Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

“Parábola do rico insensato.” - Comentário de José Antônio Pagola.



Uma curta, mas muito concreta reflexão sobre a parábola do rico insensato   (Lc 12, 13-21), é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola.
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU). Muito interessante!
Não deixe de ler.

WCejnog


Evangelho Lc 12, 13-21

Disse-lhe então alguém da multidão: Mestre, dize ao meu irmão que reparta comigo a herança. Jesus lhe respondeu: Moço, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?
E lhes disse: Cuidai de guardar-vos de toda cobiça, porque mesmo que se tenha muito, a vida de um homem não está na abundância dos bens que ele possui.
Então lhes propôs uma parábola: “Havia um homem rico, cujas terras  lhe deram grande colheita. E pensava consigo mesmo: O que vou fazer? não tenho onde guardar a colheita!”Disse então: “Já sei o que fazer; vou derrubar os celeiros para  fazê-los maiores e guardar ali todo trigo  e os meus bens. E direi à minha vida: tens muitos bens  armazenados para muitos anos. Descansa, come, bebe e regala-te”.
Deus, porém, lhe disse: “Insensato! Ainda nesta noite tirarão a tua vida, e para quem ficará tudo que acumulaste?”
É o que acontecerá com quem guarda tesouros para si e não é  rico diante de Deus”.


IHU – NOTÍCIAS
Quinta, 01 de agosto de 2013-08-02

Contra a insensatez

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (12, 13-21) que corresponde ao 18º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola  comenta o texto.



Eis o texto

Cada vez sabemos mais da situação social e  econômica que Jesus conheceu na Galileia dos anos trinta. Enquanto nas cidades de Séforis e Tiberíades crescia a riqueza, nas aldeias aumentava a fome e a miséria. Os camponeses ficavam sem terras e os proprietários canstruíam silos e armazéns cada vez  maiores.

Num pequeno relato, conservado por Lucas, Jesus revela o que pensa daquela situação tão contrária ao projeto querido por Deus, de um mundo mais humano para todos. Não narra esta parábola para denunciar os abusos e os atropelos que cometem os proprietários, mas para desmascarar a insensatez em que vivem instalados.

Um rico proprietário vê-se surpreendido por uma grande colheita. Não sabe como gerir tanta abundância. “Que farei?”. O seu monólogo mostra-nos a lógica insensata dos poderosos que só vivem para acumular riqueza e bem-estar, excluindo do seu horizonte os necessitados.

O rico da parábola planeja a sua vida e toma decisões. Destruirá os velhos armazéns e construirá outros maiores. Armazenará ali toda a sua colheita. Pode acumular bens para muitos anos. De futuro, só viverá para desfrutar: “deita-te, come, bebe e leva uma boa vida”. De forma inesperada, Deus interrompe os seus projetos: “Imbecil, esta mesma noite, vão exigir-te a tua vida. O que acumulaste, de quem será?”


Este homem reduz a sua existência a desfrutar da abundância dos seus bens. No centro da sua vida está apenas ele e o seu bem-estar. Deus está ausente. Os empregados que trabalham as suas terras não existem. As famílias das aldeias que lutam contra a fome não contam. O juízo de Deus é determinante: esta vida só é estupidez e insensatez.

Nestes momentos, praticamente em todo o mundo está a aumentar de forma alarmante a desigualdade. Este é o fato mais sombrio e desumano: “os ricos, tendem a se tornar ainda mais ricos enquanto os  pobres afundam na miséria” (Zygmunt Bauman).

Este fato não é algo normal. É, simplesmente, a última consequência da insensatez mais grave que nós, os humanos, estamos a cometer: substituir a  cooperação amistosa, a solidariedade e a busca do bem comum da Humanidade pela competição, a rivalidade e o acúmulo de bens em mãos dos mais poderosos do Planeta.

Desde a Igreja de Jesus, presente em toda a Terra, deveria escutar-se  o clamor dos seus seguidores contra tanta insensatez, e a reação contra o modelo que guia hoje a história humana.



Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/noticias/522366-contra-a-insensatez


Nenhum comentário:

Postar um comentário