“E vós,
quem dizeis que eu sou?”(Mc 8, 29) – esta pergunta de Jesus Cristo, perpassando
as épocas, ressoa fortemente nos ouvidos
de cada ser humano e de modo especial de cada cristão. Também nos dias de hoje
é impossível não se sentir “provocado” por ela.
Enfim,
qual é a minha, a sua, a nossa resposta...?
Trago aqui um comentário todo especial da Asun
Gutiérrez Cabriada, que aborda essa pergunta.
Para quem quiser fazer uma reflexão sincera , interiorizando a mensagem,
aqui tem uma boa oportunidade. Não deixe de ler.
[Os interessados pedem ler esse texto em PPS, acessando o site das Monjas
Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom24B12port.pps
Trabalho
muito bonito!]
WCejnog
O Caminho de
Jesus é uma senda
que nos conduzirá à liberdade:
a liberdade radical que nos permite participar
na Grande Obra de Arte de Deus
de maneira livre, espontânea e criativa...
e para todos juntos.
Albert Nolan
Evangelho segundo
Marcos (8, 27-35)
Naquele
tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de
Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta:
– Quem
dizem os homens que Eu sou? Eles responderam:
– Uns,
dizem João Baptista; outros, que Elias; e outros, um dos profetas.
Jesus,
então, perguntou-lhes:
– E vós,
quem dizeis que Eu sou?
Pedro
tomou a palavra e respondeu:
– Tu és
o Messias.
Ordenou-lhes
então severamente que não falassem d’Ele a ninguém.
Depois,
começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser
rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto
e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas.
Então
Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os
discípulos, repreendeu Pedro, dizendo:
– Vai-te,
Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens.
E,
chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes:
– Se
alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na
verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por
causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á.
*** *** *** *** ***
O texto situa-nos no centro do Evangelho de Marcos. Está colocado entre as
duas grandes etapas da atividade de Jesus e nele aparece a pergunta que o evangelista
quer fazer aos seus leitores, a mesma a que ele tenta responder relatando o que
Jesus disse e fez: E vós, quem dizeis que Eu sou?
COMENTÁRIO
“Quem dizem os homens que Eu sou?”
Tudo acontece “no caminho”, na vida diária. Jesus toma a iniciativa e pergunta pela ideia que têm d’Ele aqueles que O vêem
e ouvem. Os discípulos acabam de regressar da sua missão
evangelizadora.
A
questão é também : que testemunho tendes dado de mim?
Baseando-se
na maneira de atuar dos cristãos, que
opinião podem ter as pessoas sobre Jesus?
Segundo
a resposta, as pessoas vinculam Jesus à linha profética. Nenhuma menção a um pretenso
messianismo político e poderoso. Para as pessoas, Jesus está dentro da tradição
profética.
É uma percepção interessante.
É uma percepção interessante.
“ E vós, quem dizeis que Eu sou?”
Esta segunda pergunta é a verdadeiramente
fundamental, a que agora nos dirige Jesus a cada um de nós. Já não se trata de
saber coisas acerca d’Ele, mas de saber quem é Ele.
Jesus é Caminho seguro, Verdade autêntica, Vida verdadeira. É a sua pessoa que mostra como é o nosso Deus, Pai/Mãe cheio de ternura, é quem ensina a vê-l’O em todas as pessoas, em todas as coisas, em todas as circunstâncias. É quem oferece um novo estilo de vida, que supõe alegria e ilusão de viver, liberdade, solidariedade, proximidade compassiva para com todas as pessoas...
Jesus é Caminho seguro, Verdade autêntica, Vida verdadeira. É a sua pessoa que mostra como é o nosso Deus, Pai/Mãe cheio de ternura, é quem ensina a vê-l’O em todas as pessoas, em todas as coisas, em todas as circunstâncias. É quem oferece um novo estilo de vida, que supõe alegria e ilusão de viver, liberdade, solidariedade, proximidade compassiva para com todas as pessoas...
Pedro
contesta corretamente, mas a sua ideia de messianismo, político, poderoso e
triunfador, não coincide com a de Jesus, nem com o que
pensa Jesus de si mesmo nem com o que Deus quer. Pedro deseja um líder político
que se assuma ao poder. Jesus descobriu e sente que esses não são os caminhos
de Deus.
Uma das tentações que os seres humanos
sempre tiveram foi a de tratar de açambarcar e apropriar-se do poder de Deus,
tentar “ensinar-Lhe” o caminho.
O
primeiro anúncio da paixão e da ressurreição supõe para os discípulos um
ensinamento novo. Jesus “começa" a ensinar-lhes a verdadeira natureza do
seu messianismo.
Além de nos incorporar à sua missão, Jesus também nos incorpora ao seu destino. Não caminhamos para a morte definitiva, mas para a plenitude da vida. Como Ele.
Além de nos incorporar à sua missão, Jesus também nos incorpora ao seu destino. Não caminhamos para a morte definitiva, mas para a plenitude da vida. Como Ele.
Pedro
tenta “fazer pensar” Jesus, levá-l’O por outros caminhos. Jesus convida-o a colocar-se
atrás d’Ele, a adoptar a atitude do discípulo que segue o seu mestre.
Há uma maneira humana de conceber a religião e a vida e há uma Palavra que provoca novas atitudes, uma nova forma de viver.
No caminho para o Pai ninguém precede
Jesus. Ele vai à frente para que O sigamos.
Jesus
põe o seguimento ao alcance de toda a pessoa que deseje abraçá-l’O.
Convida-nos a renunciar a tudo o que nos impede de sermos livres e felizes.
Convida-nos a renunciar a tudo o que nos impede de sermos livres e felizes.
A recomendação de Jesus é sempre o caminho para a verdadeira felicidade, a que nasce de dentro e não depende de como nos aconteçam as coisas. Viver com Ele e como Ele supõe uma vida mais autêntica, mais livre e mais feliz.
“Salvar
a vida” é ceder à tentação de se instalar no sistema.
“Perder
a vida”, afirmá-la no seu verdadeiro sentido: a vida como dom, como entrega.
É como
se nos dissesse: “A quem vier comigo vou levá-lo ao lucro pelo “esquisito”
caminho da perda, que é o meu caminho e não conheço outro. A única
condição que ponho é estar disposto a confiar em mim e na minha maneira de salvar
a sua vida, que seja capaz de me a confiar, como eu a confio Àquele de quem a
recebo. A sua será sempre uma vida sem garantia e sem provas, no assombro
sempre renovado da plena confiança. Por isso, não pode dar mais motivos que o
de: pela “Boa Notícia”, “por minha causa”.
Quem és, Senhor?
Qualquer dia, em qualquer
momento,
a tempo ou a destempo, sem prévio aviso
lanças a tua pergunta:
a tempo ou a destempo, sem prévio aviso
lanças a tua pergunta:
E tu, quem dizes que Eu sou?
E eu fico a meio caminho
entre o correto e o que sinto,
porque não me atrevo a correr riscos
quando tu me interrogas assim.
entre o correto e o que sinto,
porque não me atrevo a correr riscos
quando tu me interrogas assim.
Ensina-me como tu sabes.
Leva-me ao teu ritmo pelos
caminhos do Pai
e por essas sendas marginais que tanto te atraem.
e por essas sendas marginais que tanto te atraem.
Corrige-me, cansa-me.
E volta a explicar-me os
teus projetos e quereres, e quem és.
Quando em toda a tua vida
encontrar o sentido
para os pedaços da minha vida desfeita;
quando no teu sofrimento e na tua cruz
descobrir o valor de todas as cruzes;
quando fizer da tua causa a minha causa,
quando já não procurar salvar-me
mas perder-me nos teus quereres...
para os pedaços da minha vida desfeita;
quando no teu sofrimento e na tua cruz
descobrir o valor de todas as cruzes;
quando fizer da tua causa a minha causa,
quando já não procurar salvar-me
mas perder-me nos teus quereres...
Então, Jesus, volta a
perguntar-me:
E tu, quem dizes que Eu sou?
Ulibarri Fl.
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