É muito conhecida a parábola do bom
Samaritano, narrada no Evangelho segundo Lucas (10, 25-37). Durante a conversa com um doutor da lei, Jesus usa essa
parábola para tornar clara e
completa a resposta para a pergunta: “quem é o meu próximo?”
Parece que já ouvimos todos os
comentários possíveis sobre esse episódio, já sabemos “todas as respostas” e
não há “nada de novo”, que aqui se possa
acrescentar...
Mas, será que é assim mesmo? Ou, talvez, nos comportamos como esses
“falsos próximos” (paradoxalmente, esses sim, “sabem” muito bem, na teoria, do
mandamento de amor e do amar exigênte em
relação ao próximo!) do homem ferido, largado na margem do caminho, que
vendo-o, passam adiante... Mais ainda, será que nós somos capazes de enxergar o próprio Jesus... na pessoa desses feridos,
assaltados e humilhados nos dias de hoje pela exclusão social, pelo sistema econômico cruel e pelas
estruturas opressoras impostas ao ser humano para fazê-lo escravo e sujeito sem
nome...? Será que vendo-o, “não passamos
adiante”?
Para refletir sobre esta parábola do
bom Samaritano, trago para o blog
Indagações o comentário
de M. Asun Gutiérrez Cabriada.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os interessados pedem ler esse texto em
apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de
Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom15C13port.pps Trabalho muito bonito!]
“Eu sinto que o mais supremo do
humano é o verdadeiro amor.”
“O cristianismo histórico é o contrário do que foi
Jesus.”
“Reafirmo que a minha fé na ressurreição se refere
com toda rotundidade e com íntima felicidade a Jesus.
com toda rotundidade e com íntima felicidade a Jesus.
Refere-se também com força aos pobres e marginalizados
e injustamente
oprimidos.”
José María Díez-Ale
Comentário
Naquele tempo, levantou-se um doutor
da lei
e perguntou a Jesus para O
experimentar:
«Mestre, que hei-de fazer para receber
como herança a vida eterna?».
Jesus disse-lhe:
«Que está escrito na Lei? Como lês
tu?»
Jesus remete-o para a Escritura,
indicando-lhe onde pode buscar a resposta.
indicando-lhe onde pode buscar a resposta.
Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu
Deus
com todo o teu coração e com toda a
tua alma,
com todas as tuas forças
e com todo o teu entendimento;
e ao próximo como a ti mesmo».
Disse-lhe Jesus: Respondeste bem.
Faz isso e viverás.
Faz isso e viverás.
Jesus quer tirá-lo da teoria para
o levar à prática.
A teoria não serve de nada se o
amor a Deus e aos outros não determina a forma de actuar. Jesus diz-lhe o mesmo
que a nós: vive e ama e realizarás o mandamento.
Mas ele, querendo justificar-se,
perguntou a Jesus:
«E quem é o meu próximo?».
O mestre da lei espera e deseja
uma definição de próximo que justifique
a sua conduta habitual.
Como faz com frequência, Jesus não
contesta o que lhe preguntam, mas a o que deveriam ter-lhe perguntado.
Para quem sou próximo? Quem espera
a minha ajuda? Quem vê em mim o próximo?
Sou capaz de me fazer próximo, de
me aproximar de quem me necessita?
Jesus, tomando a palavra, disse:
«Um homem descia de Jerusalém para
Jericó…
A parábola, exclusiva de Lucas,
está perfeitamente ambientada.
O caminho que descia de Jerusalém a Jericó era muito inseguro, cheio de ladrões, salteadores de caminhos que roubavam e até matavam os viajantes.
O caminho que descia de Jerusalém a Jericó era muito inseguro, cheio de ladrões, salteadores de caminhos que roubavam e até matavam os viajantes.
... e caiu nas mãos
dos salteadores.
Roubaram-lhe tudo o que levava,
espancaram-no e foram-se embora,
deixando-o meio-morto.
Por coincidência, descia pelo mesmo
caminho
um sacerdote; viu-o e passou adiante.
Do mesmo modo, um levita
que vinha por aquele lugar,
viu-o e passou também adiante.
O sacerdote e o levita, pertencem
ao mundo oficial e respeitado do culto, cumprem a lei, mas não praticam a
misericórdia.
O estar no templo e supostamente nas coisas de Deus não os ajuda a aproximar-se dos que os necessitam.
O estar no templo e supostamente nas coisas de Deus não os ajuda a aproximar-se dos que os necessitam.
Não olham o ferido, afastam-se dele.
Para eles é um obstáculo a evitar. Nesta noutras ocasiões, Jesus denuncia a
pouca coerência na vida dos “oficialmente bons”.
De quê, de quem passo ao largo na
vida? Perante quê, perante quem dou uma volta? Há certas situações, certas
pessoas que não quero ver?
Mas um samaritano, que ia de viagem,
passou junto dele e, ao vê-lo,
encheu-se de compaixão.
Aproximou-se, ligou-lhe as feridas
deitando azeite e vinho,
colocou-o sobre a sua própria montada,
levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
No dia seguinte, tirou duas moedas,
deu-as ao estalajadeiro e disse:
‘Trata bem dele; e o que gastares a
mais
eu to pagarei quando voltar’.
Um samaritano, toda uma
provocação. Nenhum judeu o teria considerado como seu próximo. É estrangeiro,
herege, desprezado, cismático. Pertence a um povo com uma história obscura. Mesmo
não tendo um catecismo como o do sacerdote e do levita, a primeira coisa que
faz é deter-se e aproximar-se. Dispensa com solicitude grande quantidade de
ações concretas a favor do necessitado, olha-o, aproxima-se, comove-se, assume
o encontro, deixa-se interpelar pela necessidade do outro, cura-o. Tudo faz
movido por um coração tocado pela compaixão.
Para Jesus é modelo de como ser
próximo.
Qual destes três te parece ter sido o próximo
daquele homem que caiu nas mãos
dos salteadores?».
O doutor da lei respondeu:
«O que teve compaixão dele».
Jesus pergunta-nos se o nosso
coração é compassivo. se ao ver um irmão em necessidade “se nos comovem as
entranhas” e atuamos em consequência.
Jesus antepõe a compaixão a qualquer tipo de exigência ritual ou legal.
Jesus antepõe a compaixão a qualquer tipo de exigência ritual ou legal.
O amor ao próximo, inseparável do
amor a Deus e resumo de toda a vida cristã, realiza-se na prática servindo-o
nas pessoas necessitadas que encontramos no caminho da vida.
É a experiência pessoal de Jesus,
o Bom Samaritano por excelência, que frequentemente recordou: “Quero
misericórdia e não sacrifícios” (Mt 9,13;12,7)
Disse-lhe Jesus:
- Então vai e faz o mesmo.
- Então vai e faz o mesmo.
A dúvida sobre quem é meu próximo,
para quem sou próximo, resolve-se quando “vou e faço o mesmo”. Quando não passo ao largo
perante os problemas sociais: o desemprego, a imigração, os despejos, o
assédio, a exploração, a violência, a falta de solidariedade...
O próximo não aparece no momento e
na hora que eu tenho programada. Surge de repente, fazendo-me encurtar
distâncias, suprimir barreiras, mudar os meus planos, modificar o meu
itinerário, quando me estão esperando um montão de coisas e de deveres
“importantes”. Jesus convida-me a atuar perante as surpresas de cada dia.
A Palavra está dita; é a nossa
vez, a cada um de nós cabe responder.
SEGUIR-TE HOJE
Seguir-Te hoje é fazer-se um
com os pobres,
sujar as mãos trabalhando com eles
e apostar pela sua dignidade.
Ser um deles.
Seguir-Te a Ti, é ter-Te descoberto
nos rostos necessitados,
nos que choram de medo.
É fazer-se solidário do seu destino incerto.
sujar as mãos trabalhando com eles
e apostar pela sua dignidade.
Ser um deles.
Seguir-Te a Ti, é ter-Te descoberto
nos rostos necessitados,
nos que choram de medo.
É fazer-se solidário do seu destino incerto.
Juanjo Elezkano
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