Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

”Eu vim pôr fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso! “. - Comentário de M. Assun Gutiérrez.


“Eu vim trazer o fogo à terra... vim trazer a divisão. A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.” –  são as palavras de Jesus (Lucas 12, 49-53).

É um dos trechos do Evangelho que deixa desorientadas e confusas aquelas pessoas, que não conseguem entender o real significado e a importância dessas palavras de Jesus.

E nós?  Será que entendemos mesmo o que Jesus diz?

Para refletir sobre isso, trago para o blog Indagações o comentário de M. Asun Gutiérrez Cabriada.  Em poucas palavras, a autora faz uma leitura muito clara e enriquecedora do referido texto bíblico.
Não  deixe de ler.
WCejnog

 [Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: 
Trabalho muito bonito!] 


E QUE QUERO, SENÃO QUE ARDA?

Que arda um mundo onde as nações civilizadas
fabricam e vendem armas às nações não civilizadas...
Onde enquanto umas crianças vão à escola,
outras vão para a guerra, a desnutrição e a angústia...
Onde as pessoas têm trabalho precário doze horas ao dia
para ganhar  um pouco de dinheiro que lhes
permita continuar a trabalhar...
Onde morrem homens, mulheres e crianças
sem terem sabido o que era viver.
Que arda com o fogo purificador de uma consciência
universal de fraternidade, uma espiritualidade profunda e nua,
uma aposta pelo sincero, o justo, o belo, o bom.
Que arda e arda sem míngua e sem desânimo,
de geração em geração.
E para isso, que é que posso fazer?
Em primeiro lugar arder.
Um cristão arde com o fogo de Cristo:
lendo o Evangelho, meditando-o, emocionando-se com ele...
até transformar pouco a pouco o seu coração (a sua mente,
as suas entranhas) no coração de Jesus.


José Luis Cortés


Comentário 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
 “Eu vim pôr fogo à terra, e como gostaria
que já estivesse aceso!
Tenho de receber um batismo e
estou ansioso até que ele se realize.

Jesus apresenta a sua Palavra e a sua missão – e a nossa - como um fogo que tem que fazer arder, purificar o mundo inteiro. Expressa um desejo cuja realização anseia vivamente e que o levará a ver-se constantemente perseguido e obstaculizado pelos seus muitos detratores.

Jesus veio a transformar, mudar, purificar o mundo com o fogo de um amor decidido, de uma entrega apaixonada. É o fogo do Espírito, o fogo que ilumina a Boa Notícia.

Ser cristão é atuar como Jesus, continuar o seu projeto, nas situações e acontecimentos de cada dia.

Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra?
Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão.

Sim, acreditamos que Jesus traz a paz, que anuncia e oferece a Paz e que o Evangelho é um constante convite e estímulo para a Paz.
Jesus questiona a falsa paz dos que querem viver tranquilos sem se implicarem na defesa da justiça e do respeito pelos direitos das pessoas mais necessitadas. Proclamar a autêntica Paz, fruto do amor e da justiça, origina a oposição dos que promovem e se beneficiam da ordem social injusta.

A partir de agora, estarão cinco divididos
numa casa: três contra dois e dois contra três.
Estarão divididos o pai contra o filho e o filho
contra o pai, a mãe contra a filha e
 a filha contra a mãe, a sogra contra a nora
e a nora contra a sogra.

Já não é o sangue, os privilégios herdados ou os hábitos sociais que contam, mas a fé, o compromisso, o amor sem limites familiares nem de nenhum outro tipo. Denunciar as causas da falta de fraternidade, de solidariedade  e de justiça, pode provocar rejeição e divisões entre os que preferem não olhar nem preocupar-se, do que questionar a sua rotina, o seu egoísmo, o seu poder, os seus interesses, os seus costumes, os seus privilégios...

A mensagem de Jesus não é compatível com os “valores” da nossa sociedade. Por isso, quem segue de verdade a Jesus, questiona e incomoda.

Perante as situações de injustiça e falta de solidariedade, Jesus mostra-nos o fogo que temos de usar: o amor total, concreto e comprometido. Como o seu.


Atear fogo

Vim atear fogo:
acender as consciências apagadas,
despertar as mentes embotadas,
levantar os ânimos decaídos,
infundir energia aos abatidos.

Para isso vim, a isso vos envio:
a dar alento, a estimular,
a reconfortar os esforçados,
a avivar as torcidas que fumegam,
a atear fogo.

Vim para atear fogo:
o meu é o fogo que arde sem se consumir,
o fogo que ilumina todo o homem e mulher,
o fogo que incendeia os corações,
o fogo que ilumina na escuridão,
o fogo que brilha nas trevas.

Para isso vim, a isso vos envio:
a arder e incendiar, a brilhar e iluminar,
a atear fogo.   


Joaquín Suárez


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