Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Deus nosso Pai. Como entender isso?



Como fecho deste bloco de reflexões sobre o tema “Mensagem libertadora de Cristo” e, ligado a ele, “O homem diante do Mistério de Deus”,  temos  agora um curto  texto  que fala de Deus como Pai para nós, seres humanos. “Deus é nosso Pai!” – é uma expressão popular, que usamos com muita freqüência, mas será que entendemos bem esse termo? Em que sentido Deus  é nosso Pai?  Ele cuida de nós – dizemos.  O que isso quer dizer? 

A reflexão abaixo mostra alguns detalhes importantes. É  bom sempre termos na nossa mente e no coração que a verdade central do cristianismo  é a certeza que Deus é amor!
Não deixe de ler.
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OBS.: Só para lembrar, a fonte dessas reflexões  é o livro Taka jest nasza wiara, de Ferdinand Krenzer¹; uma edição no idioma polonês. O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.  
Para poder acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações é aconselhável  ler desde o início todos os seus  textos sobre este assunto - começo no dia 03 de agosto de 2012: http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/para-entender-o-cristianismo-qual-e-sua.html

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Deus – nosso Pai

Se lembrarmos que os fiéis são chamados com freqüência, nas cartas do Novo  Testamento, de “filhos de Deus”, então não vai nas surpreender o fato que Jesus Cristo estimula os seus discípulos, e portanto todos os cristãos,  a chamarem  Deus de Pai:  “Portanto, vós orareis assim:  Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome...” (Mt 6,9). E na Carta de São Paulo aos Gálatas lemos:  E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.” (Gal 4:6).

Essa expressão (chamar Deus de Pai) existia também em outras religiões, mas era usada ou para dizer que existe uma sabedoria divina e  que o homem e tudo que existe,  provêm de Deus, ou, então, para apresentar a ideia de que existe o parentesco físico entre os deuses e os homens (compare, por exemplo, a mitologia dos deuses do mundo antigo).  Jesus Cristo não fala nem do primeiro e nem do segundo caso. Obviamente, nós não somos filhos de Deus neste sentido em que Ele é “Filho de Deus”. A vida Divina é nele por ser sua propriedade - Ele próprio é Deus. Quanto a nós, somente recebemos a participação nessa vida Divina.

Muito provavelmente, a razão humana nunca descobriria o motivo, pelo qual os cristãos chamam Deus de “Pai”.  Para ela seria difícil constatar isso, porque imagina Deus como algum “ser altíssimo” que sozinho e longe daqui reina sobre o  universo, mas deixando-o a mercê da própria sorte. Mas, para o cristianismo Deus é “Deus para nós” – alguém que nos comunica da sua própria vida. É por isso que podemos confiar nele assim como as crianças, a ponto que a Bíblia diz: “ ... o Pai já sabe de vossas necessidades antes mesmo de pedirdes” (Mt 6, 8).

Pensemos por instante o que quer dizer: “Deus cuida de nós”.  Dando um exemplo, talvez seja mais fácil compreendermos quem é Deus para nós. Não poucas vezes ouvimos notícias que em alguma parte do mundo aconteceu acidente, em alguma mina, onde foram soterrados e isolados do mundo os mineiros que trabalhavam debaixo da terra. Todos nós ficamos  acompanhando o fato, querendo saber como isso aconteceu; se alguém sobreviveu; onde naquele momento eles poderiam estar, etc., etc. Por outro lado, os homens isolados na mina, lá embaixo, Têm um único desejo: que aqueles lá em cima pudessem saber que eles ainda estão vivos e onde podem encontrá-los. Por isso incansavelmente tentam, por meio do barulho e som produzidos ao baterem nas  paredes, transmitir um sinal de vida, comunicando que eles estão vivos. E quando, enfim, conseguem captar a primeira resposta – uma  enorme pedra lhes cai do coração, porque agora já têm certeza: Foram localizados! Alguém lá fora trabalha para os salvar! Agora podem confiar que, com os equipamentos que hoje oferece a  tecnologia, serão retirados e  salvos.

Assim, mais ou menos, podemos imaginar o que significa “Deus cuida de nós”. Mesmo quando ninguém outro pensa  em nós, Ele nos conhece e nos olha como um  Pai que  quer o bem para nós. Aqui, para ilustrar mais  esse amor de Deus, por favor ler o Lc 15, 11- 32 (parábola do filho pródigo).

Talvez surjam agora em você, caro leitor, as dúvidas que a sua razão crítica, tão comum ao ser humano, começa a apresentar. Talvez, com insistência, vêm as perguntas: Será que tudo isso, que foi falado aqui, até agora, tem alguma  relação comigo?  Deus realmente teria saído ao encontro de nós humanos tão longe assim? Essa “nova vida” é para acontecer em mim? Como? Eu -  e a participação da vida de Deus?  Eu – e o “filho de Deus”?...

Para essas perguntas é possível só uma resposta! Esbarramos nela toda vez, quando aceitamos a observar com mais atenção e a pesquisar a atuação de Deus na história humana: “Deus é amor” (1 Jo 4, 8). E esse amor opera essas coisas. Isso constitui no cristianismo a verdade central da fé, e todo o resto concentra-se em  volta dela.  

  (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 128-129)²
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¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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