Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo!


Que nesse ano Deus nos ensine a Paz,
e que estejamos todos prontos para ouvir,

Que os nossos erros não sejam o nosso fardo,
mas a experiência para decisões melhores,

Que nesse ano a religião não seja razão para o ódio, 
e que os inocentes sejam sagrados,

Que as diferenças não justifiquem problemas,
mas que mostrem soluções diferentes,

Que nesse ano toda criança possa brincar,
e que elas tenham brinquedos verdadeiros,

Que seus pais não justifiquem discórdia hoje,
mas que falem dos sonhos de um futuro feliz,

Que nesse ano a força seja das boas palavras,
e que as palavras sejam ouvidas,

Que o poder não derrube paredes sobre as pessoas,
mas que destrua barreiras entre elas,

Que nesse ano as nações sejam unidas,
e que a união tenha significado e seja respeitada,

Que os governantes não se esqueçam que a história não eterniza a vida, frágil e passageira,
mas apenas pensamentos e ações,

Que nesse ano a natureza seja mãe,
e que, como filhos, tenhamos por ela o amor e o cuidado devidos,

Que as ações pelo Planeta não sejam assinadas apenas pelas nações que compreendem os problemas,
mas também por aquelas que os causam...

(Autoria do texto não declarada)

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Previsões, superstições, simpatias – Você gosta?


O tempo muito especial é esse, que marca a virada do ano: deixa todo mundo na expectativa, desperta a imaginação, cria novas esperanças e, já de antemão, tenta sepultar o que foi de ruim e fracassado. Sempre foi assim e é natural que envolve a todos nós.

Termina o ano 2011 e vai começar o outro. Começaram a ‘pipocar’ as previsões, baseadas nas todas possíveis “fontes”, assegurando-nos dos resultados. E nós, já acostumados com isso, aceitamos essas ‘informações’ numa boa, sem questionar. Às vezes acertam alguma coisa.  E as coisas se repetem a todo ano, sempre. 

Mas, será que alguém, alguma vez, fez algum levantamento detalhado  para verificar essas previsões e confrontar com a realidade? Quais e quantos foram os ‘acertos’? Porque não se divulga ao público tudo aquilo que não deu certo?  Será, porque, talvez, poderia tirar a credibilidade do autor ou da fonte? 

Outras muitas perguntas logo vêm à tona:  o que pensar das crendices, simpatias, horóscopos, dicas, e tantas outras coisas com as quais somos ‘bombardeados’ diariamente ao longo do ano inteiro, pelas rádios, jornais, TV e revistas?  A quem isso interessa?  É claro, ‘acredita quem quiser’ – dizemos.  Em todo caso, algumas pessoas não acreditam e isso tem que ser respeitado, da mesma forma que as pessoas que acreditam nas coisas ruins devem ser respeitadas...   Mas, será que poderíamos chamar esse fenômeno de ‘ ignorância’?  Superstição é uma espécie de crendice popular que não possui explicação científica. As superstições são criadas pelo povo e passam de geração para geração.



Por desconhecer as causas e efeitos de determinados fenômenos científicos, muitas pessoas explicam essas coisas com argumentos sem  sentido racional e, portanto, falsos.  Muita gente sabe disso, mas mesmo assim não só aceita,  mas ainda procura.  Por quê?  A pergunta fica no ar!


E nós, cristãos, quando acreditamos em tantas coisas que não têm fundamento – demonstramos como a nossa fé em Deus Único e Trino  é fraca e deficiente.  Que ideia de Deus nós temos?  Então Ele não é tudo para nós e para a nossa vida?  E se acreditamos nas outras ‘forças’, nos horóscopos e fórmulas mágicas das simpatias,  será que não é uma forma de ‘duvidar’ do Deus Único e Verdadeiro?

O fato é que a nossa sociedade demonstra uma forte tendência para aceitação das diversas crendices e superstições. É mais um paradoxo cultivado pelos homens e mulheres dos nossos tempos.   

Temos uma mente supersticiosa, com as raízes fincadas lá, nos tempos medievais, ou  realmente queremos uma mente clara, crítica, moderna e capaz de devolver a verdadeira dignidade ao ser humano de hoje, e com isso, a dignidade às nossas famílias e a sociedade? Você já pensou nisso?  

WCejnog


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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Indagações a respeito das festas natalinas.



Ontem celebramos o Natal. O dia tão especial e  esperado por todos – já passou. Para uns era ocasião de reunir a família e/ou amigos e fazer a festa.  Para outros, um fim de semana como qualquer outro, e nada mais.
Para outros ainda, além de uma festa, também era o momento oportuno para renovar a sua fé cristã e confirmar a fidelidade ao Filho de Deus, Jesus Cristo, que se fez homem, cujo mistério de Encarnação  lembramos e celebramos justamente no Natal. O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo:  hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.  Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura.” (Lc 2,10-12).

A Missa do Galo é o momento sublime da celebração do Natal. Para nós católicos, celebrar a Eucaristia nos momentos assim é sentir o amor infinito de Deus  derramado sobre a humanidade. Entenda quem pode entender! É maravilhoso.

Porém, neste contexto celebrativo existem também algumas indagações que causam sérios incômodos e até dúvidas  para as pessoas como eu.
Jesus nasceu na pobreza da gruta que servia de abrigo para os pastores de ovelhas, gente humilde e pobre. Ele passou a vida toda no meio desse povo, defendendo e ajudando-o, anunciando a boa nova do Reino de Deus. Atraiu para si a ira dos poderosos e ricos da sua sociedade, foi condenado e crucificado. Morreu na cruz  como pobre e marginalizado. Ressuscitou dos mortos garantindo a vida, que não terá fim, para todos aqueles que acreditam n’Ele. Basicamente é esta a nossa fé cristã. E nós acreditamos que Ele é o Filho de Deus, nosso Redentor.

Mas, alguma coisa deve estar errada quando as Igrejas (e não só católica) nas suas liturgias pretensiosamente ‘ricas’ estão celebrando a... pobreza do Menino recém-nascido.  Assistimos  Missas  cheias de pompa, brilho e rituais, celebradas pelo Papa, ou bispos, ou até mesmo pelos padres, vestidos de roupas (paramentas) douradas, ostentando cruzes, anéis e alianças de ouro. E  falam, então, ao povo reunido  que Deus ama os pobres,  que Jesus nasceu na pobreza.  O foco é a abordagem individualista e intimista.  Parece que a Boa Nova de Jesus não tem  nada a ver com a nossa sociedade como tal. Parece que o que temos, o que o homem está ‘aprontando’ neste mundo nosso é tudo digno, normal e suficiente. Que cegueira! Basta olhar em volta – tantas injustiças, violência, corrupção, mentira, egoísmo, consumismo e mais tantas coisas ruins e mesquinhas que são obras do ser humano. Não parece que a consciência dos cristãos  ficou ‘paralisada’? Então vamos esperar a vinda do Reino de Deus para após a nossa morte? ...  Não é o Menino Jesus que veio ao mundo “para que todos tivéssem vida, e vida plena” (Jo 10,10)?   Ele deu a sua vida por isso.  Os cristãos não deveriam se empenhar para continuar a missão de Cristo?   Mas, hoje não se fala sobre isso. Profere-se muitas palavras, às vezes até um verdadeiro ‘palavrório’ nas homilias, mas sem emoção, e sem coragem para representar com convicção o próprio Jesus  Cristo, hoje, entre nós, na nossa sociedade. Já imaginaram como Jesus hoje faria uma homilia no lugar do senhor bispo ou do padre, cercado pelo povo (o povo acomodado, inerente e cúmplice das aberrações que a nossa sociedade ostenta, mas também sedento da verdade, da coragem e da vitória do bem), e que certamente teria coragem de usar aquelas palavras que só um verdadeiro profeta tem coragem  usá-las?
Tantas perguntas e questionamentos que seguem... Não é uma contradição? Isso, para mim, nem exige mais comentários.

Mas tem mais.  A obsessão de algumas autoridades eclesiais para  reintroduzir os cantos em latim nas missas, está tirando com isso até as poucas oportunidades que o povo ainda tinha para se expressar através dos seus cantos, na sua língua. Pode haver quem goste disso, mas é um equivoco muito grande.

Não sei a quem satisfazem essas mudanças, que certamente não levam para lugar nenhum, a não ser  aumentam mais ainda a distância entre o povo e a Igreja Instituição com a sua liturgia, fria e imposta.

Ontem, saindo da Missa de Natal, tive a sensação de que a liturgia não consegue mais ‘mexer’ com as emoções do povo simples... Muitas formalidades, gestos vazios;  muitos ‘ritos’, que não dizem mais nada, não “inflamam” os corações. Frequentemente  as pessoas reunidas são  tratadas como se fossem crianças (ou ‘ovelhas’ literalmente).  Mas, deveria ser o encontro com Jesus, não deveria? 

Ou, será que hoje tenta-se ‘inventar’ um outro Jesus, que tem pouco a ver com o Jesus Nazareno? Será que os interesses puramente humanos de poder e domínio não ofuscam a verdadeira mensagem de Natal? Alguma coisa está errada, não está?

Mesmo assim, apesar de tudo, somos desafiados a ‘procurarmos’ o verdadeiro Menino Jesus de Belém. Não vamos nos deixar abalar. Só Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida! E Ele deixará se encontrar, porque, na verdade, sempre está esperando por nós.

Ninguém tem dúvidas que existem, sim, nos dias de hoje também, as comunidades com seus  pastores que são verdadeiros exemplos de profetismo e trabalho pastoral muito dedicado e fiel ao Jesus Cristo. Mas, pergunto eu,  são muitas?  Se fosse assim, com certeza o mundo seria mais humano: com mais luz, mais bondade, justiça, pão, emprego, dignidade, sinceridade, doação, amor...  o princípio do Reinado de Deus Verdadeiro.  Mas, o que vemos, ainda estamos muito longe para que isso aconteça.

Trago aqui um texto comovente, publicado nestes dias, que endossa a reflexão:
WCejnog
23.12.11 - Brasil            

Natal de Jesus na pessoa dos pobres


Pe. Djacy P. Brasileiro



Jesus nasceu pobre, na periferia, distante dos palácios, das riquezas. Como pobre, sentiu as dores do povo oprimido, injustiçado, ferido na sua dignidade de pessoa humana. Aliás, toda sua vida foi voltada para os pobres. Basta ver o sermão da montanha.

É natal! Muita luz, muita festa, muita música e muito enfeite. Na noite de natal, haverá muitos banquetes, muita comilança. Nas mansões, o clima é de grande festa. Cada um com sua roupa caríssima, elegância fora do comum. Tudo é encantador, maravilhoso, emocionante: Comidas, bebidas, músicas, desfiles de modas. Porém, o Jesus pobre, esfarrapado e humilhado, na pessoa dos famintos, doentes, presos, injustiçados, não será o centro da festa. Para essa gente, esse Jesus não existe.

É natal! Na noite de natal, milhares de crianças vão morrer de frio, de sede, de fome...; Muitos irmãos nossos vão clamar, no seu mais profundo silêncio, por justiça, por dignidade, por vida.

É natal! No dia do nascimento de Jesus pobre, esfarrapado, milhões de seres humanos estarão gritando: socorro! Falta pão na nossa mesa.

É natal! Neste dia, muitos animais de estimação estarão com suas roupas novas, de marcas, banhados e cheirosos, comendo comida especial, mas as criancinhas preferidas de Jesus vão dormir chorando pedindo um pouco de pão.

É natal! Aqui no sertão paraibano, neste dia de natal, os clamores dos pobres por justiça social, por dignidade, por liberdade, por pão e água chegam aos ouvidos de Deus.

É natal! Em Pedra Branca, onde moro, vejo tantos pais e mães clamando pelos seus filhos: roupa ,alimento, remédio, cadeira de roda, água ,dignidade.

É natal! Os pobres comem um pouco de feijão, arroz e um pedaço de carne, enquanto os ricos se deleitam com suas comidas caríssimas. Então, é natal dos pobres e dos ricos?

É natal! Políticos, sem escrúpulos, aumentam seu próprio salário. Enquanto o povão sobrevive graças a um famigerado salário mínimo.

É natal! Relativismo religioso, secularismo, absolutização do poder, do ter; abandono dos valores evangélicos.

É natal! Alienação política, terrorismo político-cultural, reacionarismo religioso, relativismo ético-moral, consumismo, idolatria do mercado. É natal dos endinheirados, dos consumistas.

É natal! Desprezo à pessoa humana, fome, miséria, sede, guerra, desemprego, injustiça social. Quanta hipocrisia na noite de natal!
É natal! Tantas vezes cristãos compromissados com o reino de Deus, com a justiça social são vítimas de calúnias, difamações, de violência.
É natal! O padre quando luta para que o povo de sua comunidade viva com dignidade passa a ser vítima dos poderosos e de seus comandados.
É natal! Quando o padre fala de anjos, de coisas do outro mundo, leva o povo ao delírio psíquico, é santo, é padre dez; quando fala das injustiças que agridem a dignidade da pessoa humana, e chama, em nome da fé, a lutar contra esse mal, logo é tachado de demônio, de desobediente à Igreja.
É natal! Quando o padre vive só de louvar a Deus é rotulado de padre verdadeiro; quando faz o povo tomar consciência dos seus direitos inalienáveis , alguns dizem: vamos fazer abaixo assinado para tirá-lo, ele é perigoso.

É natal! Milhares de pessoas, no meu sertão, bem no vale do piancó, gritam: bebemos água imprópria para o consumo humano.

É natal! Milhares de estudantes, no vale do piancó, clamam: por que na nossa região não há um campus da UFCG e UEPB? Temos o direito de fazer um curso superior, mas nos é negado este sagrado direito.

É natal! No meu sertão paraibano, quantas pessoas clamando por assistência-médico-hospital com dignidade.

É natal! No vale do piancó, as pessoas que desejam uma consulta médica ou odontológica têm que pegar a fila ainda de madrugada. Só assim, conseguem uma ficha. Imagine acordar-se de madrugada para conseguir uma ficha.

É natal! Corrupção nas esferas públicas reina neste Brasil. E os pobres sofrem as terríveis consequências.

É natal! Quando uma autoridade, seja quem for, tenta combater a corrupção existente neste País, passa a ser destratada, caluniada, sofre reprimenda por parte dos seus superiores.

É natal! Muitas orações, muitas celebrações, muitos louvores, muitos aplausos para Jesus, muitas mensagens de felicitações, muitas confraternizações, porém, pouca sensibilidade humano-cristã diante dos sofrimentos de tantos irmãos nossos, vítimas da fome, da miséria, da sede...

E o natal? Na criança faminta, no doente mal atendido nos hospitais, na pessoa desempregada, nos agredidos em sua dignidade de pessoa humana, nos pobres, nos favelados, nos sem vez e voz. Então é natal de Jesus na pessoa dos pobres!

É natal em cada Belém deste recanto paraibano.

Padre Djacy Brasileiro, em 21 de Dezembro de 2011.

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domingo, 18 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL PARA TODOS !!!


  Que neste Natal  possamos rever o nosso passado para melhorar o nosso futuro.
Que Deus nos abençoe e brilhe com sua luz perante nós, abrindo-nos o caminho até Ele!
Que o ano 2012 seja um ano de realizações, conquistas, otimismo e sucessos! 
Muita Paz!
WCejnog
 
"Lembre-se, se o Natal não é achado em seu coração, você não o achará debaixo da árvore." 
(Charlotte Carpenter)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ter um Natal ou uma festa?


Todo ano o mesmo panorama! Assistimos a mesma ‘encenação’, da qual nós mesmos também participamos: preparativos para as festas, presentes, compras, compras, compras..!  O “palco” já estava armado no mês de Novembro, e a cada ano começa mais cedo. O comércio aposta no sucesso, já tem previsões de quanto lucro se espera desta vez.  Daqui a alguns dias teremos o Natal, o Fim do Ano, o Ano Novo! Quanta expectativa! Quanta alegria e excitação! Conscientemente ou não.  

Hoje, a figura do papai Noel – transformada  no ícone de Natal –  é mais reverenciada que Jesus Cristo, sendo ele alguém que só aparece uma vez por ano, trazendo ilusão e descrença.  Um velho gordo, vestido de vermelho, com barba branca e gritando: ho! ho! ho! (Poucos sabem que ele quase nada tem a ver com o São Nicolau, bispo de Mira (Lícia) no século IV, que mesmo enfrentando as perseguições  manteve-se firme em prestar auxílio a crianças e outros necessitados).  

Até mesmo os que não têm  fé nenhuma em Deus e outros para os quais Jesus Cristo é um desconhecido – também fazem a festa... Que coisa, hein?  Celebra-se Natal porque a sociedade nossa tem raízes cristãs – constatamos. E, também, porque  aqui se gosta, e gosta muito de festas!

Mas, penso eu, a neurose que toma conta da multidão chega a ser absurda. O essencial do Natal “se perde”.  Será que não é isso o que está acontecendo hoje? 

Oxalá, o Espírito de Deus inunde a nossa vida, as nossas mentes e os corações com aquela luz, que anuncia a presença do recém-nascido Menino Jesus. Só assim o meu, o seu, o nosso Natal terá sentido!
WCejnog

O texto de Marcia  Kennusar Gomes traz para nós uma bela reflexão:

O GRANDE DIA


Está chegando o dia.
Celebrações, festas, reuniões.
Pessoas correndo pelas ruas a procura de presentes.
Congestionamentos, buzinas, e palavras de baixo calão insultando uns aos outros.
Nas ruas das grandes cidades pessoas empurrando umas as outras. Lojas cheias, todos querendo o mesmo objeto.
Todos comprando para satisfazer seus egos.
Supermercado é a mesma coisa, nunca se viu tanta gente junta, disputam até o carrinho de compras.
Lojas enfeitadas, para chamar a atenção dos clientes, comprar, comprar, comprar.
Presente é bom de ganhar, mas para se dar presente não precisa de uma data especial. Porque, quando gostamos de alguém todo dia é dia para celebrar.
Então, acabamos  esquecendo do aniversariante do dia, o nosso amado mestre Jesus.
Ele nem pede objetos materiais, não exige que compremos objetos para dar de presente, pois, o melhor presente é você, sua fé, sua crença, suas atitudes centradas no Bem Maior.
Este é um presente que poucos distribuem entre si. Poucos sabem olhar nos olhos de alguém e dizer muito obrigado, você é especial para mim. O verdadeiro presente não está a venda nas prateleiras de uma loja, ou na saciedade da comida em um supermercado, não é uma mesa cheia de comida que representa a  vida, mas um coração cheio de Amor que transmuta tudo.
O melhor presente está aí dentro de você, é você mesmo(a). Acreditar em si, vencer as barreiras que a vida impõe, superar obstáculos.
E sempre poder lembrar e celebrar dentro de nós o nosso menino Jesus.
Que nesta data especial você comungue com ele, dos mesmos ideais, para que todos os dias do ano, a Vida celebre-se dentro de você.
E a alegria de poder compartilhar este sentimento sublime seja o verdadeiro presente para o nosso amado Mestre Jesus.
Abra a porta para ele entrar!
Muito Amor e Luz! (...)

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A mosca e o quadro


Se pararmos um pouco para pensar constatamos que a grande parte das nossas atitudes e decisões baseia-se na fé. Não se trata de fé religiosa, mas simplesmente de acreditar, de ter fé naquilo que vemos, ouvimos e o que  nos é comunicado.

Precisamos acreditar para viver, caso contrário a vida se tornaria insuportável e nós – paranóicos e neuróticos perdidos.  Já imaginou não acreditar no  que fala seu médico, desconfiar do projeto do arquiteto, rejeitar o que está na bula do remédio; contestar tudo: notícias, informações que os jornais nos repassam, os  resultados  de todo  tipo de pesquisas, validade dos trabalhos científicos; não acreditar nas previsões meteorológicas, etc.  É evidente que freqüentemente  podemos ser vítimas de mentiras e enganados pelos aproveitadores. Mas, de modo geral, aceitar tudo isso exige a fé! Então, vemos que mesmo neste sentido básico (e pouco fixado na nossa consciência),  constantemente baseamos muita coisa na fé – para poder viver. Mesmo quando se trata apenas desta vida cotidiana, contida dentro dos limites da matéria e do experimental, fica evidente a necessidade de se apoiar na fé, não  é verdade?  

Mas a vida humana transcende os limites da matéria: somos corpo e alma. No fundo do nosso ser almejamos algo muito além da nossa vida aqui. Somos peregrinos nesta terra em busca da felicidade plena. E sentimos que o que encontramos durante esta caminhada nunca nos totalmente satisfaz. O nosso caminho de busca aponta na direção de Deus.

Tentamos compreender o mundo, a nós mesmos, a nossa vida. Perguntamos pelo sentido da vida, por que e para que estamos aqui. Às vezes não achamos respostas. Como uma mosca que pousou na tela de um quadro  pintado à óleo por um pintor famoso  pode ‘ver’ somente os pigmentos de tinta e formas  endurecidas deixadas pelo pincel,  assim  também nós vamos enxergar  e  julgar  a  nossa  vida, se apenas  estivermos  admitindo a sua dimensão material e passageira.  Algumas pessoas  podem  julgá-la um absurdo.  Mas  as respostas  certas existem.

Para poder  ver a beleza do “quadro da vida” e perceber que a vida humana  existe para ser  uma obra de arte , fazendo a parte da criação, é necessário  abranger  tudo com o olhar da fé, ou seja,  saber olhar para a vida como quem contempla um quadro de arte -  de uma certa distância necessária. O que nos permite fazer essa experiência é a fé.  

Mas, nesta altura muitas novas perguntas surgem, uma puxando a outra: de qual Fé estamos falando?  A fé nos leva a Deus – como encontrar Ele?  O que sabemos realmente sobre Jesus Cristo? Quanta coisa que se fala e se faz hoje evocando a Palavra de Deus e, na verdade,  não tem nada a ver com Jesus Cristo. E eu, como fico?  

Assim como eu, certamente muitas outras pessoas pensam e procuram entender cada vez mais essas questões.  Nas outras futuras postagens pretendo continuar a minha  reflexão simples e imperfeita, mas  que não deixa de ser uma expressão dos meus pensamentos em busca de melhor compreensão de tudo o que me cerca e que faz parte da minha vida. 

Quem quiser me acompanhar, será sempre bem vindo!  A caminhada é nossa.


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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ter a fé, eis a questão.


Para entender como é importante a fé na vida das pessoas e como ela pode modificar, radicalmente, o sentido da existência humana, nada melhor que lembrar e tentar interiorizar algumas frases, como estas:

"A força mais potente do universo? - A fé." (Madre Teresa de Calcutá)


"Só poderemos melhorar o mundo distribuindo a verdadeira fé entre todos os povos do mundo." (Leon Tolstoi)


"Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo." (Mahatma Ghandi) 

"Logo que descobri que existe Deus entendi que não podia mais fazer outra coisa a não ser viver por ele: minha vocação religiosa começa no exato momento em que despertou a minha fé." (Charles de Foucauld)

"O maior ato de fé acontece quando uma pessoa decide que não é Deus."
(Autor desconhecido)


"A sabedoria é o melhor guia e a fé, a melhor companheira. Deve-se pois, fugir das trevas da ignorância e do sofrimento, deve-se procurar a luz da Iluminação." (Sakyamuni)

"O otimismo é a fé em ação. Nada se pode levar a efeito sem otimismo."
(Hellen Keller) 


"A fé não é saber qual é o mistério do universo, mas sim a convicção de que existe um mistério e que ele é maior do que nós." (Rabino David Wolpe)

"A fé sem obras está morta." (São Tiago)

São muitas as perguntas que precisamos primeiramente verbalizar e depois tentar respondê-las. O ser humano pode encontrar as respostas, sim. Existem respostas positivas e bem fundamentadas, mas cada um precisa encontrá-las.  Assim a nossa vida torna-se uma existência consciente.
O texto abaixo nos ajuda a refletir mais sobre essa questão:
WCejnog
(11) 
 
(...) Filosofia apresenta o homem como “ser aberto”, como alguém que se supera constantemente a si mesmo, sempre voltado na direção do novo  futuro. O teólogo medieval São Tomás de Aquino disse que  o ser humano é “capaz do infinito”. Pensando bem, será que só o fato de existirem  em nós perguntas e desejos desse tipo,  não indica a existência de uma tal dimensão que ultrapassa a nossa existência aqui na terra? 

Se não existir algo ilimitado, ou melhor - infinito, a vida humana ficará sem devida explicação, e poderia ser considerada absurdo. E justamente esta é a resposta que vem da fé.

A resposta que o homem recebe através da fé  é exatamente o oposto a tudo isso que os indivíduos descrentes consideram para julgar a vida como ‘nonsense’ – absurdo.  Quem  acha que tudo é um absurdo e em nada consegue ver o sentido  esse,  no final, acabará mergulhando em resignação e apatia. No  entanto, quem acredita e tem fé, apesar de também experimentar essa ruptura causada pelos fracassos, esse aceita e confirma a vida. E também, ao mesmo tempo, aprova a dinâmica dos esforços humanos, a grandeza e a transcendência,  as quais o ser humano sempre almeja no fundo da seu íntimo. É claro que aqui não ficam já resolvidos todos os problemas. Ainda ficam  muitas dúvidas e contradições. Mas estamos compreendendo agora o sentido mais  profundo da nossa existência. Sabemos que não vivemos em vão.

A nossa vida, a vida dos seres humanos, é marcada pela tensão (ou contraste) que existe entre o finito e infinito, entre temporariedade e eternidade. O sentido da vida, então, consiste em agüentar e suportar essas tensões. Porque vale a pena procurar e conseguir achar em nossa limitação aquilo que é ilimitado, em nossa temporariedade – aquilo que é eterno, e no nosso ser humano – aquilo que  é divino.

Desta maneira, apesar de constantes mudanças, o homem  alcança o solo firme: no desespero encontra uma nova esperança e na dúvida – a fé.  A vida humana, assim, encontra o sentido. O homem não foi apenas ‘jogado’  ou ‘colocado’ na vida, e sim,   tem uma tarefa séria a cumprir neste mundo. Ao mesmo tempo entendemos agora  as nossas aspirações, que almejam algo muito além desta vida. A fé leva o ser humano à realização do sentido da sua vida muito além de si mesmo, chegando a Deus.

O homem, se não reconhecer a existência de Deus, sempre há de  ser uma pergunta sem resposta para si mesmo.  Mas, aonde é possível encontrar Deus?  Aonde podemos O achar? (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.24-25)*

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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Viver sem esperança – pode?


Não são poucas ocasiões em que assistimos notícias chocantes sobre as vidas desperdiçadas: as pessoas matam as outras por motivos banais e, às vezes, sem motivo algum; crimes bárbaros, chacinas (colhendo a vida de muitos inocentes); suicídios, violência... Os  noticiários estão cheios de notícias desse  tipo.  E nós, ficamos perplexos e até certo ponto “perdidos” diante desse quadro – não sabemos o que pensar, como nos posicionar. A “construção” da  vida social e humana, parece,  não tem mais fundamentos sólidos – a casa corre risco de desabar. O próprio planeta Terra  começa a encontrar-se ‘em apuros’. Os homens começam a questionar praticamente tudo, propondo as mudanças  que não têm sentido. É esta a sensação.  É ‘prato cheio’ para quem  consegue ver só a matéria e a passagem do tempo. Estamos numa estrada errada, que não se sabe para onde vai levar a humanidade. Alias, até podemos  imaginar, sim. 

Um pensamento quase que persistente incomoda-me muito. No pleno século XXI, quando temos tanta possibilidade de averiguação crítica e científica acerca de muitas questões, quando fica evidente a diferença entre o caminho do mal (que leva a morte) e do bem (que valoriza a vida e da esperança), o homem moderno não faz escolhas certas, não trilha o caminho seguro. Prefere fingir que não sabe, ou então deixa se levar pelas doutrinas e orientações enganadoras. Quer apenas aproveitar a vida, dominar, comprar, consumir, sentir, degustar, e só isso. Eu me pergunto: por que o ser humano nos tempos de hoje não aproveita as vantagens que a razão e a inteligência lhe oferecem e não se lança com energia e determinação para ‘inventar’ um mundo melhor, onde todos possam ter a vida em plenitude? Por que os homens de hoje complicam tanto as coisas e a própria vida?  

Todos sabemos, naturalmente,  que alguns poucos elementos ou minorias que tem uma influência poderosa nas sociedades, esses sabem muito bem o que fazem e o fazem  com os objetivos bem definidos: são eles que apontam a direção para onde querem que a ‘massa’ humana os siga. 

 Sabemos que existem pessoas e organizações, do outro lado, que lutam pelo verdadeiro bem da humanidade, em favor  de todas as pessoas, sem exceção. Esses são muito importantes, mas não são muitos.     A imensa maioria está ‘na deriva’: assistindo, sofrendo, concordando, ou, simplesmente, se acomodando. São multidões! São homens e mulheres que  se iludem pensando que o que fazem é suficiente, mergulhados  no individualismo, egoísmo, ou refugiando-se nas crenças de caráter  intimista e individualista. Assim é fácil alimentar a indiferença, uma espécie de analgésico (para não dizer ‘droga’), para não se sentir ‘culpado’ pelo rumo que o mundo está tomando, ou para poder dormir tranqüilo. São também muitos que vivem  como ‘sonâmbulos” – andando na vida sem saber por que estão aqui ou vão pra lá, por que apóiam isso ou aquilo... 

A vida poderia ser melhor para todos – imagino eu. O mundo poderia ser melhor. Mas a humanidade precisa reassumir o caminho certo:  despertar, reconhecer que todos somos irmãos e irmãs que  moram na mesma casa – mundo, e que a  nossa vida aqui, na terra, é passageira. Deve sair do egoísmo e da hipocrisia, e parar de enganar-se, a si mesma.
Ressoam com força as palavras da Bíblia e mexem com todos nós:   "Eis que ponho diante de ti a vida ou a morte, a bênção ou a maldição, escolhe a vida para que vivas com tua descendência!..." (Dt 30:19).

Acho que construir o futuro melhor só será possível, reforçando as bases - os fundamentos - da vida.  Acredito que esses fundamentos sólidos são a esperança e a fé:  a fé em Deus que é Deus da vida, e a esperança (que deve ser certeza para todo cristão): “tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4, 13).  Sem elas nada será feito.

O texto abaixo nos ajuda a refletir mais sobre essa questão:
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(...) Quem não espera mais por nada nesta vida, esse congela, se perde no ceticismo. O ser humano só pode viver, se vê ainda alguma coisa  na sua frente, se ainda alguma coisa pode acontecer. Sempre estamos voltados para o futuro, porque o  presente é  apenas um breve momento, que não podemos reter   e  se torna passado  antes mesmo que a gente o levar a sério.  Apenas a esperança fornece ao homem as forças para conseguir levar em frente a sua  vida.  Como, então, isso procede  para as pessoas que já não esperam nada na vida?  Trata-se dos velhos, doentes que  não tem mais cura, as pessoas da margem social, consideradas miseráveis...  Elas também esperam, só que  o que?  Será que para todos eles a vida não teria o sentido?  Mas eles querem viver, e tem muito interesse nisso – como as pessoas com câncer -  mesmo quando as suas esperanças estejam a toda hora sendo destruídas.

Na literatura moderna o ser humano costuma ser apresentado – obviamente não sempre – como um ser indefeso, solitário, impotente, vivendo no medo e com apatia em relação à própria existência. A sua vida é uma vida sem saída – literalmente –porque ele não encontra  nem a porta e nem sequer algum caminho que o levaria para fora desse estado. O filósofo Sartre denomina esta situação como “sociedade fechada”. E o homem  que experimenta  essa  exclusiva fragilidade  e temporariedade  sente-se como  no “inferno”.

Nós também concordamos com esta colocação: se para o homem existe somente e apenas  isso que ele pode esperar nesta terra e nesta vida, aí  realmente  ele vai chegar a conclusão que a vida é um absurdo. Uma vida em que a pessoa não pode esperar mais nada é algo sem saída.

Por que, então, o homem participa desse jogo absurdo? Por que  simplesmente não sai do jogo, já que afirma  ele, com freqüência, que não concorda com atitudes absurdas? Mesmo se alguém  realmente “termina” com a sua vida – não vem logo o pensamento de que uma vida foi perdida? O ser humano, então, valoriza a vida, que – como dizem alguns - deveria rejeitar ou negar. 

A vida é muito preciosa  sobretudo para uma pessoa jovem. Como, então,  poderia ser verdade considerar a vida um absurdo?  Ninguém, pois, pode negar que freqüentemente o homem vivencia também situações positivas; não pode negar que a vida também tem os lados bons e o ser humano sente-se feliz.  Afirmar que o sentimento principal do homem é “nojo” e “rejeição” em relação à vida não pode ser verdade, porque o que o ser humano mais manifesta é justamente a alegria de estar vivo. Na intimidade do seu ser todo homem e toda mulher é otimista e  pressente algum sentido mais profundo  da sua vida. Uma afirmação, portanto,  que a  vida é um absurdo e não tem sentido é muito unilateral e arriscada. 

Não podemos consentir com a tese de que a vida do ser humano é um absurdo. No entanto, isso ainda não é nenhuma resposta  para a pergunta, por que e para que vivemos, e tampouco explica os profundos desejos e ‘saudades’ do homem. Também não nos satisfaz apenas afirmar que “o homem encontra-se na vida” e ponto final. Estaríamos simplificando demais o problema. Trata-se de uma das mais essenciais perguntas sobre a existência humana, e por isso não se pode desanimar na investigação.

Quem realmente acha que é possível viver uma vida sem sentido, esse deveria tentar, na prática, viver segundo essa concepção. A sua postura deveria ser respeitada. Apenas não diga que essa é a única verdade e deveria ser  assumida por todos.  Porque, de onde ele pode saber  que realmente não existe nenhum caminho que pode tirar o  homem da escuridão e desespero? De onde pode saber que, apesar de todas as frustrações, não existe alguma força que traz a confiança e enche de esperança?

Nós, cristãos,  somos convictos de que a resposta que a fé nos oferece, nos conduz muito além, e que traz frutos, e sobre ela podemos construir a nossa vida.(...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.23)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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sábado, 10 de dezembro de 2011

Felicidade existe? Você é feliz?


Freqüentemente estamos deslumbrados com a beleza da natureza, das paisagens, do oceano, do céu, das estrelas vistas a noite. Impressionam-nos os mistérios e milagres da vida. Ficamos fascinados com as novas descobertas científicas e fantásticas conquistas da tecnologia. Tudo isso  nos enche de  certo ‘orgulho’, não é mesmo?  E neste mundo estamos nós, vivenciando o tempo da nossa vida, sempre em busca de algo mais, nunca felizes totalmente. É verdade que para alguns, isso não diz nada, não prova nada. 

Mas a pergunta persiste: tem sentido a nossa presença neste mundo, tão maravilhoso (e tão destratado por nós!), que nos serve de casa e onde passamos a nossa vida? E a nossa vida tem sentido? As nossas pequenas conquistas e felicidades são suficientes? Por que sempre é assim? O que falta? Sabemos responder a todas estas perguntas? - Eu não sei, apesar de me esforçar. Mas, quem disse que precisamos saber tudo? Imagino que assim procede com toda pessoa neste mundo, com todos nós. O mais importante, penso eu,  é procurar respostas, tentar entender o que  parece incompreensível e obscuro, estar em constante busca da verdade.  Para mim, soa forte neste momento a frase de Santo Agostinho dirigida a Deus: "Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti."   E para você?

O texto abaixo, da autoria de Ferdinand Krenzer, assim fala sobre este tema:
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(...) Olhando o mundo constatamos contradições; só um tolo  negaria isso. Mas, quando  olharmos para ele como um todo, será que podemos negar que o Universo e o nosso mundo têm sentido?  Pensar nos átomos, as órbitas dos planetas, a contagem do tempo – tudo é perfeitamente organizado. A razão humana, apesar de tantos trabalhos e pesquisas, não consegue chegar aos limites. Também tem sentido a existência dos  instintos do homem:   a fome faz que se procure e acha o  alimento, ânsia de saber desencadeia a busca de respostas, encontra a verdade. Uma coisa interage com a outra, combinam formando o todo.

Seria aqui justamente o ser humano, no seu mais íntimo desejo de felicidade que não tem fim, sujeito a ser considerado absurdo? Isso estaria contrariando a toda lógica. Nesse caso o homem seria a mais miserável das criaturas. Mas, podemos também perguntar: será que só o fato de ser humano ter esse desejo, não pode significar que é possível a sua realização? É óbvio que a resposta aqui não pode ser tão concreta como na tabuada. No entanto, quem se abre a essa possibilidade encontrará na vida muitas confirmações.

Alguém poderia talvez questionar que ele nunca sentiu nada disso, não tem nenhum  desejo deste tipo. Numa carta enviada a um religioso, lemos: “Não me falta nada neste mundo. Estou satisfeito. Rejeito esse argumento, sugerido pelos padres, que sempre se fica com alguma saudade ou desejo de felicidade mais completa. Não acho que a vida tem sentido, mas também não procuro esse sentido fora dela”.

Ninguém nega que seja possível que muita gente não sinta nem um pouco dessa “inquietação”. Até mesmo nos momentos de angustia. Mas, será que esse fato  pode anular, com toda certeza,  que esse desejo existe? As exceções não confirmam as regras? E depois, podemos ter a certeza que essa “satisfação” vai nos acompanhar em absolutamente todas as situações da nossa vida, e nunca sofra alguma  decepção ou deterioração?  Quem pode garantir uma coisa dessa? (...)
 (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.22)*
 Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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