Na véspera da chegada do
papa Francisco ao Brasil para JMJ Rio 2013, acho oportuno lembrar do artigo “A
primavera da Igreja”, de Nicola Zingaretti, que foi publicado recentemente no site
do Instituto Humanitas (IHU). O texto certamente possui algumas valiosas observações,
que possam servir de base para uma boa reflexão
sobre as mudanças que estão ocorrendo na
Igreja Católica, desde o começo do pontificado do papa Francisco.
Não deixe de ler!
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Notícias
Sexta, 12 de julho de 2013
A primavera da Igreja. Artigo de Nicola Zingaretti
O
Papa Francisco,
no arco de pouco mais de 100 dias desde o início do pontificado, está levando a
Igreja a uma nova primavera. Uma simples revolução, que é hoje um ensinamento
profético que toca a todos, independentemente do próprio credo religioso.
A
opinião é de Nicola
Zingaretti, presidente da região do Lazio e
ex-presidente da província de Roma,
na Itália,
em artigo publicado no jornal L'Unità,
10-07-2013. A tradução é de Moisés
Sbardelotto.
Eis
o texto.
Muito
tem sido escrito nestes dias sobre o Papa
Francisco, sobre a visita a Lampedusa, sobre a simplicidade dos
seus gestos, sobre os primeiros 100 dias do governo vaticano. Mas se tivéssemos
que imaginar uma fotografia desse período, não conseguiríamos encontrar uma,
porque a multiplicidade delas parece ter nos abalado positivamente. Imagens
como o beijo dos pés de um jovem detento da prisão juvenil de Casal del Marmo,
a saudação aos fiéis depois da celebração dominical, a cruz de prata, o cálice de madeira usado ao longo da
missa em Lampedusa
e ainda a cadeira vazia durante um
concerto em sua honra. Gestos que não representam um desvio demagógico da
autoridade pontifícia, mas que expressam uma séria mudança em uma ótica de
reaproximação das pessoas.
São
ações que têm um coração, uma palavra, que narram um modo de estar à frente da
Igreja que visa a inverter o ponto central até agora inerente à figura do
pontífice, às quais todos tendem e que agora contam os lugares dos últimos, as
periferias a serem lidas não só em sentido geográfico, mas também como os
espaços daqueles que estão às margens. Os pobres como o novo centro desta
Igreja.
A
cadeira vazia, dias atrás, no concerto em sua honra não é apenas um lugar em
que ninguém está sentado, mas representa a nova dimensão espaço-temporal de um
pontífice que, com um simples gesto, se coloca distante da mundanidade e do
supérfluo, verdadeiros males desta época. Ele considera não só mais importante
se dedicar a outras coisas, mas também o faz, colocando a sua figura longe do
apartamento desde sempre destinado aos sucessores de Pedro como vivência
de espaço de isolamento, posicionando-se, ao contrário, dentro da Casa de Santa Marta.
Um impulso de querer ser papa entre as pessoas, de não configurar como um
soberano inacessível, de viver uma dimensão não só espiritual, mas também comunitária,
compartilhada.
Fora
da anedótica e da leitura simples que podemos encontrar nisso, temos a
consciência de estarmos diante de uma revolução que, no que concerne ao espaço
profético e ao valor simbólico dos gestos, remete ao Papa João XXIII e
àquela naturalidade que não era só estilo, mas também modalidade e forma de
governo. Equivoca-se quem não capta o poder do simbolismo que esses atos
expressam: como não ficar tocado por uma coroa de flores jogada ao mar, em
memória daqueles que, em busca de um futuro melhor, perderam a vida? Como não
ver no lava-pés na prisão de Casal
del Marmo uma tenaz vontade de fazer entender quem são os
últimos e como estar perto deles?
Justamente
neste ano em que celebramos os 50 anos do Concílio Vaticano II, momento em que
foram lançadas as bases da nova Igreja, a figura de Bergoglio, no seu
apelo aos valores simples e autênticos da fé, assim como do viver humano, nos
induz a nos reapropriarmos de uma Igreja humilde, irmã, próxima.
O
Papa Francisco,
no arco de pouco mais de 100 dias desde o início do pontificado, está levando a
Igreja a uma nova primavera. Uma simples revolução, que, sem entrar naquela que
será a presumível reforma da Cúria, é hoje um ensinamento profético que toca a
todos, independentemente do próprio credo religioso, e que nos chama às nossas
responsabilidades, a sermos simples, sóbrios, a sermos guiados, como disse
Alberto Melloni, a uma "mansa intransigência".
Fonte: Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521883-a-primavera-da-igreja-artigo-de-nicola-zingaretti
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