Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Como surgiu a Igreja? Ela existe por quê?



Para  entendermos  bem  o tema da Igreja,  é fundamental  termos  muito claro na nossa mente as respostas para as seguintes perguntas:  Como surgiu a Igreja?  Qual  é realmente o seu papel neste mundo? Qual é a diferença entre Igreja e o reino de Deus?

A nossa reflexão continua. O texto embaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, fala agora  da Igreja que é o povo de Deus e, também, esclarece a diferença que existe entre Igreja e o reino de Deus.
Não deixe de ler.
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Para acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações é aconselhável  ler desde o início todos os seus  textos sobre este assunto (começo no dia 31 de agosto de 2012  - http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/a-questao-da-igreja-por-que-as-criticas.html ).



(2)
O Povo de Deus – Igreja

Já antes de Cristo existia o povo de Deus do Antigo Testamento que era o povo de Israel. Esse povo era a preparação para  aquilo que Jesus Cristo queria trazer. Com ele  deu-se o início do reinado (domínio) de Deus sobre a terra.  Certa vez perguntaram a Jesus quando virá o reino de Deus, e Ele respondeu: “(...) O reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17, 21).  Estava presente nele mesmo. Ele representava a causa de Deus neste mundo. Portanto, o reinado de Deus começou a se realizar entre os homens.  Todos os que se abrirem à  mensagem de Jesus Cristo e à sua missão, no futuro  estarão  pertencendo a esse Reino.

Para tornar essa mensagem e  revelação de Cristo sempre viva e vibrante, e para ser ouvida e vista entre todos os povos de todos os tempos, Jesus Cristo reúne novamente o povo, desta vez não só de uma raça, como aconteceu no Antigo Testamento, mas de todas as raças – o  povo que é a sua Igreja. E mesmo que não exista nenhum ato, em que Jesus Cristo proclamasse  solenemente a Igreja, a sua doutrina inteira  e toda a sua  atuação encaminham para a criação da comunidade: reúne discípulos em volta de si, confere a alguns deles uma tarefa particular de pregar a sua doutrina e de coordenar a sua comunidade: “Como o Pai me  enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20, 21). “Quem vos ouve, a mim ouve, e quem vos rejeita, a mim rejeita, e quem me rejeita, também rejeita aquele que me enviou” (Lc 10, 16). O ponto de partida quando se trata de Igreja não são as pessoas concretas que tendem naturalmente construir uma comunidade religiosa, mas o próprio Cristo, que visa o bem de toda a  humanidade.

Após a morte de Jesus Cristo, a sua obra continua sendo realizada pelos seus discípulos, que fazem isso com o poder e a autoridade dele.  A partir daquele momento surgem constantemente novas comunidades locais, e a Igreja vive e cresce.

Para não haver mal entendido: “O reino de Deus que Jesus Cristo anuncia e proclama não  é idêntico com a Igreja. A Igreja é apenas embrião do Reino, o seu modesto início no mundo. O  seu caráter é temporário e não definitivo, porque ainda existe nela o pecado: o joio e o trigo crescem um ao lado do outro (a parábola do joio – Mt 13, - 24-30). A Igreja está a serviço e existe em função do reinado (domínio) de Deus; é a ferramenta desse reinado e justamente por isso não pode visar a si própria. Somente no  fim dos tempos o reinado de Deus se  concretizará plenamente, virando a realidade – e a Igreja, então, não vai ser mais necessária.

O reino de Deus  abrange muito mais que a Igreja. A Igreja, sim, faz parte do reino de Deus, mas não  é o  mesmo que ele: o Reino de Deus é  muito maior e não cabe nela. Todos os batizados pertencem à Igreja, mas nem todos os batizados estão prontos para se sujeitar à vontade de Deus. Eles pertencem à Igreja externamente, mas internamente não estão ligados ao reino de Deus. Por outro lado, existem muitas pessoas que não por sua culpa não pertencem à Igreja – pessoas de fé, honestas e  piedosas – que procuram a vontade de Deus. Será que alguém poderia negar que  elas, seguindo as suas profundas  convicções, pertencem ao reino de Deus? Por isso já o Santo Agostinho disse: “Muitos que  estão dentro – na realidade  estão fora, e muitos que estão fora – estão dentro”.

(...) No Novo  Testamento para descrever a Igreja  foi usada a palavra grega ekklésia  (ἐκκλησία) que significa – “assembléia” ou “comunidade reunida”, e  literalmente: “procissão dos convocados”.

  (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 134-135)²

Continua...
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¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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