Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 27 de julho de 2013

“Quando orardes dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino...” - Comentário de Asun Gutiérrez. Muito bom!




Jesus, atendendo ao pedido dos  seus discípulos, ensina-os a rezar: “Quando orardes dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino..."

Para refletir sobre este episódio do Evangelho segundo Lucas (11,1-13) e principalmente  sobre o conteúdo da oração "Pai nosso", trago para o blog Indagações o comentário de M. Asun Gutiérrez Cabriada. 
É uma reflexão maravilhosa. Não  deixe de ler.
WCejnog


[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:

 


Jesus inaugura uma linguagem completamente nova ao aplicar a Deus a palavra “Abbá”.
“Abbá” é o primeiro balbucio do bebê que começa a emitir sons e torna feliz o seu pai e sua mãe dizendo ”papai e mamãe”  (“abbá/immá”).
“Abbá” é infantil, familiar e quotidiano.
Ninguém teria ousado dirigir-se a Deus como uma criança pequena a seu papai.
Este tratamento provém do seu excepcional conhecimento de Deus.
É o Filho quem conhece o Pai e pode dá-lo a conhecer.
Este “Abbá” é uma das mais seguras “ipsissima vox Iesu”, e é o coração da sua mensagem.
E mais ainda: na introdução ao Pai Nosso Jesus dá-nos esse conhecimento e comunica-nos o “direito” de nos dirigirmos a Deus como “Papai”, com o que inaugura a nova relação com Deus que é o coração da Boa Nova, a porta que abre a entrada para o Reino.

Porque Jesus, o Filho, me informou de quem sou e de Quem és.
Por isso posso levantar os olhos, erguer a fronte,
olhar-te olhos nos olhos e dizer:  PAI
José Enrique Galarreta


COMENTÁRIO

Naquele tempo, estava Jesus em oração
em certo lugar.
Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos:
- Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista
ensinou também os seus discípulos.
Disse-lhes Jesus:
- Quando orardes, dizei:

Lucas mostra Jesus a rezar sozinho, em grupo, em momentos de alegria e de crise.
Como sempre, Jesus vai muito mais além do que pedem os seus discípulos.
Para Ele, ensinar-nos a orar não significa ensinar-nos uma oração.
Jesus não ensina fórmulas.
Perante o pedido de uma forma ritual de orar, Jesus oferece um estilo de oração-vida que implica a confiança absoluta em Deus
e o compromisso pessoal e social.
Pai,

Jesus faz-nos a entrega do seu Deus, da sua própria relação com Abbá.
Diz-nos que tratemos a Deus como Ele O trata, Abbá (papazinho).  A palavra aramaica com a qual as crianças tratam familiarmente o seu pai. Palavra confidencial, carinhosa, familiar, que não tem a solenidade da linguagem litúrgica.
Para falar com Deus, Jesus utiliza a linguagem das crianças e não a dos rabinos.
Utiliza a linguagem de casa e não a dos documentos. Utiliza o dialeto do coração. E diz-nos que façamos o mesmo.

santificado seja o vosso nome;

A santidade é o aroma da proximidade de Deus” (Guardini).
Dizer  “santificado seja o teu nome” é emprestar a nossa voz para que ressoe no mundo a glória de Deus, emprestar a nossa vida para que nela transpareça o brilho da sua presença.
Olhando Jesus aprenderemos a santificar o nome do  Pai, porque ninguém sabe fazê-lo como Ele o faz.

venha o vosso Reino;

O Reino de Deus é o núcleo da mensagem de Jesus, o motor da sua vida.
Enquanto continuarem a existir pessoas doentes, tristes, marginalizadas, desiludidas, empobrecidas, violentadas... o Reino de Deus ainda não se instaurou.
A tarefa e a missão das seguidoras e seguidores de Jesus é anunciar o Reino, não só com palavras, mas com sinais criativos e criadores.
Pedir que venha o Reino é viver para o construir, para o tornar realidade. É trabalhar para mudar o mundo.
Todos somos chamados a construir o Reino. O Reino é a nossa oferta, a nossa tarefa, a nossa missão.

Dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência;

Jesus fala da necessidade do dia a dia, o que supõe não acumular, nao açambarcar.

Tem sentido pedir, cada dia, o que me sobra?
Tenho eu o pão dos que, cada dia, não têm o necessário?
Tem sentido pedir para os outros se eu tenho o que lhes pertence?

“Não peças a Deus que faça o que Ele espera que tu faças pelos outros”.
“Dai-lhes vós de comer”. “De graça recebestes, dai de graça”.
 “A Mim o fizestes”.

(...) 
Pedir o pão necessário supõe combater as injustiças que originam o empobrecimento de tantas pessoas que não têm o necessário para cada dia.

Perdoa-nos os nossos pecados,
porque também nós perdoamos
a todo aquele que nos ofende;

Está claro que o problema  não é o perdão por parte de Deus, que está garantido em todo o Evangelho.
O perdão, a si mesmo e aos outros pode ser mais complicado.
Sentir-se perdoado e saber perdoar é fonte de libertação e de paz.
Acolher o perdão incondicional e gratuito de Deus capacita-nos para nos perdoarmos e para perdoar.

Sinto-me perdoado incondicionalmente?
Custa-me perdoar-me e perdoar? Ofendo-me com facilidade?
Digo o Pai Nosso por rotina, sem me comprometer e torná-lo vida? 

e não nos deixeis cair em tentação.

Jesus  convida-nos a orar não para estar livres de provações, mas para saber superá-las, para não ficar presos nelas.
Jesus conhece a tentação e as nossas tentações, contamos sempre com a sua compreensão e a sua força para nos ajudar a nos re-evangelizarmos, a não desfalecer no caminho de solidariedade com os outros e da confiança no Pai.

Disse-lhes ainda:
Se algum de vós tiver um amigo,
poderá ter de ir a sua casa
à meia-noite para lhe dizer:
‘Amigo, empresta-me três pães,
porque chegou de viagem
um dos meus amigos e não tenho
nada para lhe dar’.
Ele poderá responder lá de dentro:
 ‘Não me incomodes; a porta está fechada,
eu e os meus filhos estamos deitados
e não posso levantar-me
para te dar os pães’.  
 Eu vos digo:
se ele não se levantar por ser amigo,
 ao menos, por causa da sua insistência,
levantar-se-á para lhe dar tudo
aquilo de que precisa.

A constância no pedido, a confiança total no Amigo, a segurança inquebrantável de que o pedido será escutado, fazem que se consiga o que se necessita.
Sobretudo sabendo que Deus é mais que um amigo,  é Pai/Mãe.

Também vos digo: pedi e dar-se-vos-á;
procurai e encontrareis;
 batei à porta e abrir-se-vos-á.
Porque quem pede recebe;
quem procura encontra
e a quem bate à porta, abrir-se-á.
Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe,
 em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente?
E se lhe pedir um ovo,
dar-lhe-á um escorpião? 
Se vós, que sois maus, 
sabeis dar coisas boas aos vossos filhos,
quanto mais o Pai do Céu
dará o Espírito Santo
àqueles que Lho pedem!

Jesus anima-nos a pedir, a buscar, a chamar incansavelmente, não porque tenhamos que convencer o Pai que sabe o que necessitamos antes de lho pedir (Mt. 6, 8), mas para mostrar a nossa confiança ilimitada n’Ele em todas as circunstâncias da vida. 

As perguntas são retóricas, levam a responder: Ninguém faria isso! O que não faria um pai, uma mãe, um amigo, uma amiga..., muito menos o fará o amor gratuito e incondicional do Pai que está disposto a dar-nos o maior bem: a antecipação do Reino, o Espírito de Jesus, o único que nos pode pôr em sintonia com a sua vontade e ajudar-nos a ser suas testemunhas. 


Oracao do pai – mãe

Meu filho, minha filha que estás no mundo.
És a minha glória e em ti está o meu Reino.
És a minha vontade e o meu querer.
Teu nome é minha alegria cada dia.
Amo-te.
Te elevo e sustento.
Dou-te tudo o que é meu
- o pão, os irmãos e irmãs, o Espírito.
Quero que vivas feliz
e que ajudes a viver.
Perdoo-te sempre
e te peço que perdoes.
Não temas.
Eu te livrarei do mal
e de todas as suas redes.
Dia e noite penso em ti,
meu filho, minha filha.
Amém

Ulibarri Fl.




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