Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

“A messe é grande! Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.” - Um breve comentário muito atual! Vale a pena conferir.

“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” – disse Jesus aos seus  discípulos, e fez com  eles (não só com os Doze, mas com todos!) um ensaio incomum: dividindo-os em dois a dois,  enviou-os a todos os lugares,  onde Ele  iria passar...  Dando-lhes instruções, disse: “Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.” ...

Será que esse texto ainda hoje tem coisas “atuais” para nos ensinar?
O que realmente Jesus espera de nós? Será que como batizados, como fiéis e como Igreja,   correspondemos às suas expectativas?  Ou, talvez, nós nos acomodamos  e  preferimos fazer partido dos “lobos” neste mundo, relativizando tudo, até mesmo o prório Deus, tirando “proveito” em tudo e de tudo, justificando as  nossas atitudes com um simples: “mas, hoje, a vida  é assim mesmo!”?  Talvez não queiramos  mais lembrar que onde nós vivemos hoje, também é o lugar  “onde Jesus iria passar!” ...?

Para refletir sobre este episódio do Evangelho segundo Lucas (10,1-12.17-20), trago para o blog Indagações o comentário de M. Asun Gutiérrez Cabriada.   É uma reflexão muito bonita e útil para todos nós. 
Não  deixe de ler.
WCejnog

[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom14C13port.pps  Trabalho muito bonito!]
 





Desde o primeiro momento, Jesus se rodeia de amigos e colaboradores.
A chegada do reino de Deus pede uma mudança de rumo em todo o povo, e isto não pode ser tarefa exclusiva de um pregador particular.
É necessário pôr em marcha um movimento de homens e mulheres
saídos do povo que, em sintonia com Ele, ajudem os outros a tomar consciência da proximidade salvadora de Deus.

Jesus ensina a confiar no amor solícito de Deus 
e no acolhimento mútuo entre irmãos.
O que se respira junto a Jesus é inusitado, algo verdadeiramente único.
A sua presença tudo enche. Ele é o centro. O decisivo é a sua pessoa, toda a sua vida. Vive perdoando, libertando do mal, amando apaixonadamente as pessoas acima de toda a lei, e indicando a todos que o Deus que está a irromper nas suas vidas é assim: amor insondável e só amor.

José Antonio Pagola.

(“Jesus: uma abordagem histórica”.)





COMENTÁRIO

Naquele tempo, 
designou o Senhor setenta e dois discípulos
e enviou-os dois a dois à sua frente,
a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
E dizia-lhes: «A colheita é grande,
 mas os trabalhadores são poucos.
Pedi ao dono das plantações
que mande trabalhadores para a colheita.

Lucas é o único evangelista que narra a  missão dos setenta e dois. Tenta fazer ver a legitimidade e responsabilidade missionária de todos, não só dos Doze.
Pensar que os trabalhadores da messe e os encarregados de anunciar o Evangelho são os sacerdotes, religiosos e missionários católicos, é empobrecer, degradar e falsear a  palavra, o desejo e a recomendação de Jesus, além de favorecer e fomentar a irresponsabilidade e a falta de compromisso da maioria. O encargo de levar a Boa Nova ao mundo, à vida de cada dia, diz respeito a todos os cristãos.
Pedir, rogar, é tomar consciência das necessidades dos outros e usar os meios para as remediar.
As indicações de Jesus continuam a ser válidas hoje: austeridade, solidariedade, acolhimento, coerência, denúncia das situações injustas...

Ide: Eu vos envio como cordeiros
para o meio de lobos.
 Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias,
nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho.

A mensagem pode ser mal recebida, mas na atitude de quem a comunica não pode faltar, compreensão, abertura, bondade..., em coerência com o que se quer comunicar.
Também pode haver a possibilidade de que a mensagem seja rejeitada porque o que se anuncia não é o Evangelho de Jesus.
Jesus convida-nos a segui-l’O com o mesmo “equipamento” que Ele utilizou: a sua palavra, a sua vida cheia de bondade, de compaixão, de imensa valentia e profunda liberdade. Não necessitou de dinheiro para comprar e manter influências nem força e poder para impor nem se impor.

Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro:
 ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz,
a vossa paz repousará sobre eles;
senão, ficará convosco.
Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem,
que o trabalhador merece o seu salário.
Não andeis de casa em casa.

Desejar e trabalhar pela paz e a justiça, curar, partilhar vida e mesa mais além de preconceitos e escrúpulos legais são modos concretos de tornar visível a proximidade do Reino que traz salvação,
rompe fronteiras e liberta de tudo o que oprime, escraviza  e desumaniza.

Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, c
omei do que vos servirem,
curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes:
 ‘Está perto de vós o reino de Deus’.
Mas quando entrardes nalguma cidade
e não vos receberem, saí à praça pública e dizei:
 ‘Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés
sacudimos para vós.

Os que se considerem seguidores de Jesus têm de mostrar, com a sua maneira de viver, o que significa partilhar. Jesus convida-nos a ser libertadores de todas as doenças do nosso mundo. A sermos  pessoas sanadoras, bálsamo, medicina e consolo, construtores da paz.
Anunciar a chegada do Reino é confiar que Deus levará a cabo a sua obra contando com a nossa disponibilidade para o conseguir.


No entanto, ficai sabendo:
Está perto o reino de Deus’.
Eu vos digo: Haverá mais tolerância,
naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade».
Os setenta e dois discípulos voltaram
cheios de alegria, dizendo:
«Senhor, até os demónios nos
obedeciam em teu nome».

Que já está a chegar o reino de Deus é a boa notícia que há que anunciar.
Jesus repete-o duas vezes neste texto assinalando que é o núcleo da mensagem.
A missão produz a alegria própria do Reino. Mais do que pelo triunfo pessoal, o motivo de autêntica alegria é sermos instrumentos de Jesus e colaborar na sua causa.

Jesus respondeu-lhes:
Eu via satanás cair do céu
 como um relâmpago.
 Dei-vos o poder de pisar serpentes
e escorpiões e dominar toda a força do inimigo;
nada poderá causar-vos dano.
Contudo, não vos alegreis porque
os espíritos vos obedecem;
alegrai-vos antes porque os vossos nomes
estão escritos nos Céus”. 



A Palavra é poderosa e eficaz perante os poderes que oprimem os seres humanos. Temos a segurança de que em Jesus, com a nossa disponibilidade e colaboração, Deus decidiu acabar com o mal.
 A fonte da nossa alegria é a convicção de nos sabermos e nos sentirmos filhos queridos e protegidos pelo Pai.

Tudo o resto... é secundário.
 




POBREZA EVANGÉLICA



Não ter nada.

Não levar nada

Não poder nada.

Não pedir nada.

e, sobretudo,

não matar nada;

não calar nada.

Somente o Evangelho como uma faca afiada.

E o pranto e o sorriso no olhar.

E a mão estendida e apertada.

E a vida, a cavalo, dada.

E este sol e estes rios e esta terra comprada,

para testemunhas da Revolução já iniciada.

E “mais nada”!



Pedro Casaldáliga



No final do caminho me dirão:
Viveste? Amaste?
E eu, sem dizer nada,
abrirei o meu coração cheio de nomes.

Poema de Pedro Casaldáliga,
O Tempo e a Espera, 1986. 


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