“A messe é grande, mas os
trabalhadores são poucos” – disse Jesus aos seus discípulos, e fez com eles (não só com os Doze, mas com todos!) um
ensaio incomum: dividindo-os em dois a dois,
enviou-os a todos os lugares,
onde Ele iria passar... Dando-lhes instruções, disse: “Ide: Eu vos
envio como cordeiros para o meio de lobos.” ...
Será que esse texto ainda hoje tem
coisas “atuais” para nos ensinar?
O que realmente Jesus espera de nós?
Será que como batizados, como fiéis e como Igreja, correspondemos às suas expectativas? Ou, talvez, nós nos acomodamos e
preferimos fazer partido dos “lobos” neste mundo, relativizando tudo,
até mesmo o prório Deus, tirando “proveito” em tudo e de tudo, justificando
as nossas atitudes com um simples: “mas,
hoje, a vida é assim mesmo!”? Talvez não queiramos mais lembrar que onde nós vivemos hoje,
também é o lugar “onde Jesus iria passar!” ...?
Para refletir sobre este episódio do
Evangelho segundo Lucas (10,1-12.17-20), trago para o blog Indagações o comentário de M. Asun Gutiérrez Cabriada. É uma reflexão muito bonita e útil para
todos nós.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os interessados pedem ler esse texto em
apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de
Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom14C13port.pps Trabalho muito bonito!]
Desde o primeiro momento, Jesus se
rodeia de amigos e colaboradores.
A chegada do reino de Deus pede
uma mudança de rumo em todo o povo, e isto não pode ser tarefa exclusiva de um
pregador particular.
É necessário pôr em marcha um
movimento de homens e mulheres
saídos do povo que, em sintonia com Ele, ajudem os outros a tomar consciência da proximidade salvadora de Deus.
saídos do povo que, em sintonia com Ele, ajudem os outros a tomar consciência da proximidade salvadora de Deus.
Jesus ensina a confiar no amor
solícito de Deus
e no acolhimento mútuo entre irmãos.
O que se respira junto a Jesus é
inusitado, algo verdadeiramente único.
A sua presença tudo enche. Ele é o
centro. O decisivo é a sua pessoa, toda a sua vida. Vive perdoando, libertando
do mal, amando apaixonadamente as pessoas acima de toda a lei, e indicando a
todos que o Deus que está a irromper nas suas vidas é assim: amor insondável e
só amor.
José Antonio Pagola.
(“Jesus: uma abordagem histórica”.)
COMENTÁRIO
Naquele
tempo,
designou
o Senhor setenta e dois discípulos
e
enviou-os dois a dois à sua frente,
a todas
as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
E
dizia-lhes: «A colheita é grande,
mas os trabalhadores são poucos.
Pedi ao
dono das plantações
que
mande trabalhadores para a colheita.
Lucas é o único evangelista que
narra a missão dos setenta e dois. Tenta
fazer ver a legitimidade e responsabilidade missionária de todos, não só dos
Doze.
Pensar que os trabalhadores da
messe e os encarregados de anunciar o Evangelho são os sacerdotes, religiosos e
missionários católicos, é empobrecer, degradar e falsear a palavra, o desejo e a recomendação de Jesus, além
de favorecer e fomentar a irresponsabilidade e a falta de compromisso da
maioria. O encargo de levar a Boa Nova ao mundo, à vida de cada dia, diz
respeito a todos os cristãos.
Pedir, rogar, é tomar consciência
das necessidades dos outros e usar os meios para as remediar.
As indicações de Jesus continuam a
ser válidas hoje: austeridade, solidariedade, acolhimento, coerência, denúncia
das situações injustas...
Ide: Eu
vos envio como cordeiros
para o
meio de lobos.
Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias,
nem vos
demoreis a saudar alguém pelo caminho.
A mensagem pode ser mal recebida,
mas na atitude de quem a comunica não pode faltar, compreensão, abertura,
bondade..., em coerência com o que se quer comunicar.
Também pode haver a possibilidade
de que a mensagem seja rejeitada porque o que se anuncia não é o Evangelho de
Jesus.
Jesus convida-nos a segui-l’O com
o mesmo “equipamento” que Ele utilizou: a sua palavra, a sua vida cheia de
bondade, de compaixão, de imensa valentia e profunda liberdade. Não necessitou
de dinheiro para comprar e manter influências nem força e poder para impor nem
se impor.
Quando
entrardes nalguma casa, dizei primeiro:
‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de
paz,
a vossa
paz repousará sobre eles;
senão,
ficará convosco.
Ficai
nessa casa, comei e bebei do que tiverem,
que o
trabalhador merece o seu salário.
Não
andeis de casa em casa.
Desejar e trabalhar pela paz e a
justiça, curar, partilhar vida e mesa mais além de preconceitos e escrúpulos
legais são modos concretos de tornar visível a proximidade do Reino que traz
salvação,
rompe fronteiras e liberta de tudo o que oprime, escraviza e desumaniza.
rompe fronteiras e liberta de tudo o que oprime, escraviza e desumaniza.
Quando
entrardes nalguma cidade e vos receberem, c
omei do
que vos servirem,
curai os
enfermos que nela houver e dizei-lhes:
‘Está perto de vós o reino de Deus’.
Mas
quando entrardes nalguma cidade
e não
vos receberem, saí à praça pública e dizei:
‘Até o pó da vossa cidade que se pegou aos
nossos pés
sacudimos
para vós.
Os que se considerem seguidores de
Jesus têm de mostrar, com a sua maneira de viver, o que significa partilhar. Jesus
convida-nos a ser libertadores de todas as doenças do nosso mundo. A sermos pessoas sanadoras, bálsamo, medicina e
consolo, construtores da paz.
Anunciar a chegada do Reino é confiar que Deus levará a cabo a sua obra contando com a nossa disponibilidade para o conseguir.
Anunciar a chegada do Reino é confiar que Deus levará a cabo a sua obra contando com a nossa disponibilidade para o conseguir.
No
entanto, ficai sabendo:
Está
perto o reino de Deus’.
Eu vos
digo: Haverá mais tolerância,
naquele
dia, para Sodoma do que para essa cidade».
Os
setenta e dois discípulos voltaram
cheios
de alegria, dizendo:
«Senhor,
até os demónios nos
obedeciam
em teu nome».
Que já está a chegar o reino de
Deus é a boa notícia que há que anunciar.
Jesus repete-o duas vezes neste texto assinalando que é o núcleo da mensagem.
Jesus repete-o duas vezes neste texto assinalando que é o núcleo da mensagem.
A missão produz a alegria própria
do Reino. Mais do que pelo triunfo pessoal, o motivo de autêntica alegria é
sermos instrumentos de Jesus e colaborar na sua causa.
Jesus
respondeu-lhes:
Eu via
satanás cair do céu
como um relâmpago.
Dei-vos o poder de pisar serpentes
e
escorpiões e dominar toda a força do inimigo;
nada
poderá causar-vos dano.
Contudo,
não vos alegreis porque
os
espíritos vos obedecem;
alegrai-vos
antes porque os vossos nomes
estão
escritos nos Céus”.
A
Palavra é poderosa e eficaz perante os poderes que oprimem os seres humanos.
Temos a segurança de que em Jesus, com a nossa disponibilidade e colaboração,
Deus decidiu acabar com o mal.
A fonte da nossa alegria é a convicção de nos sabermos e nos sentirmos filhos queridos e protegidos pelo Pai.
A fonte da nossa alegria é a convicção de nos sabermos e nos sentirmos filhos queridos e protegidos pelo Pai.
Tudo
o resto... é secundário.
POBREZA EVANGÉLICA
Não
ter nada.
Não
levar nada
Não
poder nada.
Não
pedir nada.
e,
sobretudo,
não
matar nada;
não
calar nada.
Somente
o Evangelho como uma faca afiada.
E
o pranto e o sorriso no olhar.
E
a mão estendida e apertada.
E
a vida, a cavalo, dada.
E
este sol e estes rios e esta terra comprada,
para
testemunhas da Revolução já iniciada.
E
“mais nada”!
Pedro Casaldáliga
No final do caminho me
dirão:
Viveste? Amaste?
E eu, sem dizer nada,
abrirei o meu coração cheio de nomes.
Viveste? Amaste?
E eu, sem dizer nada,
abrirei o meu coração cheio de nomes.
Poema de Pedro Casaldáliga,
O Tempo e a Espera, 1986.
Nenhum comentário:
Postar um comentário