Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

“Vai e faz tu o mesmo” - uma reflexão de José Antônio Pagola.



Uma curta, mas muito boa  reflexão do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola,  sobre a  parábola do bom Samaritano.
 Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
WCejnog


Notícias

Não passar ao lado 

 

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10, 25-35, que corresponde ao XV Domingo, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

 Eis o texto:

“Sede compassivos como o vosso Pai é compassivo”. Esta é a herança que Jesus deixou à humanidade. Para compreender a revolução que quer introduzir na história, temos de ler com atenção o seu relato do bom samaritano. Nele descreve-se a atitude que temos de promover, para além das nossas crenças e posições ideológicas ou religiosas, para construir um mundo mais humano.

Na vala de um caminho solitário jaz um ser humano, roubado, agredido, despojado de tudo, meio morto, abandonado à sua sorte. Neste ferido sem nome e sem pátria Jesus resume a situação de tantas vítimas inocentes maltratadas injustamente e abandonadas nas valas de tantos caminhos da história.

No horizonte aparecem dois viajantes: primeiro um sacerdote, portanto um levita. Os dois pertencem ao mundo respeitado da religião oficial de Jerusalém. Ambos atuam de forma idêntica: “veem o ferido, dão uma volta e passam ao largo”. Os dois fecham os seus olhos e o seu coração, aquele homem não existe para eles, passam sem deter-se. Esta é a crítica radical de Jesus a toda a religião incapaz de gerar nos seus membros um coração compassivo. Que sentido tem uma religião tão pouco humana?

Pelo caminho vem um terceiro personagem. Não é sacerdote nem levita. Nem sequer pertence à religião do Templo. No entanto, ao chegar, “vê o ferido, comove-se e aproxima-se”. Logo, faz por aquele desconhecido tudo o que pode para resgatá-lo com vida e restaurar a sua dignidade. Esta é a dinâmica que Jesus quer introduzir no mundo.

Em primeiro lugar é não fechar os olhos. Saber “olhar” de forma atenta e responsável para aquele que sofre. Este olhar pode nos libertar do egoísmo e da indiferença que nos permitam viver com a consciência tranquila e a ilusão de inocência no meio de tantas vítimas inocentes. Ao mesmo tempo, “comover-nos” e deixar que o seu sofrimento doa também em nós.

O decisivo é reagir e “aproximar-nos” daquele que sofre, não para nos perguntar se temos ou não alguma obrigação de ajudá-lo, mas para descobrir de perto que é um ser necessitado que nos chama. A nossa atuação concreta revelará a nossa qualidade humana.

Tudo isso não é teoria. O samaritano do relato não se sente obrigado a cumprir um determinado código religioso ou moral. Ele simplesmente responde à situação do ferido inventando toda uma classe de gestos práticos orientados para aliviar seu sofrimento e restaurar sua vida e dignidade. Jesus conclui com estas palavras. “Vai e faz tu o mesmo”.


 


Nenhum comentário:

Postar um comentário