Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Como entender o termo “GRAÇA”?


Nas reflexões anteriores vimos que a mensagem fundamental de Jesus Cristo, que Ele  trouxe para a humanidade, e para o mundo, é uma mensagem libertadora. Deus nos quer verdadeiramente livres e felizes.  Mas, em condições em que nós nos encontramos, não somos capazes,  sozinhos, quebrar as algemas e o jugo do pecado e da morte. Precisamos da ação de Deus, do seu amor, da sua GRAÇA  para essa vitória acontecer. E ela tornou-se possível em Jesus Cristo. Com Cristo inicia-se  o verdadeiro reinado de Deus.

O texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, fala agora sobre a Graça. O termo “Graça” é muito conhecido e usado em diversos sentidos na nossa vida cotidiana, mas, na doutrina cristã ele tem uma importância fundamental. O que é a Graça? Como podemos entendê-la? Por que viver no estado de Graça leva o ser humano a tornar-se filho de Deus?
Quem deseja entender melhor a sua fé cristã, aqui terá uma  boa ajuda.
 Não deixe de ler.
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Para poder acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações, é aconselhável  ler desde o início todos os seus  textos sobre este assunto (começo no dia 03 de agosto de 2012 http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/para-entender-o-cristianismo-qual-e-sua.html.)

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A GRAÇA

O ser humano não pode sozinho libertar-se do pecado, da solidão, da morte; como também não pode dar  a si próprio tudo aquilo que vem junto com o “domínio de Deus”. Assim, como ele não pode dar a si a vida, assim também não  é capaz sozinho libertar-se  das condições em que se encontra. Por isso a Bíblia fala do “novo nascimento” ou da “nova criação”, que se tornou  indispensável. E já que é Jesus Cristo que opera tudo isso, foi chamado de “novo Adão” (compare Rm 5, 12-21).

Tudo que não resulta das nossas ações e do nosso esforço, mas que recebemos exclusivamente  por causa da iniciativa de Deus, chamamos de GRAÇA. Seria errado entender que ela é algo material, que nos  é acrescentado a nossa humana existência, tornando-a preciosa. Não se trata disso.  A graça, na verdade,  é o amor de Deus para conosco. (...)

São Paulo chama os fiéis de “santos”, justamente porque é Deus que lhes transmite o seu amor. Seria mais correto falar de “santificados”, porque, na realidade, somente Deus é Santo. Quando se fala do ser humano (que é criatura de Deus) que é “santo”, isso não  pode ser entendido como grandeza de virtudes e de vida moral humana, mas somente como fato de que Deus nos permite que possamos participar da sua vida. Somente graças a isso nós nos tornamos capazes para a vida da fé. A partir daí, devemos viver “como convém a santos” (Ef 5, 3).

A Bíblia expressa esse estado de graça, de modo mais bonito quando chama os fiéis de “filhos de Deus”, ou quando fala em “tornar-se criança”, por exemplo: “Considerai com que amor nos amou o Pai, para sermos chamados filhos de Deus” (1Jo 3,1).  Aqui se trata de algo mais do que nós entendemos pela adoção. Porque, o homem que crê, torna-se realmente uma “ nova  criatura”. Isto quer dizer, que apesar de que continua como criatura, torna-se, ao mesmo tempo, participante da natureza divina: “(...) Com elas nos foram dadas as mais preciosas e ricas  promessas para que, por elas,  vos torneis participantes da natureza divina, fugindo da corrupção, que devido às paixões existe no mundo.”(2 Pd 1,4).

Na Carta aos Romanos (8, 16-17) lemos: “O próprio Espírito dá  testemunho a nosso espírito que somos filhos de Deus. Se filhos, também herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele para sermos também com ele glorificados.”  Para  falar da vida que vem de Deus, Jesus usa também o termo “vida eterna”, porque com isso é ligada a participação da vida divina, que  é eterna e  plena.

O termo “vida eterna” distancia-se das preocupações e medos, que fazem parte da  vida dos homens que não são cristãos. Todas as  acusações que são dirigidas contra a fé cristã e contra o jeito cristão de ver Deus,  alegando que eles distanciam o homem de  si mesmo e que o alienam, categoricamente não correspondem à verdade.

 (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 118-119)²

Continua
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¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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