Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 15 de novembro de 2014

Busca criativa. – Reflexão de José Antonio Pagola. Imperdível!



´Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei.  Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez.  Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes´. (Mt 25,  26-30)

Abaixo, uma ótima reflexão, bem concreta e muito atual, do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola sobre o texto Mt 25,14- 30 (Parábola dos talentos). 
Sem dúvida, é uma voz profética dirigida aos cristãos de hoje!
O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU - Notícias

Busca criativa


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25, 14-30 que corresponde ao 33º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol  José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Apesar da sua aparente inocência, a parábola dos talentos encerra uma carga explosiva. Surpreendentemente, o “terceiro servo” é condenado sem ter cometido nenhuma ação má. O seu único erro consiste em “não fazer nada”: não arrisca o seu talento, não o faz frutificar, conserva-o intacto num local seguro.

A mensagem de Jesus é clara.  Não ao conservadorismo, sim à criatividade. Não a uma vida estéril, sim à resposta ativa a Deus. Não à obsessão pela segurança, sim ao esforço arriscado por transformar o mundo. Não à fé enterrada debaixo do conformismo, sim ao trabalho comprometido em abrir caminhos para o reino de Deus.

O grande pecado dos seguidores de Jesus pode ser sempre o de não nos arriscarmos a segui-lo de forma criativa. É significativo observar a linguagem que se utilizou entre os cristãos ao longo dos anos para ver em que temos centrado com frequência a atenção: conservar o depósito da fé; conservar a tradição; conservar os bons hábitos; conservar a graça; conservar a vocação...

Esta tentação de conservadorismo é mais forte em tempos de crise religiosa. É fácil então invocar a necessidade de controlar a ortodoxia, reforçar a disciplina e a norma; assegurar a pertença à Igreja... Tudo pode ser explicável, mas não é com frequência uma forma de desvirtuar o evangelho e congelar a criatividade do Espírito?

Para os dirigentes religiosos e os responsáveis das comunidades cristãs pode ser mais cômodo “repetir” de forma monótona os caminhos herdados do passado, ignorando as interrogações, as contradições e as abordagens do homem moderno, mas de que serve tudo isto se não somos capazes de transmitir luz e esperança aos problemas e sofrimentos que sacodem os homens e mulheres dos nossos dias?

As atitudes que temos de cuidar hoje no interior da Igreja não se chamam “prudência”, “fidelidade ao passado”, “resignação”... Levam antes outro nome: “busca criativa”, “audácia”, “capacidade de risco”, “escuta ao Espírito” que tudo faz novo.

O mais grave pode ser que, o mesmo que sucedeu ao terceiro servo da parábola, também nós acreditemos que estamos a responder fielmente a Deus com a nossa atitude conservadora, quando estamos defraudando as Suas expectativas. O principal a fazer da Igreja hoje não pode ser conservar o passado, mas aprender a comunicar a Boa Nova de Jesus numa sociedade sacudida por mudanças socioculturais sem precedentes.


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