Como fecho deste bloco de reflexões sobre o tema “Mensagem libertadora de Cristo” e, ligado a ele, “O homem diante do Mistério de Deus”, temos agora um curto texto que fala de Deus como Pai para nós, seres humanos. “Deus é nosso Pai!” – é uma expressão popular, que usamos com muita freqüência, mas será que entendemos bem esse termo? Em que sentido Deus é nosso Pai? Ele cuida de nós – dizemos. O que isso quer dizer?
A reflexão abaixo mostra alguns detalhes
importantes. É bom sempre termos na
nossa mente e no coração que a verdade central do cristianismo é a certeza que Deus é amor!
Não deixe de ler.
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OBS.: Só para lembrar, a fonte dessas reflexões é o livro Taka jest nasza wiara, de Ferdinand
Krenzer¹; uma edição no idioma polonês. O título original: “Morgen wird
man wieder Glauben”.
Para poder
acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações
é aconselhável ler desde o início todos
os seus textos sobre este assunto - começo no dia 03 de agosto de 2012: http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/para-entender-o-cristianismo-qual-e-sua.html
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Deus – nosso Pai
Deus – nosso Pai
Se lembrarmos
que os fiéis são chamados com freqüência, nas cartas do Novo Testamento, de “filhos de Deus”, então não
vai nas surpreender o fato que Jesus Cristo estimula os seus discípulos, e
portanto todos os cristãos, a chamarem Deus de Pai: “Portanto,
vós orareis assim: Pai nosso, que estás
nos céus, santificado seja o teu nome...” (Mt 6,9). E na Carta de São Paulo
aos Gálatas lemos: “E, porque sois filhos, Deus
enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.” (Gal 4:6).
Essa
expressão (chamar Deus de Pai) existia também em outras religiões, mas era
usada ou para dizer que existe uma sabedoria divina e que o homem e tudo que existe, provêm de Deus, ou, então, para apresentar a
ideia de que existe o parentesco físico entre os deuses e os homens (compare,
por exemplo, a mitologia dos deuses do mundo antigo). Jesus Cristo não fala nem do primeiro e nem do
segundo caso. Obviamente, nós não somos filhos de Deus neste sentido em que Ele
é “Filho de Deus”. A vida Divina é nele por ser sua propriedade - Ele próprio é
Deus. Quanto a nós, somente recebemos a participação nessa vida Divina.
Muito
provavelmente, a razão humana nunca descobriria o motivo, pelo qual os cristãos
chamam Deus de “Pai”. Para ela seria
difícil constatar isso, porque imagina Deus como algum “ser altíssimo” que
sozinho e longe daqui reina sobre o
universo, mas deixando-o a mercê da própria sorte. Mas, para o cristianismo Deus é “Deus para nós” – alguém que
nos comunica da sua própria vida. É por isso que podemos confiar nele assim
como as crianças, a ponto que a Bíblia diz: “
... o Pai já sabe de vossas necessidades antes mesmo de pedirdes” (Mt 6,
8).
Pensemos
por instante o que quer dizer: “Deus cuida de nós”. Dando um exemplo, talvez seja mais fácil
compreendermos quem é Deus para nós. Não poucas vezes ouvimos notícias que em
alguma parte do mundo aconteceu acidente, em alguma mina, onde foram soterrados
e isolados do mundo os mineiros que trabalhavam debaixo da terra. Todos nós ficamos acompanhando o fato, querendo saber como isso
aconteceu; se alguém sobreviveu; onde naquele momento eles poderiam estar,
etc., etc. Por outro lado, os homens isolados na mina, lá embaixo, Têm um único
desejo: que aqueles lá em cima pudessem saber que eles ainda estão vivos e onde
podem encontrá-los. Por isso incansavelmente tentam, por meio do barulho e som
produzidos ao baterem nas paredes,
transmitir um sinal de vida, comunicando que eles estão vivos. E quando, enfim,
conseguem captar a primeira resposta – uma
enorme pedra lhes cai do coração, porque agora já têm certeza: Foram localizados! Alguém lá fora trabalha para os salvar! Agora podem confiar que, com os equipamentos
que hoje oferece a tecnologia, serão
retirados e salvos.
Assim,
mais ou menos, podemos imaginar o que significa “Deus cuida de nós”. Mesmo
quando ninguém outro pensa em nós, Ele
nos conhece e nos olha como um Pai
que quer o bem para nós. Aqui, para
ilustrar mais esse amor de Deus, por
favor ler o Lc 15, 11- 32 (parábola do filho pródigo).
Talvez
surjam agora em você, caro leitor, as dúvidas que a sua razão crítica, tão
comum ao ser humano, começa a apresentar. Talvez, com insistência, vêm as
perguntas: Será que tudo isso, que foi falado aqui, até agora, tem alguma relação comigo? Deus realmente teria saído ao encontro de nós
humanos tão longe assim? Essa “nova vida” é para acontecer em mim? Como? Eu
- e a participação da vida de Deus? Eu – e o “filho de Deus”?...
Para
essas perguntas é possível só uma resposta! Esbarramos nela toda vez, quando
aceitamos a observar com mais atenção e a pesquisar a atuação de Deus na
história humana: “Deus é amor” (1 Jo 4, 8). E esse amor opera essas coisas.
Isso constitui no cristianismo a verdade central da fé, e todo o resto
concentra-se em volta dela.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 128-129)²
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¹
Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg,
Hesse, † 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand
Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor,
ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais
difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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