Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 4 de agosto de 2013

“Cuidai de guardr-vos de toda cobiça!” – Mais uma boa reflexão de Assun Gutiérez.



Para refletir sobre a parábola do rico insensato (Lc 12, 13-21), trago para o blog Indagações mais um cometário muito bom.     
É de autoria de Asun Gutiérrez Cabriada.  
Não  deixe de ler.
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[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom18C13port.pps Trabalho muito bonito!]



O pão que não usas  é o pão do faminto.
A roupa pendurada no teu guarda-roupa 
(e que não usas) é a roupa daquele que está nu.
Os sapatos que não calças
são os sapatos de quem está descalço.
O dinheiro que tens guardado é o dinheiro dos pobres.
O bem que deixas de fazer são injustiças que cometes.

(São Basílio)


Comentário

Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, 
disse a Jesus: – Mestre, diz a meu irmão 
que reparta a herança comigo.
Jesus respondeu-lhe:
– Amigo, quem me fez juiz ou árbitro 
das vossas partilhas?

Jesus  nega-se a fazer de juiz. Como noutras ocasiões, distancia-se do caso concreto e vai ao fundo da questão, a atitude que se deve ter frente aos bens materiais.
“O que se necessita não é uma resolução casuística por parte de um mestre, mas a convicção pessoal de que a raiz das desavenças no seio da família e do mundo é a ambição e a cobiça”.
(J. Fitzmyer)

Depois disse aos presentes:
– Cuidai de guardr-vos de toda cobiça: 
a vida de uma pessoa não depende 
da abundância dos seus bens.

Jesus está convencido, e quer convencer-nos, de que a felicidade não depende das riquezas materiais, por muitas que se tenham. Previne-nos perante o desejo de açambarcar, usurpar,  acumular posses e privilégios para nós mesmos sem ter em conta os outros, porque essa atitude escraviza, degrada, afasta do amor generoso e gratuito do Pai e quebra a convivência e a solidariedade entre os irmãos.
E disse-lhes uma parábola:
– O campo dum homem rico tinha produzido
excelente colheita. Ele pensou consigo:
‘Que hei-de fazer, pois não tenho onde
guardar a minha colheita? Já sei o que fazer:
vou derrubar os meus celeiros
para construir outros maiores,
onde guardarei todo o meu trigo
e os meus bens. Então poderei
dizer a minha alma: tens muitos bens
 em depósito para longos anos.
 Descansa, come, bebe, regala-te’

Como no caso deste homem rico, o monólogo interior que mantemos conosco mesmos revela a nossa forma de pensar, as nossas preocupações, as nossas prioridades, as nossas intenções e interesses na vida.
Esta pessoa investe num futuro egoísta, pensa em ter só para ele sem pensar nos outros.

Não teria destoado na nossa sociedade consumista, onde uma das maiores idolatrias, também entre os cristãos, é o dinheiro.
Em que valores invisto?
O que é que realmente enriquece uma pessoa?

Mas Deus respondeu-lhe: 
“Insensato! Esta noite terás de entregar 
a tua alma. O que preparaste, para quem será?” 
Assim acontece a quem acumula para si, 
em vez de se tornar rico aos olhos de Deus.

Jesus faz-nos ver a grande insensatez que supõe preocupar-se, perante tudo e caia quem cair, de encher os próprios celeiros, acumular, esbanjar, não pôr um travão ao supérfluo, sem ter em conta as consequências na própria vida nem na dos outros.

Essa atitude é a base da política econômica e comercial do sistema capitalista. Sistema que provoca a desigualdade e o domínio de umas pessoas sobre outras, impossibilita a solidariedade e a justa partilha de bens, faz que os ricos sejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais empobrecidos. Essa é a raiz da tremenda situação de fome e injustiça que há no mundo, radicalmente contrária à mensagem, ao projeto e à recomendação de Jesus.

Fazer o possível para que mude essa situação, partilhar e repartir o que somos e temos é participar e construir o Reino e ser ricos perante Deus.


 Envia a tua luz

Envia a tua luz a esta terra injusta
para que se reparta o pão com o pobre.
Abre os nossos olhos para ver a verdade.
Abre os nossos ouvidos para ouvir a dor.
Faz que sejamos pessoas de Paz,
que levemos a paz conosco.
Afasta de nós a ânsia de consumir
e ajuda-nos a saber partilhar.
Que dêmos a mão a quem necessita.

Amém.

Juanjo Elezkano 



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