Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O que as igrejas católicas têm? O que é o Ano Litúrgico?

Agora a reflexão continua, falando sobre alguns elementos que desempenham importante função durante cultos litúrgicos e paralitúrgicos nas igrejas católicas. Por que isso tudo é tão valorizado pelos católicos? Sobre isso trata o texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹.  A leitura é fácil e pode ser muito útil para as pessoas interessadas neste assunto.
Não deixe de ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema,  é aconselhável  ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 3 de junho de 2012: Corpus Christi. Algumas indagações)].

 

(5)


Sacrário – Ostensório – Procissão
  
Talvez o elemento  de uma igreja católica que mais impressiona a maioria das pessoas é a lamparina, que fica acesa continuamente, de dia e de noite, por 
perto do Sacrário2 . O católico, quando entra e sai da igreja, normalmente genuflexa diante desse Sacrário, pois aqui são guardadas as hóstias consagradas durante a Missa (que se tornaram o Corpo de Cristo) que sobraram e as quais se leva aos enfermos. Também no Sacrário é guardada a Hóstia Magna, que é maior apenas por uma questão de prática, e  que é usada durante solenes Cultos de Adoração ao Santíssimo.

Diante do Sacrário, ajoelhadas ou sentadas nos bancos, muitas pessoas gostam de passar horas inteiras mergulhadas em silenciosa oração, porque  aqui sentem-se particularmente perto de Cristo. Como diz o evangelista João sobre a Encarnação de Jesus: “Ele abriu a sua tenda no meio de nós”.

Existe uma festa especial, que já tem 700 anos e é uma festa especificamente católica – a Festa do Corpus Christi. A sua característica maior é que neste dia faz-se as procissões  com o Santíssimo Sacramento fora dos templos, percorrendo as ruas e lugares de cidades e vilas. A Hóstia Magna consagrada é levada no Ostensório , debaixo do dossel (baldaqim). É uma forma de adoração a Jesus Cristo, que  quer estar perto de nós sob espécie deste Pão. 

Durante mais que mil anos não existia na Igreja nem sacrário, nem ostensório e nem a procissão eucarística; não teve também nenhuma outra forma de adoração a Hóstia Sagrada. Celebrava-se a Santa Missa, recebia-se a Comunhão, guardava-se algumas Hóstias para levá-las aos enfermos. Quando, porém, começaram as discussões sobre a presença de Cristo no Sacramento do Altar, emergiu a grande necessidade de demonstrar mais concretamente a fé na presença de Jesus na Hóstia Santa. Assim surgiu o Culto ao “Santíssimo Sacramento”.

Nessa mesma época a participação do povo da Santa Missa em algumas regiões começou a se limitar  apenas a uma reverente presença. Os fiéis raramente aproximavam-se da mesa do Senhor, assim que já no século XIII o Quarto Concílio de Latrão³ precisara impor aos fiéis como  obrigação a Comunhão no tempo da Páscoa. E o Concílio de Trento (1545 – 1563) novamente se pronunciou a este respeito, exigindo dos fiéis a participação ativa da Santa Missa e recomendando a Sagrada Comunhão. Lembrou ele também que a celebração santa, isto é, a celebração do banquete Eucarístico, e ligada a ela a recepção da Santa Comunhão, é o maior louvor do Sacramento do Altar. No entanto, para que essas recomendações entrassem  em prática – demorou ainda muito tempo e somente aconteceu a partir do Movimento Litúrgico (a partir do ano 1909).

Hoje, o  acento principal está na  celebração do banquete Eucarístico com a recepção da Comunhão. Porém, seria empobrecimento da devoção do povo ao Cristo presente na Hóstia Sagrada, se o Culto a Eucaristia  fosse diminuído. Por isso hoje se pratica ao mesmo tempo ambas as formas de devoção: a Missa e o Culto Eucarístico. É por isso também, que o Sacrário continua ocupando hoje nos templos católicos o lugar central.

Sobre o Ano Litúrgico 

Agora, algumas pequenas notas sobre o Ano  Litúrgico4, com as suas datas marcantes. A maior de todas as festas da Igreja Católica é a Páscoa, porque a ressurreição de Jesus Cristo constitui o fato central da fé cristã. Cada domingo é uma repetição da solenidade pascoal. Por causa da sua grande importância o período pascoal começa com uma preparação de 40 dias (de Quarta Feira de Cinzas até a Quarta Feira da Semana Santa), que chamamos de Quaresma. São as semanas de reflexão interna sobre si, sobre a vida, no clima de retiro e penitência (por isso a cor das vestes litúrgicas que se usa neste período é violeta5).

Os três dias da Semana Santa que antecedem a Páscoa (Quinta Feira Santa, Sexta Feira Santa e Sábado de Aleluia), nos quais meditamos sobre a Paixão e sobre a morte do Senhor, estão fortemente ligadas com a festa da Páscoa, porque a cruz e a ressurreição têm um grande significado tanto para a fé cristã, como na liturgia, que a expressa. Após a Páscoa, de acordo com a Bíblia, festeja-se a Solenidade de Ascensão e o Pentecostes (a Festa do Espírito Santo), que fecham o Tempo Pascoal.

Um outro período festivo foi implantado um pouco mais tarde e se concentra em volta do nascimento de Jesus Cristo – a Festa de Natal. Depois do Natal, no dia 6 de Janeiro, ocorre uma grande festa de Epifania (dia dos Três Reis Magos), e logo no domingo seguinte termina o Tempo do Natal. A preparação para o Natal é o Advento, com que inicia-se o Ano Litúrgico. O Advento é como se fosse a  repetição do período antes do nascimento de Cristo, junto com a sua espera pela vinda do Salvador.

O tempo Comum foi organizado em 34 semanas, móveis – enquanto não tem um dia fixo da Páscoa. Depois do Pentecostes a ideia principal é a chegada de Cristo no fim dos tempos. Desta maneira, o fim e o início do Ano Litúrgico estão impregnados pelo pensamento voltado para a espera pelo Senhor.

 (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 276 278)6
Cuntinua...
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¹   Ferdinand Krenzer  é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.
Chamado também de Tabernáculo.
3   O IV Concílio de Latrão, o XII ecuménico, realizado em 1215, que condenou o Catarismo, definiu a transsubstanciação e impôs a obrigação da assistência à missa pascal (cânone utriusque sexus).
4  O Ano Litúrgico é o “Calendário religioso”. Contém as datas dos acontecimentos da História da Salvação. Não coincide com o ano civil, que começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. O Ano Litúrgico começa e termina quatro semanas antes do Natal. Tem como base as fases da lua. Compõe-se de dois grandes ciclos: o Natal e a Páscoa. São como dois pólos em torno dos quais gira todo o Ano Litúrgico.
5  As cores litúrgicas são seis:
Branco - Usado na Páscoa no Natal, nas Festas do Senhor, nas Festas da Virgem Maria e dos Santos, exceto dos mártires. Simboliza alegria, ressurreição, vitória e pureza. Sempre é usado em missas festivas.
Vermelho - - Lembra o fogo do Espírito Santo . Por isso é a cor de Pentecostes. Lembra também o sangue. É a cor dos mártires e da sexta-feira da Paixão e do Domingo de Ramos. Usado nas missas de Crisma, celebradas normalmente no dia dos Pentecostes, e de mártires.
Verde - Usa-se nos domingos normais e dias da semana do Tempo Comum. Está ligado ao crescimento, à esperança.
Roxo - - Usado no Advento. Na Quaresma também se usa, a par de uma variante, o violeta. É símbolo da penitência, da serenidade e de preparação, por lembrar a noite. Também pode ser usado nas missas dos Fiéis Defuntos e na celebração da penitência.
Rosa - O rosa pode ser usado no 3º domingo do Advento (Gaudete) e  4º domingo da Quaresma (Laetare). Simboliza uma breve pausa, um certo alívio no rigor da penitência da Quaresma e na preparação do Advento.
Preto - Representa o luto e pode ser usado na celebração do Dia dos Fiéis Defuntos e nas missas dos Fiéis Defuntos..
6  Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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