No Evangelho segundo João, no capítulo 6, temos a
descrição do milagre de multiplicação de cinco pães e dois peixes. O povo,
entusiasmado, ao ver o
poder de Jesus queria levá-lo para fazê-lo rei, mas Ele “retirou-se
outra vez, sozinho, para o monte” (6, 15). Quando, no outro dia, a multidão novamente
recorreu a Jesus, ele disse: “Em verdade
vos digo: vos me procurais, não por terdes
visto os sinais mas por terdes comido o pão e vos haverdes saciado. Esforçai-vos, não pelo
alimento que perece, e sim pelo alimento que permanece até a vida eterna (...)” ( 6,
26-27).
Agora vem o vasto texto, em que Jesus fala da
Eucaristia. “Eu sou o pão da vida. Quem
vem a mim já não terá fome e quem crê em mim jamais terá sede.” (6, 35) – disse. Certamente Jesus ensinava sobre este tema também numa
sinagoga em Cafarnaum (ver Jo 6, 59). Entre outras palavras, falou: “É este
o pão que desce do céu. Quem dele comer,
não morre. Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. E o pão
que darei é minha carne para a vida do mundo” (6, 50-51). “Quem come minha carne e bebe
meu sangue, permanece em mim e eu nele” (6, 56). Este discurso gerou uma forte reação dos judeus. Até mesmo “muitos dos seus discípulos se retiraram e já
não o seguiam”(6, 66). Por isso a pergunta dirigida aos doze foi categórica: “Também vós quereis ir?” (6, 67).
Este é um momento dramático e bastante tenso. Podemos
imaginar que os doze, naquele momento, certamente
não conseguem entender todo o sentido das palavras do Mestre. Mas a resposta
que veio da fé estava certa: “Para
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna...” (6, 68)
Para entendermos melhor esse texto, proponho um comentário maravilhoso da Asun Gutiérrez Cabriada. É
uma reflexão muito enriquecedora e bonita.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os interessados pedem ler esse texto em PPS, acessando o site das Monjas
Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom21B12port.pps
Trabalho muito bonito!]
“As palavras que Eu vos disse são espírito e vida.”
Quando se experimentou a voar pela vida com Jesus,
onde podemos ir que encontremos as palavras
que são e produzem vida,
que entusiasmam e dão esperança,
que convidam e inquietam,
que fazem viver e não só subsistir?
José Alegre
onde podemos ir que encontremos as palavras
que são e produzem vida,
que entusiasmam e dão esperança,
que convidam e inquietam,
que fazem viver e não só subsistir?
José Alegre
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Jo 6, 61-69
Naquele
tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram:
– Estas
palavras são duras. Quem pode escutá-las?
Jesus,
conhecendo interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso,
perguntou-lhes:
– Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente?
– Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente?
O
Espírito é que dá vida.
A carne
não serve de nada.
As
palavras que Eu vos disse são espírito e
vida. Mas, entre vós, há alguns que não acreditam.
Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar.
Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar.
E
acrescentou:
– Por
isso é que vos disse: Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu
Pai.
A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele.
A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele.
Jesus
disse aos doze:
– Também
vós quereis ir embora?
Respondeu-Lhe
Simão Pedro:
– Para
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos
que Tu és o Santo de Deus.
que Tu és o Santo de Deus.
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Comentário
A “doutrina” de Jesus consiste em dar a outra face, perdoar aos outros e a si
mesmo incondicionalmente, servir e não querer
ser servidos, não julgar, dar, sem
esperar nada em troca, não do que sobra mas do necessário, preferir ocupar os últimos lugares, colaborar
na construção dum mundo mais humano...
O que
Jesus pede, viver como Ele viveu, é o que mais compromete e o que mais
felicidade e liberdade proporciona. É a “exigência” do amor.
É lógica
a surpresa e a rejeição dos que se já acostumaram a um deus feito à medida da
sua história pessoal ou como lhes contaram.
O
encontro com Jesus supõe uma opção pessoal, um processo contínuo e seletivo.
O resultado é para ser celebrado a partir da gratuidade, da confiança, da alegria, da esperança...
O resultado é para ser celebrado a partir da gratuidade, da confiança, da alegria, da esperança...
Seguir Jesus é uma questão de Amor e de
Espírito.
Jesus
opõe o “espírito” (que é a força, a alegria, a liberdade, a vida) à “carne”,
que na Bíblia significa egoísmo, pessimismo, falsidade, covardia... Nada relacionado com o corpo, como se costuma
pensar insistindo equivocadamente na distinção entre alma e corpo. Distinção
que procede da filosofia grega, não de Jesus.
Crer, compromete. A fé não é um tranquilizante.
Seguir
Jesus supõe aceitá-l’O a Ele e ao seu estilo de vida. Como em toda a relação amorosa, ao imenso e
incondicional amor que o Deus de Jesus nos tem, deve responder o nosso amor.
O quarto
evangelho só menciona os Doze nesta ocasião e em 20,24.
Para
todos ecoa a pergunta direta e provocadora de Jesus. É importante a nossa
resposta.
Uma resposta livre e pessoal que é escolha, opção de permanecer na segurança do chão ou de se lançar a voar com a confiança de que Alguém nos sustém e nos faz ver, viver e sentir a vida desde outra perspectiva, outra sensibilidade, desde a plena confiança em Alguém que nunca falha.
Uma resposta livre e pessoal que é escolha, opção de permanecer na segurança do chão ou de se lançar a voar com a confiança de que Alguém nos sustém e nos faz ver, viver e sentir a vida desde outra perspectiva, outra sensibilidade, desde a plena confiança em Alguém que nunca falha.
O fundamental não é “onde” ir, mas “a quem” ir.
As palavras que Jesus repete uma e
outra vez como “felizes”, “amor”, “levanta-te”, “vem”, “paz”, “não temas”, “segue-me”, “ama o teu próximo”
“Abbá”... dão vida, são vida.
É a revolução do amor na qual se vê imersa a pessoa que experimentou o encontro pessoal com Jesus. Não é uma obrigação nem uma dívida mas a resposta de uma pessoa agraciada e agradecida que já não entende a sua vida sem Jesus.
É a revolução do amor na qual se vê imersa a pessoa que experimentou o encontro pessoal com Jesus. Não é uma obrigação nem uma dívida mas a resposta de uma pessoa agraciada e agradecida que já não entende a sua vida sem Jesus.
E nós, a quem iremos?
Mesmo que não tenhamos tudo claro, identificamo-nos plenamente com o
abandono confiado e amoroso de Pedro.
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Na tua luz aprendo a amar.
Na tua beleza, a escrever poemas.
Danças no meu peito,
onde ninguém te vê,
mas às vezes vejo-te,
e essa visão transforma-se em minha arte.
Rumi
Na tua beleza, a escrever poemas.
Danças no meu peito,
onde ninguém te vê,
mas às vezes vejo-te,
e essa visão transforma-se em minha arte.
Rumi
(Fonte: Monjas de St. Benet de Montserrat)
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