Agora a reflexão continua, falando sobre
alguns elementos que desempenham importante função durante cultos litúrgicos e
paralitúrgicos nas igrejas católicas. Por que isso tudo é tão valorizado pelos
católicos? Sobre isso trata o texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹. A leitura é fácil e pode ser muito útil para
as pessoas interessadas neste assunto.
Não deixe de ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].
(5)
Sacrário – Ostensório – Procissão
Talvez o elemento de uma igreja
católica que mais impressiona a maioria das pessoas é a lamparina, que fica
acesa continuamente, de dia e de noite, por
perto do Sacrário2 . O católico,
quando entra e sai da igreja, normalmente genuflexa diante desse Sacrário, pois
aqui são guardadas as hóstias consagradas durante a Missa (que se tornaram o
Corpo de Cristo) que sobraram e as quais se leva aos enfermos. Também no
Sacrário é guardada a Hóstia Magna, que é maior apenas por uma questão de
prática, e que é usada durante solenes Cultos
de Adoração ao Santíssimo.
Diante do Sacrário, ajoelhadas ou sentadas nos bancos, muitas pessoas
gostam de passar horas inteiras mergulhadas em silenciosa oração, porque aqui sentem-se particularmente perto de
Cristo. Como diz o evangelista João sobre a Encarnação de Jesus: “Ele abriu a
sua tenda no meio de nós”.
Existe uma festa especial, que já tem 700 anos e é uma festa
especificamente católica – a Festa do Corpus Christi. A sua característica
maior é que neste dia faz-se as procissões com o Santíssimo Sacramento fora dos templos,
percorrendo as ruas e lugares de cidades e vilas. A Hóstia Magna consagrada é
levada no Ostensório , debaixo do dossel (baldaqim). É uma forma de adoração a
Jesus Cristo, que quer estar perto de
nós sob espécie deste Pão.
Durante mais que mil anos não existia na Igreja nem sacrário, nem
ostensório e nem a procissão eucarística; não teve também nenhuma outra forma
de adoração a Hóstia Sagrada. Celebrava-se a Santa Missa, recebia-se a
Comunhão, guardava-se algumas Hóstias para levá-las aos enfermos. Quando,
porém, começaram as discussões sobre a presença de Cristo no Sacramento do
Altar, emergiu a grande necessidade de demonstrar mais concretamente a fé na
presença de Jesus na Hóstia Santa. Assim surgiu o Culto ao “Santíssimo
Sacramento”.
Nessa mesma época a participação do povo da Santa Missa em algumas
regiões começou a se limitar apenas a
uma reverente presença. Os fiéis raramente aproximavam-se da mesa do Senhor,
assim que já no século XIII o Quarto Concílio de Latrão³ precisara impor aos
fiéis como obrigação a Comunhão no tempo
da Páscoa. E o Concílio de Trento (1545 – 1563) novamente se pronunciou a este
respeito, exigindo dos fiéis a participação ativa da Santa Missa e recomendando
a Sagrada Comunhão. Lembrou ele também que a celebração santa, isto é, a
celebração do banquete Eucarístico, e ligada a ela a recepção da Santa
Comunhão, é o maior louvor do Sacramento do Altar. No entanto, para que essas
recomendações entrassem em prática –
demorou ainda muito tempo e somente
aconteceu a partir do Movimento Litúrgico (a partir do ano 1909).
Hoje, o acento principal está
na celebração do banquete Eucarístico
com a recepção da Comunhão. Porém, seria empobrecimento da devoção do povo ao
Cristo presente na Hóstia Sagrada, se o
Culto a Eucaristia fosse diminuído. Por
isso hoje se pratica ao mesmo tempo ambas as formas de devoção: a Missa e o
Culto Eucarístico. É por isso também, que o Sacrário continua ocupando hoje nos
templos católicos o lugar central.
Sobre o
Ano Litúrgico
Agora, algumas pequenas notas sobre o Ano
Litúrgico4, com as suas datas marcantes. A maior de
todas as festas da Igreja Católica é a Páscoa, porque a ressurreição de Jesus
Cristo constitui o fato central da fé cristã. Cada domingo é uma repetição da
solenidade pascoal. Por causa da sua grande importância o período pascoal
começa com uma preparação de 40 dias (de Quarta Feira de Cinzas até a Quarta
Feira da Semana Santa), que chamamos de Quaresma. São as semanas de reflexão
interna sobre si, sobre a vida, no clima de retiro e penitência (por isso a cor
das vestes litúrgicas que se usa neste período é violeta5).
Os três dias da Semana Santa que antecedem a Páscoa (Quinta Feira Santa,
Sexta Feira Santa e Sábado de Aleluia), nos quais meditamos sobre a Paixão e
sobre a morte do Senhor, estão fortemente ligadas com a festa da Páscoa, porque
a cruz e a ressurreição têm um grande significado tanto para a fé cristã, como
na liturgia, que a expressa. Após a Páscoa, de acordo com a Bíblia, festeja-se a Solenidade de
Ascensão e o Pentecostes (a Festa do Espírito Santo), que fecham o Tempo
Pascoal.
Um outro período festivo foi implantado um pouco mais tarde e se
concentra em volta do nascimento de Jesus Cristo – a Festa de Natal. Depois do
Natal, no dia 6 de Janeiro, ocorre uma grande festa de Epifania (dia dos Três
Reis Magos), e logo no domingo seguinte termina o Tempo do Natal. A preparação
para o Natal é o Advento, com que inicia-se o Ano Litúrgico. O Advento é como
se fosse a repetição do período antes do
nascimento de Cristo, junto com a sua espera pela vinda do Salvador.
O tempo Comum foi organizado em 34 semanas, móveis – enquanto não tem um
dia fixo da Páscoa. Depois do Pentecostes a ideia principal é a chegada de
Cristo no fim dos tempos. Desta maneira, o fim e o início do Ano Litúrgico
estão impregnados pelo pensamento voltado para a espera pelo Senhor.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 276
278)6
Cuntinua...
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¹
Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
2 Chamado também de Tabernáculo.
3
O
IV Concílio de Latrão, o XII ecuménico, realizado em 1215, que condenou o
Catarismo, definiu a transsubstanciação e impôs a obrigação da assistência à
missa pascal (cânone utriusque sexus).
4 O Ano Litúrgico é o “Calendário religioso”. Contém as
datas dos acontecimentos da História da Salvação. Não coincide com o ano civil,
que começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. O Ano
Litúrgico começa e termina quatro semanas antes do Natal. Tem como base as
fases da lua. Compõe-se de dois grandes ciclos: o Natal e a Páscoa. São como
dois pólos em torno dos quais gira todo o Ano Litúrgico.
5 As cores litúrgicas
são seis:
Branco - Usado na Páscoa no Natal, nas Festas do Senhor, nas
Festas da Virgem Maria e dos Santos, exceto dos mártires. Simboliza alegria,
ressurreição, vitória e pureza. Sempre é usado em missas festivas.
Vermelho - - Lembra o fogo do Espírito Santo . Por isso é a cor
de Pentecostes. Lembra também o sangue. É a cor dos mártires e da sexta-feira
da Paixão e do Domingo de Ramos. Usado nas missas de Crisma, celebradas
normalmente no dia dos Pentecostes, e de mártires.
Verde - Usa-se nos domingos normais e dias da semana do
Tempo Comum. Está ligado ao crescimento, à esperança.
Roxo
- - Usado no Advento. Na Quaresma
também se usa, a par de uma variante, o violeta.
É símbolo da penitência, da serenidade e de preparação, por lembrar a noite.
Também pode ser usado nas missas dos Fiéis Defuntos e na celebração da
penitência.
Rosa - O rosa pode ser usado no 3º domingo do Advento (Gaudete)
e 4º domingo da Quaresma (Laetare).
Simboliza uma breve pausa, um certo alívio no rigor da penitência da Quaresma e
na preparação do Advento.
Preto - Representa o luto e pode ser usado na celebração do
Dia dos Fiéis Defuntos e nas missas dos Fiéis Defuntos..
6 Obs.: As reflexões do
Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor,
ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais
difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
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