Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

11. Novo céu e nova terra. Os Anjos. – O que diz a doutrina cristã?


Hoje, trago para o blog Indagações-Zapytania o texto de Ferdinand Krenzer¹, que fala sobre O novo Céu e Nova Terra e também, sobre os Anjos.  De forma muito clara e direta  o autor aborda a doutrina cristã sobre o futuro escatológico do homem e do mundo, conforme o ensinamento da Igreja Católica.

Este texto (abaixo) constitui a parte final (nr 11) das reflexões desse autor sobre o tema da escatologia cristã, que foram  publicadas aqui, no blog Indagações-Zapytania.

Penso que todas as reflexões contidas nesses  textos, de uma ou de outra forma, possam interessar a quem realmente busca entender melhor a fé cristã e esclarecer alguas dúvidas ou incertezas.
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Obs.: Quem estiver interessado, para conseguir acompanhar com facilidade a reflexão de Ferdinand Krenzer e aproveitar ao máximo as explicações, poderia ler desde o início todos os seus textos sobre este assunto (é uma série de 11 textos). As quatro primeiras partes foram publicadas:

1.        Sobre a morte. O que sabemos? No que acreditamos?  - Postagem do dia 29 de janeiro de 2013.
2.        Passar pela morte é atravessar “o portão” da vida”. –Postagem do dia 31 de janeiro de 2013.
3.        A morte carimba para sempre o destino do homem. – Postagem do dia 04 de fevereiro de 2013.
4.        Todos devemos passar pela morte. A questão do julgamento. – Postagem do dia 06 de fevereiro de 2013.

Continuação das publicações:

5.        Existe Purgatório? ... – Postagem do dia 03 de novembro de 2014.
6.        Deus – o futuro  do ser humano. Como entender “o céu”? – Postagem do dia 04 de novembro de 2014.
7.        ‘Condenado para sempre’ . Inferno. – Postagem do dia 05 de novembro de 2014.
8.         A volta do Cristo.  Como entender?  – Postagem do dia 06 de novembro de 2014.
9.        A ressurreição da carne. – Uma boa e oportuna reflexão. -  Postagem do dia 10 de novembro de 2014.

10.     O Juizo final. Uma pequena reflexão. –Postagem do dia 11 de novembro de 2014.








(11)

Novo céu e nova  terra

 Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque a antiga ordem passou.
Então aquele que estava assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas.” (Ap 21, 1-5)

Essas impressionantes visões levam-nos para olharmos o mundo no seu ponto final. Fica claro que Deus é o centro de toda a existência, é o sentido de toda a história humana e o fim definitivo de toda a criação.

Por isso, Jesus fala do “novo nascimento”, isto  é, da nova forma da criação (Mt 19, 28). São Paulo diz que o universo inteiro “geme” e avança na direção da libertação (Rm 8, 18-25), proclama que simultaneamente com a queda do nosso mundo ordinário será renovada toda a existência.  (2 P 3, 13)

E porque nós, seres humanos, estmos ligados fortemente com o nosso mundo, também a nossa realização, o nosso destino está incluido nesse destino final definitivo. Por isso também o nosso mundo (e tudo que  é terrestre agora) é apenas passageiro.

Existe não só a nova formação do homem integral – ressurreilção – mas também a libertação que abrange a toda criação. Também na vida eterna o mundo e o ser humano pertencem a si.

Com certeza, muitas  profecias que dizem a esse respeito ficarão inexplicáveis e incertas para nós, mesmo assim, transmitem elas uma  alegre promessa de conforto.

Quando falamos do Céu, da “vida em Deus”, precisamos falar também sobre os anjos.

A Bíblia afirma a existência dos anjos, mas não traça nenhuma teoria sobre eles. Este livro Sagrado fala dos anjos em 109 passagens (literalmente apresenta-os como criaturas de Deus, diferentes dos homens, como mensageiros e espíritos destinados a serviços (Hbr 1, 14). Na maioria das vezes eles aparecem como convidados para dar mensagens aos homens, mas vemo-los também no Juizo Final.

O mundo no tempo de Jesus Cristo admitia a existência de anjos e demônios.  A doutrina cristã sobre os anjos de jeito nenhum é uma fé primitiva em demônios, porque aos anjos não se atribui nenhum poder divino. Quando se fala de anjos na Bíblia, sempre se trata de entidades boas e extraordinárias, que cumprem as determinações de Deus. Eles explicam aos homens que Deus cuida  do ser humano e lhes é muito próximo.

Será que os anjos são apenas símbolos do poder de Deus ou encarnação de sua bondade e atuação, como parecem indicar os termos “potestades”, “forças”, “poderes”, como também os próprios nomes como Gabriel (o poder de Deus) e Rafael (Deus  é  salvação)?
Ou, então, também são eles seres pessoas? ...  

Realmente, as descrições bíblicas sobre os anjos são diversas e diferentes, e permitem muitas interpretações. É verdade que em algumas passagens na Bíblia o conceito “anjo” e “Deus” são usados alternadamente, e a conclusão  é esta: “Deus e anjos são diferentes descrições da mesma realidade, quer dizer, trata-se de Deus ou da sua ação em relação a nós.”

Em outras passagens, porém, os anjos aparecem como seres criados e indivíduos. Assim, da parte da Bíblia algumas  questões em relação a anjos permanecem abertas.  E mesmo que a fé ne existência de anjos é muito reservada e prudente, a existência de  anjos constitui uma verdade dogmática (IV Sinodo de Latrão). Um pronunciamento do Magistério da Igreja ainda recentemente (Pio XII – Enc. Humani Generis) destacava o carater pessoal dos anjos, querendo com isso dizer que eles são indivíduos espirituais, que possuem a razão e o livre arbitro.

No entanto, deve ficar bem claro que anjos não fazem parte da essência da fé do mesmo jeito como por exemplo a verdade sobre  o verdadeiro intermediario entre Deus e homens, Jesus Cristo (compare  Col 2,18; Hbr 1).

O homem contemporâneo está mais  inclinado a considerar como a realidade somente o que se pode medir e pesar. Porém, não há verdadeiras bases  racionais para negar categoricamente a existência de seres espirituais, isto é, afirmar com certeza que os anjos não existem. Aqui, podemos pensar: será que a pirâmide das coisas criadas realmente deveria alcançar o ponto culminante e o seu fim justamente com o ser humano? ...

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 355-357)²

___________________

¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria. [N. Do T.]

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português), com uma pequena atualização dos dados, quando necessário.  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”. [N. Do T.]


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