Como podemos
entender o fato que, apesar de todos os “ventos e vendavais” da história, a Igreja
existe desde o Pentecostes até hoje? Se
olharmos para o passado, durante os dois últimos milênios existiam muitos “poderes”:
impérios, estados, sistemas políticos, instituições, filosofias e filósofos,
teses e idéias, que, no auge da sua existência – prometiam “durar para sempre”,
e , muitos deles, proclamavam o fim da Igreja de Cristo. Mas, a verdade é que
nenhuma dessas “potências” sobreviveu: todas passaram, desapareceram do cenário
da história! Por quê?
Quanto à Igreja de Jesus
Cristo – ela continua viva. Sabemos que se ela dependesse apenas dos homens, hoje,
depois de dois mil anos, não sobraria dela - desse “barco de São Pedro” - “uma única tábua podre”! Mas a
Igreja continua viva e com a mesma missão, que recebeu de Jesus Cristo. Por
quê? Qual é o seu mistério?
Como continuação das reflexões sobre a Igreja o texto
embaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, fala agora do mistério da Igreja.
Não deixe de ler.
WCejnog
Obs.: Para acompanhar
com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações é
aconselhável ler desde o início todos os
seus textos sobre este assunto (começo
no dia 31 de agosto de 2012 -http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/a-questao-da-igreja-por-que-as-criticas.html).
(3)
O mistério da Igreja
Querendo dizer um pouco mais sobre o ser da Igreja fico obrigado a pedir ao leitor que se
prepare para colocações mais difíceis para entender. Sabemos que não foi tão fácil para Jesus Cristo reunir o novo povo de Deus. Ele
conseguiu fazê-lo enfrentando muitas dificuldades. A maioria das pessoas que lhe eram
contemporâneas não se submeteram assim como ele à vontade de Deus: recusaram-se a crer, e sim – levaram Jesus
para matá-lo na cruz. Mas, mesmo aqueles que O mataram, não conseguiram
com isso anular a nobre vontade de Deus. E eles serão salvos. Jesus Cristo disse “SIM” à vontade do Pai em nome de todos os seres humanos, como
se estivesse no lugar deles. Cada cristão, portanto, vive da morte
de Cristo. (...) Também a Igreja, esse povo neo-testamental, vive do sacrifício
da cruz. São Paulo diz: “Ele, que se entregou por nós a fim de nos resgatar de
toda iniqüidade e adquirir para si um
povo exclusivamente seu e zeloso na
prática do bem” (Tt 2, 14). O próprio Cristo durante a última ceia anuncia que
o seu sangue, que será derramado pelos homens,
é o sangue da Nova Aliança. A
Igreja, a Nova Aliança, vive, portanto, do sacrifício de Cristo na cruz.
Depois da sua ressurreição Jesus
novamente reúne um pequeno grupo de pessoas que permaneceram fiéis a ele, para
algumas delas confiou a continuação da sua obra e lhes prometeu para isso a sua
ajuda, o seu espírito até o fim do mundo.
No primeiro dia do Pentecostes,
com a descida do Espírito Santo, foi encerrada a obra de fundação da Igreja. É
nesse dia que a Igreja manifestou-se
externamente pela primeira vez: naquele mesmo dia três mil pessoas aderiram
à jovem comunidade (At 2, 41), e os
medrosos discípulos tornaram-se
testemunhas destemidas. Eles sabiam que era Jesus Cristo que continuava agindo
neles. Por isso agora, sem medo, podem se manifestar ao mundo e agir com a sua força e autoridade.
Primeiramente proclamam a alegre Boa Nova, depois – sempre – vem o batismo como sinal visível da adesão à
comunidade dos fiéis. Surgem, a partir daí, novas comunidades que sentem-se unidas entre si por confessarem a mesma fé e por se reunirem na mesma ceia
eucarística. A Igreja vive e cresce.
Desta maneira encerrou-se a
fundação da Igreja. O Espírito Santo a partir daquele momento é a sua força
interna, graças a qual Jesus Cristo
vivifica a Igreja e nela age (At 1,8; 2, 1-13). Ele é a alma da Igreja. Ele
atua na sua missão, nos seus sacramentos e orações. Ele a dirige e coordena, e
depois ajuda a interpretar as Sagradas
Escrituras, que tornam-se a norma e fundamento da sua razão de ser. Ele atua
nos dons diversos e nos carismas (os dons de Graça), graças aos quais os membros concretos da Igreja
tornam-se capazes assumirem os diversos serviços e ministérios dentro da
comunidade eclesial (1 Cor 12, 4-11).
Graças ao Espírito Santo Jesus Cristo conduz a sua obra de salvação através dos séculos ou – dizendo
melhor – Cristo continua vivo e age na sua Igreja. Isto constitui o seu
Mistério. Sem ele a Igreja seria
realmente apenas a soma dos seus integrantes, apenas assembléia de pessoas com
as mesmas convicções religiosas, seria apenas uma espécie de sindicato
religioso ou uma organização.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 136-37)²
Continua...
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¹ Krenzer Ferdinand
(nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, †
08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus)
foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria.
² Obs.: As reflexões
do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o
leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os
temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados
neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição
no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
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