transubstanciação)5.
Agora o sacerdote levanta a hóstia e o cálice – para que todos possam ver
e adorar, dizendo: “Eis o mistério da fé!”, ao qual
os fieis respondem com uma curta fórmula de fé (que é uma fórmula dos tempos
dos primeiros cristãos). A finalização da Oração Eucarística (do Canon)
constitui um solene louvor.
A terceira parte é a Santa Comunhão. Reza-se a oração Pai nosso,
que é uma preparação para o recebimento da Comunhão, no mesmo sentido da oração
antes de comer.
O celebrante reza em silêncio pedindo pela paz, e , depois, expressa o
desejo de paz: como e de que maneira os fiéis manifestam e trocam esse sinal da
paz - depende dos costumes da região. Em seguida ele parte o pão, enquanto
os fiéis recitam ou cantam “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo –
tende piedade de nós”.
O celebrante, agora, prepara-se para a Comunhão, fazendo uma oração particular. Logo depois,
voltando-se para todos presentes, levanta a hóstia bem alto e diz: “ Eis o
Cordeiro de Deus...”, os fiéis agora respondem: “Senhor, eu não sou digno(a) de
que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo(a)” (compare
Mt 8, 8). A Sagrada Comunhão agora é
distribuída aos fiéis. Após o sacerdote limpar o cálice, reza uma curta Oração
final.
Envio
Neste momento é lugar para os avisos de interesse da comunidade.
Quando terminam, o celebrante abençoa a comunidade reunida com a bênção
em nome do Pai, Filho e do Espírito Santo, e pronuncia as palavras “Ide em paz,
e o Senhor vos acompanhe!”
O rito litúrgico é finalizado com o canto ou música final. Os fieis
voltam para a sua vida cotidiana.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, pp.
274-276)6
Continua...
_______________________________________________
¹
Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
² Na Igreja
Católica, o celebrante ou presidente da Celebração Eucarística sempre é um
sacerdote (padre ou bispo), que recebeu o sacramento da Ordem.
³ (Missal Romano é o
livro usado na Missa de rito romano para as leituras próprias do celebrante (sacerdote).
4 São quatro as
Orações Eucarísticas Universais:
Oração Eucarística I: Conhecida como Cânon Romano, a Oração Eucarística da Igreja de Roma. Ela a Oração Eucarística mais antiga. Já era usada na Igreja no século IV.
Oração Eucarística II: Conhecida como o Cânon de Santo Hipólito. O próprio Santo Hipólito a compôs por ocasião de sua ordenação episcopal. Sua composição foi feita por volta do século IV.
Oração Eucarística III: Esta oração foi composta por uma comissão de liturgistas que participaram do Concilio Vaticano II. Ela afirma que a Eucaristia é o sacrifício perfeito, pelo qual toda a humanidade presta um ato de louvor a Deus. A Igreja como principal responsável pela prolongação dos mistérios de Cristo, não se cansa de oferecer do nascer ao por do sol este sacrifício agradável ao Senhor.
Oração Eucarística IV: Também composta por ocasião do Concilio Vaticano II. Ela narra as maravilhas realizadas por Deus ao longo da História da Salvação.
No Brasil, por autorização da Santa Sé, existem outras fórmulas de Orações Eucarísticas:
Oração Eucarística V: Do Congresso Eucarístico de Manaus
Oração Eucarística para diversas circunstâncias VI A: – A Igreja a Caminho da Unidade
Oração Eucarística para diversas circunstâncias VI B: – Deus conduz sua Igreja pelo caminho da salvação.
Oração Eucarística para diversas circunstâncias: VI C: – Jesus caminho para o Pai
Oração Eucarística para diversas circunstâncias VI D: – Jesus que passa fazendo o bem
Oração Eucarística VII: Sobre Reconciliação I
Oração Eucarística VIII: Sobre Reconciliação II
Oração Eucarística IX: Para Missa com crianças I
Oração Eucarística X: Para Missa com crianças II
Oração Eucarística I: Conhecida como Cânon Romano, a Oração Eucarística da Igreja de Roma. Ela a Oração Eucarística mais antiga. Já era usada na Igreja no século IV.
Oração Eucarística II: Conhecida como o Cânon de Santo Hipólito. O próprio Santo Hipólito a compôs por ocasião de sua ordenação episcopal. Sua composição foi feita por volta do século IV.
Oração Eucarística III: Esta oração foi composta por uma comissão de liturgistas que participaram do Concilio Vaticano II. Ela afirma que a Eucaristia é o sacrifício perfeito, pelo qual toda a humanidade presta um ato de louvor a Deus. A Igreja como principal responsável pela prolongação dos mistérios de Cristo, não se cansa de oferecer do nascer ao por do sol este sacrifício agradável ao Senhor.
Oração Eucarística IV: Também composta por ocasião do Concilio Vaticano II. Ela narra as maravilhas realizadas por Deus ao longo da História da Salvação.
No Brasil, por autorização da Santa Sé, existem outras fórmulas de Orações Eucarísticas:
Oração Eucarística V: Do Congresso Eucarístico de Manaus
Oração Eucarística para diversas circunstâncias VI A: – A Igreja a Caminho da Unidade
Oração Eucarística para diversas circunstâncias VI B: – Deus conduz sua Igreja pelo caminho da salvação.
Oração Eucarística para diversas circunstâncias: VI C: – Jesus caminho para o Pai
Oração Eucarística para diversas circunstâncias VI D: – Jesus que passa fazendo o bem
Oração Eucarística VII: Sobre Reconciliação I
Oração Eucarística VIII: Sobre Reconciliação II
Oração Eucarística IX: Para Missa com crianças I
Oração Eucarística X: Para Missa com crianças II
Oração Eucarística XI: Para Missa com crianças III
5 Transubstanciação é a conjunção de
duas palavras latinas:
trans (além) e substantia (substância), e significa a mudança da
substância do pão
e do vinho na
substância do Corpo e Sangue de Jesus Cristo no ato da consagração.
Isto significa que esta doutrina defende e acredita na presença real de Cristo na Eucaristia.
É adotada pela Igreja Católica.
A Igreja Ortodoxa,
Igreja Anglicana, Igreja Luterana e Igrejas Calvinistas,
crêem na presença real mas não na transubstanciação.
A crença da
transubstanciação se opõe à da consubstanciação, que prega que o pão e o vinho se
mantêm inalterados, ou seja, continuam sendo pão e vinho.
6 Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo
seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o
caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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