´Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde
não semeei e que recolho onde não espalhei. Devias, pois, levar meu
dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é
meu. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. Dar-se-á ao que
tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga
ter. E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá
choro e ranger de dentes´. (Mt 25, 26-30)
Abaixo, uma ótima reflexão, bem concreta e muito
atual, do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola sobre o texto Mt 25,14-
30 (Parábola dos talentos).
Sem dúvida,
é uma voz profética dirigida aos cristãos de hoje!
O texto foi publicado no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU - Notícias
Sexta, 14 de novembro de 2014
Busca criativa
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25, 14-30 que
corresponde ao 33º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo A do Ano Litúrgico. O
teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis
o texto
Apesar da
sua aparente inocência, a parábola dos talentos encerra uma carga explosiva.
Surpreendentemente, o “terceiro servo” é condenado sem ter cometido nenhuma
ação má. O seu único erro consiste em “não fazer nada”: não arrisca o seu talento, não o faz
frutificar, conserva-o intacto num local seguro.
A
mensagem de Jesus é clara. Não
ao conservadorismo, sim à criatividade. Não a uma vida estéril, sim à resposta ativa a Deus. Não à obsessão
pela segurança, sim ao esforço arriscado por transformar o mundo. Não à fé
enterrada debaixo do conformismo, sim ao trabalho comprometido em abrir
caminhos para o reino de Deus.
O grande
pecado dos seguidores de Jesus pode ser sempre o de não nos arriscarmos a
segui-lo de forma criativa. É significativo observar a linguagem que
se utilizou entre os cristãos ao longo dos anos para ver em que temos centrado
com frequência a atenção: conservar o depósito da fé; conservar a tradição;
conservar os bons hábitos; conservar a graça; conservar a vocação...
Esta
tentação de conservadorismo é mais forte em tempos de crise religiosa. É fácil
então invocar a necessidade de controlar a ortodoxia, reforçar a disciplina e a
norma; assegurar a pertença à Igreja... Tudo pode ser explicável, mas não é com
frequência uma forma de desvirtuar o evangelho e congelar a criatividade do
Espírito?
Para os
dirigentes religiosos e os responsáveis das comunidades cristãs pode ser mais
cômodo “repetir” de forma monótona os caminhos herdados do passado, ignorando as
interrogações, as contradições e as abordagens do homem moderno, mas de que serve tudo isto se não somos capazes de transmitir luz e
esperança aos problemas e sofrimentos que sacodem os homens e mulheres dos
nossos dias?
As
atitudes que temos de cuidar hoje no interior da Igreja não se chamam
“prudência”, “fidelidade ao passado”, “resignação”... Levam antes outro nome: “busca criativa”, “audácia”, “capacidade
de risco”, “escuta ao Espírito” que tudo faz novo.
O mais
grave pode ser que, o mesmo que sucedeu ao terceiro servo da parábola, também
nós acreditemos que estamos a responder fielmente a Deus com a nossa atitude
conservadora, quando estamos defraudando as Suas expectativas. O principal a fazer da Igreja hoje não pode ser conservar o
passado, mas aprender a comunicar a Boa Nova de Jesus numa sociedade sacudida
por mudanças socioculturais sem precedentes.
Fonte: IHU - Notícias
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