Excelente
a entrevista com teólogo, professor e também assessor teológico do CIMI, Paulo
Suess publicada nestes dias no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Para
contribuir na divulgação da entrevista citada acima, trago-a para o blog
Indagações.
A
matéria é muito interessante e penso que todos nós deveríamos conhecê-la, para
ampiar mais o nosso ponto de vista em relação às novas mensagens, atitudes e
gestos do Papa Francisco, que apontam para uma nova direção na caminhada da Igreja
Católica.
Não
deixe de ler!
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IHU –
Entrevistas
Terça, 06 de agosto de 2013
A Igreja de Francisco.
''Voltar para as fontes, e caminhar devagar no
ritmo do povo''. Entrevista especial com Paulo Suess. “Missão, participação, proximidade aos pobres, diálogo,
estruturas a serviço do povo de Deus – eis as inspirações pastorais novamente
lançadas pelo Papa Francisco", afirma o teólogo.
“A teologia do Papa Francisco
é missionária, pastoral e espiritual, orientada para a proximidade com os
pobres nas diferentes periferias do mundo, periferias geográficas, sociais,
culturais e existenciais”, afirma Paulo Suess (foto abaixo) em
entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail. Para ele,
os discursos mais importantes de Francisco “são seus gestos”, de tal
modo que “sua ida para Lampedusa foi mais importante do
que sua Encíclica Lumen Fidei (...) Sua metodologia de ver e
discernir a realidade antes de pronunciar discursos e agir, agora pode ser
retomado pelas Conferências Episcopais de todo o continente”.
Na entrevista a seguir, Suess
avalia os discursos proferidos pelo Papa em visita ao Brasil e enfatiza que a
mensagem aos bispos brasileiros é “uma releitura do Documento de Aparecida.
(...). A partir do episódio dos dois discípulos de Emaús, que fogem de
Jerusalém e da ‘nudez’ de Deus, Francisco faz uma leitura do Êxodo
da Igreja, analisa suas razões para depois dar o recado aos pastores. ‘Somos
uma Igreja capaz de reconduzir o povo, que está em fuga, a Jerusalém, onde
estão nossas fontes? Somos capazes de contar de tal modo essas fontes, que
despertem o encanto pela sua beleza? Haverá algo de mais alto que o amor
revelado em Jerusalém? Nada é mais alto do que o abaixamento da Cruz, porque lá
se atinge verdadeiramente a altura do amor!’”
Paulo Suess nasceu na Alemanha. É doutor em
Teologia Fundamental com um trabalho sobre Catolicismo popular no Brasil. Em
1987 fundou o curso de Pós-Graduação em Missiologia, na Pontifícia Faculdade
Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, onde foi coordenador até o fim de
2001. Recebeu o título de Doutor honoris causa, das Universidades de Bamberg (Alemanha,
1993) e Frankfurt (2004). É assessor teológico do Conselho
Indigenista Missionário – Cimi e professor no ciclo de
pós-graduação em missiologia, no Instituto Teológico de São Paulo – ITESP.
Entre suas publicações, citamos Dicionário de Aparecida. 40 palavras-chave para uma
leitura pastoral do Documento de Aparecida (São Paulo: Paulus,
2007).
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Há muitos comentários acerca do jeito de ser do Papa Francisco, contudo, teologicamente, quais devem ser as linhas mestres de seu pontificado? Já é possível vislumbrar algo nesse sentido?
Paulo Suess - A teologia do Papa Francisco
é missionária, pastoral e espiritual, orientada para a proximidade com os
pobres nas diferentes periferias do mundo, periferias geográficas, sociais,
culturais e existenciais. Nessa proximidade está enraizada a sua teologia. Sua
Teologia emerge de uma Mariologia biograficamente assentada e de uma
Cristologia formada pela Companhia de Jesus.
Mário Bergoglio perdeu cedo a sua mãe, o que tornou
a Mãe de Deus muito importante em sua vida. Na Igreja, que nasce em Jerusalém,
Maria, diz Francisco, é mais importante que os apóstolos. Nesta
perspectiva ele vai incentivar a dignidade da mulher na Igreja que considera
mais importante do que a hierarquia.
Quando os superiores mandaram Mário
Bergoglio para fazer estudos de pós-graduação em Frankfurt, logo
interrompidos por outra responsabilidade na Companhia, na volta para a sua
terra não trouxe escritos acadêmicos em sua mala, mas uma devoção mariana no
coração: “Maria a Desatadora dos Nós” que ele encontrou em Augsburg.
Essa devoção, que responde às aflições do povo simples, hoje a encontramos
espalhada em toda a América Latina. É a devoção da Imaculada que Bergoglio
reencontrou em Aparecida. Eventos importantes em
sua vida, o Papa Francisco sempre vai iniciar aos
pés da Imaculada Desatadora dos Nós, aos pés da cruz.
Com Maria, o
Papa Francisco se encontra em Jerusalém.
Em Jerusalém foi revelado o amor despojado de Deus. Em Jerusalém, diz Francisco,
se encontram as fontes da Igreja: Escritura, Catequese, Sacramentos,
Comunidade, amizade do Senhor. Em Jerusalém também se encontram suas fontes de autenticidade, humildade e proximidade. A
proximidade atinge o ponto máximo na encarnação. As fontes acompanham o rio.
Ninguém tem visto de permanência, nem em Aparecida nem em Jerusalém;
são ícones que acompanham a caminhada que é ação na contemplação. São pontos de
partida de uma cristologia encarnada, de uma mística vivida na ação em qualquer
lugar, sempre “a maior Glória de Deus” (Santo Inácio). O nome é Francisco,
mas teologia e espiritualidade de Francisco são inacianas.
IHU On-Line – Entre os discursos do
Papa, qual aponta como o mais importante desde seu pontificado? Por quê? O que
ele diz em termos de identificação com a Igreja?
Paulo Suess - Os discursos mais importantes do
Papa Francisco são seus gestos. Sua ida para Lampedusa foi mais importante do que sua Encíclica Lumen Fidei. O gesto de visitar a comunidade de Varginha
foi mais importante do que seu discurso “padronizado” que lá proferiu. Sua
metodologia de ver e discernir a realidade antes de pronunciar discursos e
agir, agora pode ser retomado pelas Conferências Episcopais de todo o
continente. Mário Bergoglio se diz “filho da Igreja”. Não confunde
radicalidade cristológica com aventura pastoral. “Sentir com a Igreja” faz
parte da espiritualidade inaciana. Mas, faz parte dessa espiritualidade também
o “discernimento”.
IHU On-Line - Que avaliação faz do
discurso que o papa fez para os Bispos do Brasil, no sábado e, posteriormente,
para os Bispos do Celam? O que é possível entender por reforçar e reformar as
estruturas da Igreja?
Paulo Suess - O discurso para os Bispos do Brasil
é uma releitura do Documento de Aparecida. Depois de uma interpretação
espiritual do encontro da imagem da Imaculada Conceição como entrada de Deus nas
vestes da pequenez da vida do povo, o papa se volta para a mensagem de
Aparecida 2007. A partir do episódio dos dois discípulos de Emaús, que fogem de
Jerusalém e da “nudez” de Deus, Francisco faz uma leitura do Êxodo
da Igreja, analisa suas razões para depois dar o recado aos pastores. “Somos
uma Igreja capaz de reconduzir o povo, que está em fuga, a Jerusalém, onde
estão nossas fontes? Somos capazes de contar de tal modo essas fontes, que
despertem o encanto pela sua beleza? Haverá algo de mais alto que o amor
revelado em Jerusalém? Nada é mais alto do que o abaixamento da Cruz, porque lá
se atinge verdadeiramente a altura do amor!”
Voltar com o povo para Jerusalém,
voltar para as fontes, e caminhar devagar no ritmo do povo! “A Igreja sabe
ainda ser lenta: no tempo para ouvir, na paciência para costurar novamente e
reconstruir? Ou a própria Igreja já se deixa arrastar pelo frenesi da
eficiência?”, pergunta o Papa. Depois retoma desafios do Documento
de Aparecida, como a formação, colegialidade e solidariedade, o
estado permanente de missão e Amazônia.
Também em seu discurso aos bispos do
Celam, Francisco segue, novamente, o Documento
de Aparecida e cobra uma Igreja que coloca “em chave
missionária a atividade habitual das Igrejas particulares”. Em consequência
disso, evidentemente, verifica-se toda uma dinâmica de reforma das estruturas
eclesiais. A “mudança de estruturas” (de caducas a novas) é consequência da
dinâmica da missão. O que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os
corações dos cristãos é justamente a missionariedade. Não só a Cúria Romana,
cada diocese, cada paróquia tem estruturas que precisam ser ajustadas.
Em função dessa missionariedade, o
papa vislumbra uma Igreja voltada ao povo, proativa, participação dos leigos e
o funcionamento das estruturas participativas: “Acho que estamos muito
atrasados nisso”. Não podemos simplesmente continuar com os parâmetros da
“cultura de sempre”, fundamentalmente uma cultura de base rural. Uma pastoral
descontextualizada “acabará anulando a força do Espírito Santo. Deus está em
toda a parte: há que saber descobri-lo para poder anunciá-lo no idioma dessa
cultura; e cada realidade, cada idioma tem um ritmo diferente”.
Missão, participação, proximidade aos
pobres, diálogo, estruturas a serviço do povo de Deus – eis as inspirações
pastorais novamente lançadas pelo Papa Francisco.
IHU On-Line - Qual é o impacto dos
bispos do Celam no pontificado de Francisco?
Paulo Suess - O Papa Francisco
já mostrou que procura fortalecer na Igreja a colegialidade e a sinodalidade.
Já no primeiro dia de seu papado procurou ajustar a relação entre Bispo de Roma
e Papa de toda a Igreja católica: “O Papa é bispo, Bispo de Roma; e porque é
Bispo de Roma é sucessor de Pedro, Vigário de Cristo. São
outros títulos, mas o primeiro título é ‘Bispo de Roma’, e daí deriva tudo”,
disse aos jornalistas no avião que o levou de volta para Roma, e acrescentou:
“Há sempre o perigo de considerar-se um pouco superior aos outros, e não como
os outros; considerar-se um pouco príncipe. [...] O bispo à frente dos fiéis,
para assinalar o caminho; o bispo no meio dos fiéis, para ajudar a comunhão; e
o bispo atrás dos fiéis, porque muitas vezes os fiéis têm o faro do caminho. O
bispo deve ser assim”.
Depois o Papa falou das tentações da
autoreferencialidade, do funcionalismo e do clericalismo, criticou pastorais
“distantes”, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as
condutas, os procedimentos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem
ternura, nem carinho. Ignora-se a "revolução da ternura", que
provocou a encarnação do Verbo. Eis os alvos da “conversão pastoral” apontados
no Documento de Aparecida. Terminou seu discurso, se
incluindo, na afirmação do atraso: “Estamos um pouco atrasados no que se refere
à conversão pastoral”.
Certamente precisamos uma
reorientação dos canonistas, dos núncios e de uma nova geração de bispos que
acompanham a proposta de despojamento e que abrem mão de suas orientações
disciplinares e organizacionais, sem nexo pastoral.
IHU On-Line - Qual a teologia de
Bergoglio e como ela se diferencia da Teologia da Libertação, praticada na
América Latina?
Paulo Suess - A Teologia da Libertação
não é uma escola, mas uma prática teológico-pastoral articulada com diferentes
contextos culturais e realidades sociais. Por conseguinte, existe um grande
leque de Teologia da Libertação. Mário Bergoglio, vindo do contexto
argentino, faz parte desse leque, que une a opção pelos pobres à metodologia do
ver-julgar-agir que constrói o pensamento teológico articulado com a realidade
sócio-histórica e cultural do povo simples. A trajetória de Bergoglio
mostra que ele faz questão de testar a sua reflexão teológica e espiritual na
proximidade física com “as alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias” (GS 1) dos que sofrem discriminação e
fome. Bergoglio é um praticante da Teologia
da Libertação.
IHU On-Line - Em seus discursos,
Bergoglio tocou em outro ponto: o atraso da igreja latino-americana. Como
compreende essa crítica? O que ficou subentendido nas palavras do Papa?
Paulo Suess - Ao falar da igreja latino-americana e caribenha precisamos distinguir entre diferentes setores dessa igreja. Atrasados são aqueles setores que acreditam ser possível melhorar a vida do povo através de alianças com as elites, com suas teologias pelagianas e gnósticas. Atrasados são aqueles que sentem os problemas e têm medo de atitudes proféticas. O Papa Francisco, em seu diálogo com a junta diretiva da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR), no dia 6 de junho, pediu ter coragem, e de levar sua missão aos limites e às fronteiras: “Nessas andanças arriscadas podem cometer erros. Podem até receber uma carta da Congregação para a Doutrina da Fé recriminando suas atitudes. Não se preocupem! Expliquem e sigam adiante! Abram portas e façam algo, onde a vida clama! Prefiro uma Igreja que comete erros à uma Igreja que adoece por ficar fechada”. O jesuíta Bergoglio, com seus 76 anos de vida, aprendeu que a primeira virtude da colegialidade episcopal e da comunhão eclesial não é a obediência, mas o diálogo. Por isso pede das Igrejas locais a solidariedade radical com os pobres e uma lealdade crítica e dialogal com Roma: “Não tens medo da denúncia... Vão passar mal, vão ter problemas, mas não tens medo! Essa é a profecia da vida religiosa!”
Paulo Suess - Ao falar da igreja latino-americana e caribenha precisamos distinguir entre diferentes setores dessa igreja. Atrasados são aqueles setores que acreditam ser possível melhorar a vida do povo através de alianças com as elites, com suas teologias pelagianas e gnósticas. Atrasados são aqueles que sentem os problemas e têm medo de atitudes proféticas. O Papa Francisco, em seu diálogo com a junta diretiva da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR), no dia 6 de junho, pediu ter coragem, e de levar sua missão aos limites e às fronteiras: “Nessas andanças arriscadas podem cometer erros. Podem até receber uma carta da Congregação para a Doutrina da Fé recriminando suas atitudes. Não se preocupem! Expliquem e sigam adiante! Abram portas e façam algo, onde a vida clama! Prefiro uma Igreja que comete erros à uma Igreja que adoece por ficar fechada”. O jesuíta Bergoglio, com seus 76 anos de vida, aprendeu que a primeira virtude da colegialidade episcopal e da comunhão eclesial não é a obediência, mas o diálogo. Por isso pede das Igrejas locais a solidariedade radical com os pobres e uma lealdade crítica e dialogal com Roma: “Não tens medo da denúncia... Vão passar mal, vão ter problemas, mas não tens medo! Essa é a profecia da vida religiosa!”
IHU On-Line - Por que, na sua
avaliação, o Papa não deu ênfase a questões morais em seu discurso, especialmente
no que se refere ao aborto, considerando que o Congresso Nacional aprovou o
projeto de lei que legaliza o aborto no Brasil?
Paulo Suess - Numa entrevista relâmpago, Francisco
responderia provavelmente assim:
1. “Quem sou eu para julgar as pessoas
que fizeram aborto? Quem sou eu para julgar os gays? Quem sou eu para julgar a
mãe solteira?”
2. “A minha posição é a da Igreja. Sou
filho da Igreja. O aborto é ruim”.
3. “Precisamos ir às causas, às raízes.
Atrás da lei de ampliar as possibilidades de aborto existem interesses, dinheiro... Não
podemos ficar somente com os sintomas”.
4. “No trato pastoral dessas questões,
não sejam uma espécie de “alfândega pastoral” nem legalistas, mas seguidores do Bom Pastor! A Igreja não deve fechar as portas a ninguém.
Batizem o filho da mãe solteira, acolhem o gay como Nossa
Senhora de Aparecida o acolheria! Reservem um tempo para visitar a casa da mulher, que cometeu
aborto, e escutem a sua história! Não
atirem a primeira nem a última pedra contra essa gente!”
Essas foram as respostas que o papa Francisco
deu aos participantes da Missa na Casa Santa Marta, no fim de maio,
em Roma, ao pessoal da CLAR e a jornalista brasileira Patrícia
Zorzan, no voo de volta a Roma, dia 28 de junto.
IHU On-Line - Qual é o significado do
discurso do Papa no Teatro Municipal, no qual propõe recuperar a política como
caridade?
Paulo Suess - No Teatro Municipal acompanhamos um
papa que nos dá um exemplo de aproximação a ambientes não eclesiais. Francisco
não se aproxima às pessoas com dedo em riste (se lembram de uma visita papal na
Nicarágua?). Ele está acostumado de conviver com santos e pecadores, nos quais
se inclui, pedindo orações. Francisco é um papa que pede
licença para poder entrar na casa dos pobres e na assembléia das elites. No
Teatro Municipal, o Papa deu uma aula concisa em torno dos seguintes apontamentos:
- O cristianismo une transcendência e
encarnação. Por conseguinte procura unir e revitalizar o pensamento e a vida, e
dar à racionalidade científica e técnica um “vínculo moral”.
- A vida nos cobra responsabilidade
social que assumimos pela política. Por conseguinte precisamos “reabilitar a
política, que é uma das formas mais altas da caridade”.
- A política deve evitar o elitismo
da democracia representativa, muitas vezes fechada no mero equilíbrio de
representação de interesses; deve incentivar “cada vez mais e melhor a
participação das pessoas” com a finalidade de assegurar a todos “dignidade,
fraternidade e solidariedade”.
- Participação e diálogo entre as diversas
riquezas culturais fazem crescer o país. A única maneira para fazer avançar a
vida dos povos é o diálogo e a cultura do encontro. Nesse diálogo, “todos têm
algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom”. Esse diálogo
exige “humildade social” que abre mão de exigências hegemônicas culturais e
sociais.
- As “grandes tradições religiosas”
podem desempenhar um papel fundamental para a convivência harmoniosa de uma
nação, já que a laicidade do Estado garante sua convivência pacífica.
O discurso do Papa
Francisco tinha três recados para a própria Igreja:
- Quando estais percorrendo o mundo,
não espantem as pessoas com um discurso identitário sobre sua catolicidade. Francisco
não falou nenhuma vez em toda a sua passagem por Brasil da superioridade
católica.
- Não se orgulhem de viver fora da
política! Precisamos reabilitar, na Igreja, a política – nem politicagem nem política
partidária – como uma das formas mais altas da caridade. Não basta ser bom e
pobre. Precisamos ser politicamente instruídos, destemidos, proféticos, bons e
pobres.
- A Igreja é grata ao Estado por sua
laicidade que é um pressuposto da convivência pacífica entre as religiões.
Lacunas no discurso do Papa
Francisco? Sempre haverá lacunas. Quero lembrar apenas uma.
Porque o Papa argentino só falou das “grandes tradições religiosas”. A religião
dos Guaraní e Mapuche, dos Quéchua
e dos Astecas não teriam também um papel fundamental para a
convivência harmoniosa de uma nação? Temos que pedir a Francisco
para completar a obra de Anchieta que poderia ser o milagre
que até hoje falta para a sua canonização. O sumak kawsay, o bem viver
do mundo andino, não representa um papel fundamental para repensar as
democracias elitistas e o desenvolvimento destrutivo do nosso continente?
Fonte: IHU Entrevistas
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