Nas reflexões anteriores vimos que a mensagem fundamental de Jesus
Cristo, que Ele trouxe para a humanidade,
e para o mundo, é uma mensagem libertadora. Deus nos quer verdadeiramente
livres e felizes. Mas, em condições em
que nós nos encontramos, não somos capazes,
sozinhos, quebrar as algemas e o jugo do pecado e da morte. Precisamos
da ação de Deus, do seu amor, da sua GRAÇA para essa vitória acontecer. E ela tornou-se
possível em Jesus Cristo. Com Cristo inicia-se
o verdadeiro reinado de Deus.
O texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, fala agora sobre a
Graça. O termo “Graça” é muito conhecido e usado em diversos sentidos na nossa
vida cotidiana, mas, na doutrina cristã ele tem uma importância fundamental. O
que é a Graça? Como podemos entendê-la? Por que viver no estado de Graça leva o
ser humano a tornar-se filho de Deus?
Quem
deseja entender melhor a sua fé cristã, aqui terá uma boa ajuda.
Não
deixe de ler.
WCejnog
Para
poder acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as
explicações, é aconselhável ler desde o
início todos os seus textos sobre este
assunto (começo no dia 03 de agosto de 2012 http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/para-entender-o-cristianismo-qual-e-sua.html.)
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A GRAÇA
A GRAÇA
O ser
humano não pode sozinho libertar-se do pecado, da solidão, da morte; como
também não pode dar a si próprio tudo
aquilo que vem junto com o “domínio de Deus”. Assim, como ele não pode dar a si
a vida, assim também não é capaz sozinho
libertar-se das condições em que se
encontra. Por isso a Bíblia fala do “novo nascimento” ou da “nova criação”, que
se tornou indispensável. E já que é
Jesus Cristo que opera tudo isso, foi chamado de “novo Adão” (compare Rm 5,
12-21).
Tudo que
não resulta das nossas ações e do nosso esforço, mas que recebemos
exclusivamente por causa da iniciativa
de Deus, chamamos de GRAÇA. Seria errado entender que ela é algo material, que
nos é acrescentado a nossa humana
existência, tornando-a preciosa. Não se trata disso. A graça, na verdade, é o amor de Deus para conosco. (...)
São Paulo
chama os fiéis de “santos”, justamente porque é Deus que lhes transmite o seu
amor. Seria mais correto falar de “santificados”, porque, na realidade, somente
Deus é Santo. Quando se fala do ser humano (que é criatura de Deus) que é
“santo”, isso não pode ser entendido
como grandeza de virtudes e de vida moral humana, mas somente como fato de que Deus
nos permite que possamos participar da sua vida. Somente graças a isso nós nos
tornamos capazes para a vida da fé. A partir daí, devemos viver “como convém a
santos” (Ef 5, 3).
A Bíblia
expressa esse estado de graça, de modo mais bonito quando chama os fiéis de
“filhos de Deus”, ou quando fala em “tornar-se criança”, por exemplo: “Considerai com que amor nos amou o Pai,
para sermos chamados filhos de Deus” (1Jo 3,1). Aqui se trata de algo mais do que nós
entendemos pela adoção. Porque, o homem que crê, torna-se realmente uma “
nova criatura”. Isto quer dizer, que
apesar de que continua como criatura, torna-se, ao mesmo tempo, participante da
natureza divina: “(...) Com elas nos
foram dadas as mais preciosas e ricas
promessas para que, por elas, vos
torneis participantes da natureza divina, fugindo da corrupção, que devido às
paixões existe no mundo.”(2 Pd 1,4).
Na Carta
aos Romanos (8, 16-17) lemos: “O próprio
Espírito dá testemunho a nosso espírito
que somos filhos de Deus. Se filhos, também herdeiros de Deus e co-herdeiros de
Cristo, contanto que soframos com ele para sermos também com ele glorificados.” Para
falar da vida que vem de Deus, Jesus usa também o termo “vida eterna”,
porque com isso é ligada a participação da vida divina, que é eterna e
plena.
O termo
“vida eterna” distancia-se das preocupações e medos, que fazem parte da vida dos homens que não são cristãos. Todas
as acusações que são dirigidas contra a
fé cristã e contra o jeito cristão de ver Deus,
alegando que eles distanciam o homem de
si mesmo e que o alienam, categoricamente não correspondem à verdade.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 118-119)²
Continua
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¹
Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg,
Hesse, † 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand
Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor,
ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais
difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
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