Continua a reflexão sobre a Igreja. O texto abaixo, de Ferdinand Krenzer¹, fala
agora da presença de Jesus Cristo no mundo, que se dá de modo
especial através da sua Igreja.
Quando se
fala sobre essa presença e atuação de Cristo através da sua Igreja muitas pessoas não acreditam nisso; outras não levam a sério
esse fato porque deixam-se levar pelos conceitos do relativismo e materialismo.
E têm também aquelas que não sabem
se posicionar frente essa questão,
porque nunca tentaram procurar a resposta para a pergunta: Onde está Jesus Cristo hoje? Para elas,
talvez, seja mais cômodo não saber...
Para os cristãos
verdadeiros, que realmente vivem da fé, a resposta vem da revelação Divina e da fé do
ser humano, quando esse no encontro pessoal com Jesus Cristo, professa: “Meu
Senhor e meu Deus!”. Ai, não tem mais
lugar para dúvidas...
O importante é estarmos abertos à verdade de Deus,
procurando entender a mensagem de Jesus Cristo. Isso dissipará muitas das nossas
incertezas.
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Para poder
acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as
explicações é aconselhável ler desde o
início todos os seus textos sobre este
assunto (começo no dia 03 de agosto de 2012
- http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/a-questao-da-igreja-por-que-as-criticas.html)
(4)
Onde está Jesus Cristo
hoje?
Jesus Cristo não fundou a Igreja para depois deixá-la a sua
própria sorte. Ele não é fundador de
religião como Buda ou Maomé, que colocaram somente os fundamentos e aos adeptos deixaram a tarefa de propagação da sua doutrina. Ao contrário, Jesus Cristo continua
presente na sua Igreja: “Eis que estou
convosco todos os dias até o fim do mundo.” (Mt 28, 20).
O que quer mostrar com isso? Talvez somente aquilo que alguém
às vezes fala: “Estarei com você em meus pensamentos?”, ou “A sua obra continua
viva”? Não. Ele expressou algo muito mais e a Bíblia demonstra isso com a
imagem: “Eu sou a videira verdadeira e
meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto, ele o cortará, e podará
todo que der fruto, para que produza mais.” (Jo 15, 1-2). O ramo tem vida somente quando está ligado à
videira. Portanto os fiéis formam junto
com Jesus Cristo uma única vida.
São Paulo mostra isso
ainda melhor: fala que todos os batizados formam junto com Cristo, que é a cabeça,
um corpo: “[...] assim também nós, sendo
muitos, somos um só corpo em Cristo mas cada membro está a serviço dos outros membros” (Rom 12, 5). Isso quer dizer que ser cristão
só é possível quando se é fortemente unido ao Cristo. Também todos os membros
estão ligados não só com Cristo, mas
também entre si, assim que pode se afirmar: “Em verdade vos digo, todas as vezes que fizestes a um
destes meus irmãos menores, a mim o fizestes.” (Mt 25, 40). Que solidariedade!
Por outro lado, todo membro é importante para o corpo todo. “Como num só corpo temos muitos membros e cada um de
nossos membros possui diferente função...”
(Rom 12, 4). No outro lugar São Paulo chama a Igreja não só de corpo de Cristo, mas de próprio Cristo:
“Já não há judeu nem grego, nem, escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3, 28).
Jesus Cristo, Ele mesmo, identifica-se com a sua Igreja quando dirige-se ao
Saulo – o perseguidor da Igreja: “ ’Saulo,
Saulo, por que me persegues?’ Saulo respondeu: ‘Quem és, Senhor?’ E ele:’Eu sou
Jesus, a quem persegues’ “ (At 9, 4-5). A perseguição da Igreja é a perseguição de Cristo. Por isso
também Ele pode dizer: “Quem vos ouve, a
mim ouve, e quem me rejeita, também rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,
16).
Tudo isso é importante
para ser lembrado quando afirmamos que Jesus Cristo continua vivo na sua
Igreja. Nós cristãos temos a certeza de que a Igreja de Cristo é a mesma Igreja
nos tempos de hoje.
Como é diferente essa
imagem de Igreja de tudo aquilo que enxergam
nela as pessoas que ficam “do
lado de fora”, que vêem nela somente uma organização visível, um fenômeno
histórico, um organismo sociológico ou um poder político. Tudo aquilo que elas
dizem sobre a Igreja refere-se apenas a
um lado da medalha, mas não se refere
à sua essência. A Igreja não é somente um fenômeno simples e puramente
terrestre. Nela existe algo do mistério de Cristo. Por isso podemos afirmar que
a Igreja não é somente a intermediária
da fé, mas é também o sujeito da fé, quer
dizer, ela mesma também é o mistério da fé.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 137-138)²
Continua ...
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¹
Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg,
Hesse, † 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand
Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor,
ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais
difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
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