Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 8 de novembro de 2014

Como é a nossa religião? – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!


" Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam as pombas: “Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes”." (Jo 2,15-16)

Abaixo, uma reflexão muito boa e atual sobre o texto Jo 2, 13-22 (Jesus expulsa do templo os vendedores dos animais e cambistas), do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!

WCejnog

IHU – Notícias
Sexta, 07 de novembro de 2014.

Como é a nossa religião?


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 2, 13-22 que corresponde a Celebração da Dedicação da Basílica de Latrão, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto


O episódio da intervenção de Jesus no templo de Jerusalém foi recolhido nos quatro evangelhos. É João quem descreve a Sua reação de forma mais gráfica: com um chicote Jesus expulsa do recinto sagrado os animais que estão sendo vendidos para serem sacrificados, vira as mesas dos cambistas e atira por terra as suas moedas. Dos Seus lábios sai um grito: “Não convertais num mercado a casa do meu Pai”.

Este gesto foi o que desencadeou a Sua detenção e rápida execução. Atacar o templo era atacar o coração do povo judeu: o centro da sua vida religiosa, social e econômica. O templo era intocável. Ali habitava o Deus de Israel. Jesus, no entanto, sente-se um estranho naquele lugar: aquele templo não é a casa do Seu Pai, mas um mercado.

Por vezes, viu-se nesta intervenção de Jesus o Seu esforço por “purificar” uma religião demasiado primitiva, para substituí-la por um culto mais digno e uns ritos menos sangrentos. No entanto, o Seu gesto profético tem um conteúdo mais radical: Deus não pode ser o encobridor de uma religião em que cada um procura o seu próprio interesse. Jesus não pode ver ali essa “família de Deus” que começou a formar com os Seus primeiros discípulos e discípulas.

Naquele templo, ninguém se recorda dos camponeses pobres e desnutridos que deixaram nas aldeias da Galileia. O Pai dos pobres não pode reinar a partir deste templo. Com o Seu gesto profético, Jesus denuncia desde a raiz um sistema religioso, político e econômico que se esquece dos últimos, os preferidos de Deus.

A atuação de Jesus tem de nos pôr em guarda, a nós Seus seguidores para nos perguntarmos que religião cultivamos nos nossos templos. Se não está inspirada por Jesus, pode-se converter numa forma “santa” de encerrarmos o projeto de Deus que Ele queria impulsionar no mundo. A religião dos que seguem Jesus há de estar sempre ao serviço do reino de Deus e da Sua justiça.

Por outro lado, temos de rever se as nossas comunidades são um espaço onde todos podemos nos sentir “na casa do Pai”. Uma comunidade acolhedora onde a ninguém se lhe fecham as portas e onde a ninguém se exclui nem se discrimina. Uma casa onde aprendemos a escutar o sofrimento dos mais desamparados e não só o nosso próprio interesse.

Não esqueçamos que o cristianismo é uma religião profética nascida do Espírito de Jesus para abrir caminhos para o reino de Deus construindo um mundo mais humano e fraterno, encaminhado assim para a sua salvação definitiva em Deus.


Nenhum comentário:

Postar um comentário