Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O mistério da Igreja. De que se trata?



Como podemos entender o fato que, apesar de todos os “ventos e vendavais” da história, a Igreja existe desde o Pentecostes até hoje?  Se olharmos para o passado, durante os dois últimos milênios existiam muitos “poderes”: impérios, estados, sistemas políticos, instituições, filosofias e filósofos, teses e idéias, que, no auge da sua existência – prometiam “durar para sempre”, e , muitos deles, proclamavam o fim da Igreja de Cristo. Mas, a verdade é que nenhuma dessas “potências” sobreviveu: todas passaram, desapareceram do cenário da história! Por quê?

Quanto à Igreja de Jesus Cristo – ela continua viva. Sabemos que se ela dependesse apenas dos homens, hoje, depois de dois mil anos, não sobraria dela -  desse “barco de São Pedro” -  “uma única tábua podre”!   Mas a Igreja continua viva e com a mesma missão, que recebeu de Jesus Cristo. Por quê? Qual é o seu mistério?

Como continuação das reflexões sobre a Igreja  o texto embaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, fala agora do mistério da Igreja.
Não deixe de ler.
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Obs.: Para acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações é aconselhável  ler desde o início todos os seus  textos sobre este assunto (começo no dia 31 de agosto de 2012  -http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/a-questao-da-igreja-por-que-as-criticas.html).

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O mistério da Igreja

Querendo dizer um pouco mais  sobre o ser da Igreja  fico obrigado a pedir ao leitor que se prepare para colocações mais difíceis para entender.  Sabemos que não foi tão fácil  para Jesus Cristo reunir o novo povo de Deus. Ele conseguiu fazê-lo enfrentando muitas dificuldades.  A maioria das pessoas que lhe eram contemporâneas não se submeteram assim como ele à vontade de Deus:  recusaram-se a crer, e sim – levaram Jesus para matá-lo na cruz.  Mas,  mesmo aqueles que O mataram, não conseguiram com isso anular a nobre vontade de Deus. E eles serão salvos. Jesus Cristo disse  “SIM” à vontade do Pai  em nome de todos os seres humanos, como se  estivesse no lugar  deles. Cada cristão, portanto, vive da morte de Cristo. (...) Também a Igreja, esse povo neo-testamental, vive do sacrifício da cruz. São Paulo diz: “Ele, que se entregou por nós a fim de nos resgatar de toda iniqüidade  e adquirir para si um povo exclusivamente seu e  zeloso na prática do bem” (Tt 2, 14). O próprio Cristo durante a última ceia anuncia que o seu sangue, que será derramado pelos homens,  é o sangue da Nova Aliança.  A Igreja, a Nova Aliança, vive, portanto, do sacrifício de Cristo na cruz.

Depois da sua ressurreição Jesus novamente reúne um pequeno grupo de pessoas que permaneceram fiéis a ele, para algumas delas confiou a continuação da sua obra e lhes prometeu para isso a sua ajuda, o seu espírito até o fim do mundo.

No primeiro dia do Pentecostes, com a descida do Espírito Santo, foi encerrada a obra de fundação da Igreja. É nesse dia que a Igreja  manifestou-se externamente pela primeira vez: naquele mesmo dia três mil pessoas aderiram à  jovem comunidade (At 2, 41), e os medrosos discípulos tornaram-se  testemunhas destemidas. Eles sabiam que era Jesus Cristo que continuava agindo neles. Por isso agora, sem medo, podem se manifestar ao mundo  e agir com a sua força e autoridade. Primeiramente proclamam a alegre Boa Nova, depois – sempre – vem o  batismo como sinal visível da adesão à comunidade dos fiéis. Surgem, a partir daí, novas comunidades que sentem-se  unidas entre si por confessarem  a mesma fé e por se reunirem na mesma ceia eucarística.  A Igreja vive e cresce.

Desta maneira encerrou-se a fundação da Igreja. O Espírito Santo a partir daquele momento é a sua força interna, graças a  qual Jesus Cristo vivifica a Igreja e nela age (At 1,8; 2, 1-13). Ele é a alma da Igreja. Ele atua na sua missão, nos seus sacramentos e orações. Ele a dirige e coordena, e depois ajuda a  interpretar as Sagradas Escrituras, que tornam-se a norma e fundamento da sua razão de ser. Ele atua nos dons diversos e nos carismas (os dons de Graça), graças aos  quais os membros concretos da Igreja tornam-se capazes  assumirem  os diversos serviços e ministérios dentro da comunidade eclesial (1 Cor 12, 4-11).

Graças ao Espírito Santo Jesus Cristo conduz a sua obra de  salvação através dos séculos ou – dizendo melhor – Cristo continua vivo e age na sua Igreja. Isto constitui o seu Mistério. Sem  ele a Igreja seria realmente apenas a soma dos seus integrantes, apenas assembléia de pessoas com as mesmas convicções religiosas, seria apenas uma espécie de sindicato religioso ou  uma  organização.

  (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 136-37)²

Continua...
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¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.

²  Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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