Freqüentemente estamos deslumbrados com a beleza da natureza, das paisagens, do oceano, do céu, das estrelas vistas a noite. Impressionam-nos os mistérios e milagres da vida. Ficamos fascinados com as novas descobertas científicas e fantásticas conquistas da tecnologia. Tudo isso nos enche de certo ‘orgulho’, não é mesmo? E neste mundo estamos nós, vivenciando o tempo da nossa vida, sempre em busca de algo mais, nunca felizes totalmente. É verdade que para alguns, isso não diz nada, não prova nada.
Mas a pergunta persiste: tem sentido a nossa presença neste mundo, tão maravilhoso (e tão destratado por nós!), que nos serve de casa e onde passamos a nossa vida? E a nossa vida tem sentido? As nossas pequenas conquistas e felicidades são suficientes? Por que sempre é assim? O que falta? Sabemos responder a todas estas perguntas? - Eu não sei, apesar de me esforçar. Mas, quem disse que precisamos saber tudo? Imagino que assim procede com toda pessoa neste mundo, com todos nós. O mais importante, penso eu, é procurar respostas, tentar entender o que parece incompreensível e obscuro, estar em constante busca da verdade. Para mim, soa forte neste momento a frase de Santo Agostinho dirigida a Deus: "Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti." E para você?
O texto abaixo, da autoria de Ferdinand Krenzer, assim fala sobre este tema:
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(...) Olhando o mundo constatamos contradições; só um tolo negaria isso. Mas, quando olharmos para ele como um todo, será que podemos negar que o Universo e o nosso mundo têm sentido? Pensar nos átomos, as órbitas dos planetas, a contagem do tempo – tudo é perfeitamente organizado. A razão humana, apesar de tantos trabalhos e pesquisas, não consegue chegar aos limites. Também tem sentido a existência dos instintos do homem: a fome faz que se procure e acha o alimento, ânsia de saber desencadeia a busca de respostas, encontra a verdade. Uma coisa interage com a outra, combinam formando o todo.
Seria aqui justamente o ser humano, no seu mais íntimo desejo de felicidade que não tem fim, sujeito a ser considerado absurdo? Isso estaria contrariando a toda lógica. Nesse caso o homem seria a mais miserável das criaturas. Mas, podemos também perguntar: será que só o fato de ser humano ter esse desejo, não pode significar que é possível a sua realização? É óbvio que a resposta aqui não pode ser tão concreta como na tabuada. No entanto, quem se abre a essa possibilidade encontrará na vida muitas confirmações.
Alguém poderia talvez questionar que ele nunca sentiu nada disso, não tem nenhum desejo deste tipo. Numa carta enviada a um religioso, lemos: “Não me falta nada neste mundo. Estou satisfeito. Rejeito esse argumento, sugerido pelos padres, que sempre se fica com alguma saudade ou desejo de felicidade mais completa. Não acho que a vida tem sentido, mas também não procuro esse sentido fora dela”.
Ninguém nega que seja possível que muita gente não sinta nem um pouco dessa “inquietação”. Até mesmo nos momentos de angustia. Mas, será que esse fato pode anular, com toda certeza, que esse desejo existe? As exceções não confirmam as regras? E depois, podemos ter a certeza que essa “satisfação” vai nos acompanhar em absolutamente todas as situações da nossa vida, e nunca sofra alguma decepção ou deterioração? Quem pode garantir uma coisa dessa? (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p.22)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
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