Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Uma pergunta, muitas respostas. Qual é a minha resposta?



“E vós, quem dizeis que eu sou?”(Mc 8, 29) – esta pergunta de Jesus Cristo, perpassando as épocas, ressoa fortemente  nos ouvidos de cada ser humano e de modo especial de cada cristão. Também nos dias de hoje é impossível não se sentir “provocado” por ela.
Enfim, qual  é a minha, a sua, a nossa  resposta...?

Trago  aqui um comentário todo especial da Asun Gutiérrez Cabriada, que aborda essa pergunta.  Para quem quiser fazer uma reflexão sincera , interiorizando a mensagem, aqui tem uma boa oportunidade. Não deixe de ler.

[Os interessados pedem ler esse texto em PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom24B12port.pps 
Trabalho muito bonito!]
WCejnog



O Caminho de Jesus é uma senda
que nos conduzirá à liberdade:

a liberdade radical que nos permite participar

na Grande Obra de Arte de Deus

de maneira livre, espontânea e criativa...

e para todos juntos.

Albert Nolan




Evangelho segundo Marcos (8, 27-35)

Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta:
– Quem dizem os homens que Eu sou? Eles responderam:
– Uns, dizem João Baptista; outros, que Elias; e outros, um dos profetas.
Jesus, então, perguntou-lhes:
– E vós, quem dizeis que Eu sou?
Pedro tomou a palavra e respondeu:
– Tu és o Messias.
Ordenou-lhes então severamente que não falassem d’Ele a ninguém. 

Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas.
Então Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O.  Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo:
– Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens.

E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes:
– Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho,  salvá-la-á. 


***    ***    ***    ***   *** 

O texto situa-nos no centro do Evangelho de Marcos. Está colocado entre as duas grandes etapas da atividade de Jesus e nele aparece a pergunta que o evangelista quer fazer aos seus leitores, a mesma a que ele tenta responder relatando o que Jesus disse e fez: E vós, quem dizeis que Eu sou?

COMENTÁRIO

“Quem dizem os homens que Eu sou?”

Tudo acontece “no caminho”, na vida diária. Jesus toma a iniciativa e pergunta pela ideia que têm d’Ele aqueles que O vêem e ouvem.  Os discípulos acabam de regressar da sua missão evangelizadora.
A questão é também : que testemunho tendes dado de mim?
Baseando-se na maneira de atuar dos cristãos,  que opinião podem ter as pessoas sobre Jesus?

Segundo a resposta, as pessoas vinculam Jesus à linha profética. Nenhuma menção a um pretenso messianismo político e poderoso. Para as pessoas, Jesus está dentro da tradição profética.
É uma percepção interessante.

“ E vós, quem dizeis que Eu sou?”

Esta segunda pergunta é a verdadeiramente fundamental, a que agora nos dirige Jesus a cada um de nós. Já não se trata de saber coisas acerca d’Ele, mas de saber quem é Ele.
Jesus é Caminho seguro, Verdade autêntica, Vida verdadeira. É a sua pessoa que mostra como é o nosso Deus, Pai/Mãe cheio de ternura, é quem  ensina a vê-l’O em todas as pessoas, em todas as coisas, em todas as circunstâncias. É quem oferece um novo estilo de vida, que supõe alegria e ilusão de viver, liberdade, solidariedade, proximidade compassiva para com todas as pessoas...
Pedro contesta corretamente, mas a sua ideia de messianismo, político, poderoso e triunfador, não coincide com a de Jesus, nem com o que pensa Jesus de si mesmo nem com o que Deus quer. Pedro deseja um líder político que se assuma ao poder. Jesus descobriu e sente que esses não são os caminhos de Deus.
Uma das tentações que os seres humanos sempre tiveram foi a de tratar de açambarcar e apropriar-se do poder de Deus, tentar “ensinar-Lhe” o caminho.

O primeiro anúncio da paixão e da ressurreição supõe para os discípulos um ensinamento novo. Jesus “começa" a ensinar-lhes a verdadeira natureza do seu messianismo.
Além de nos incorporar à sua missão, Jesus também nos incorpora ao seu destino. Não  caminhamos para a morte definitiva, mas para a plenitude da vida. Como Ele.
Pedro tenta “fazer pensar” Jesus, levá-l’O por outros caminhos. Jesus convida-o a colocar-se atrás d’Ele, a adoptar a atitude do discípulo que segue o seu mestre.

Há uma maneira humana de conceber a religião e a vida e há uma Palavra que provoca novas atitudes, uma nova forma de viver.
No caminho para o Pai ninguém precede Jesus. Ele vai à frente para que O sigamos.
Jesus põe o seguimento ao alcance de toda a pessoa que deseje abraçá-l’O.
Convida-nos a renunciar a tudo o que nos impede de sermos livres e felizes.

A recomendação de Jesus é sempre o caminho para a verdadeira felicidade, a que nasce de dentro e não depende de como nos aconteçam as coisas. Viver com Ele e como Ele supõe uma vida mais autêntica, mais livre e mais feliz.

“Salvar a vida” é ceder à tentação de se instalar no sistema.
“Perder a vida”, afirmá-la no seu verdadeiro sentido: a vida como dom, como entrega.
É como se nos dissesse: “A quem vier comigo vou levá-lo ao lucro pelo “esquisito” caminho da perda, que é o meu caminho e não conheço outro. A única condição que ponho é estar disposto a confiar em mim e na minha maneira de salvar a sua vida, que seja capaz de me a confiar, como eu a confio Àquele de quem a recebo. A sua será sempre uma vida sem garantia e sem provas, no assombro sempre renovado da plena confiança. Por isso, não pode dar mais motivos que o de: pela “Boa Notícia”, “por minha causa”.

Quem és, Senhor?

Qualquer dia, em qualquer momento,
a tempo ou a destempo, sem prévio aviso
lanças a tua pergunta:
E tu, quem dizes que Eu sou?

E eu fico a meio caminho
entre o correto e o que sinto,
porque não me atrevo a correr riscos
quando tu me interrogas assim.
Ensina-me como tu sabes.
Leva-me ao teu ritmo pelos caminhos do Pai
e por essas sendas marginais que tanto te atraem.
Corrige-me, cansa-me.
E volta a explicar-me os teus projetos e quereres, e quem és.

Quando em toda a tua vida encontrar o sentido
para os pedaços da minha vida desfeita;
quando no teu sofrimento e na tua cruz
descobrir o valor de todas as cruzes;
quando fizer da tua causa a minha causa,
quando já não procurar salvar-me
mas perder-me nos teus quereres...
Então, Jesus, volta a perguntar-me:
E tu, quem dizes que Eu sou?
                                                               Ulibarri Fl.
 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário