" Fez ele um chicote de
cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou
pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam
as pombas: “Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de
negociantes”." (Jo 2,15-16)
Abaixo, uma reflexão muito boa e atual sobre o
texto Jo 2, 13-22 (Jesus expulsa do templo os vendedores dos animais e
cambistas), do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de
ler!
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IHU – Notícias
Sexta, 07 de novembro de
2014.
Como é a nossa religião?
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 2, 13-22
que corresponde a Celebração da Dedicação da Basílica de Latrão, ciclo A do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola
comenta o texto.
Eis o texto
|
O episódio da
intervenção de Jesus no templo de Jerusalém foi recolhido nos quatro
evangelhos. É João quem descreve a Sua reação de forma mais gráfica: com um
chicote Jesus expulsa do recinto sagrado os animais que estão sendo vendidos
para serem sacrificados, vira as mesas dos cambistas e atira por terra as suas
moedas. Dos Seus lábios sai um grito: “Não convertais num mercado a casa do meu
Pai”.
Este gesto foi o que
desencadeou a Sua detenção e rápida execução. Atacar o templo era atacar o
coração do povo judeu: o centro da sua vida religiosa, social e econômica. O
templo era intocável. Ali habitava o Deus de Israel. Jesus, no entanto,
sente-se um estranho naquele lugar: aquele templo não é a casa do Seu Pai, mas
um mercado.
Por vezes, viu-se nesta
intervenção de Jesus o Seu esforço por “purificar” uma religião demasiado
primitiva, para substituí-la por um culto mais digno e uns ritos menos
sangrentos. No entanto, o Seu gesto profético tem um conteúdo mais radical: Deus
não pode ser o encobridor de uma religião em que cada um procura o seu próprio
interesse. Jesus não pode ver ali essa “família de Deus” que começou a
formar com os Seus primeiros discípulos e discípulas.
Naquele templo, ninguém
se recorda dos camponeses pobres e desnutridos que deixaram nas aldeias da
Galileia. O Pai dos pobres não pode reinar a partir deste templo. Com o
Seu gesto profético, Jesus denuncia desde a raiz um sistema religioso, político
e econômico que se esquece dos últimos, os preferidos de Deus.
A atuação de Jesus tem
de nos pôr em guarda, a nós Seus seguidores para nos perguntarmos que
religião cultivamos nos nossos templos. Se não está inspirada por Jesus,
pode-se converter numa forma “santa” de encerrarmos o projeto de Deus que Ele
queria impulsionar no mundo. A religião dos que seguem Jesus há de estar sempre
ao serviço do reino de Deus e da Sua justiça.
Por outro lado, temos
de rever se as nossas comunidades são um espaço onde todos podemos nos sentir
“na casa do Pai”. Uma comunidade acolhedora onde a ninguém se lhe fecham as
portas e onde a ninguém se exclui nem se discrimina. Uma casa onde aprendemos a
escutar o sofrimento dos mais desamparados e não só o nosso próprio interesse.
Não esqueçamos que o
cristianismo é uma religião profética nascida do Espírito de Jesus para abrir
caminhos para o reino de Deus construindo um mundo mais humano e fraterno,
encaminhado assim para a sua salvação definitiva em Deus.
Fonte: IHU - Notícias
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