Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Jesus Cristo fazia os milagres. Por quê?



Continuando a reflexão sobre a mensagem de Jesus Cristo, que Ele trouxe aos homens, é imprescindível falar dos milagres operados por Ele. Por que Ele os fazia? Qual era a finalidade  principal dos milagres?  São as perguntas que nos convidam a pensarmos em Jesus. Procurando respondê-las, podemos perceber mais claramente qual é o caráter da mensagem de Cristo e o que Ele diz aos seus seguidores. Isto é importante, porque como cristãos no mundo é, justamente, a nossa missão realizar o que Ele nos ordenou.

É sobre isso que fala o texto, abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹.  Quem deseja entender mais profundamente a sua fé, aqui pode encontrar uma ajuda.
Não deixe de ler.
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Para poder acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações, é aconselhável  ler desde o início todos os seus  textos sobre este assunto (começo no dia 03 de agosto de 2012 - http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/para-entender-o-cristianismo-qual-e-sua.html )

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Os milagres de Jesus

No Evangelho segundo São João, Jesus disse: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).  Ele, o Bom Pastor  se importa com a vida das ovelhas.

(...) Essa vida que Jesus oferece aos homens significa a libertação. Neste contexto, também os milagres que Jesus realiza apontam para a chegada de “nova criação”. Jesus Cristo não  só fala, mas também age, cura, devolve a vida (ressuscita), expulsa o mal, etc. Quer mostrar claramente com isso, que Ele veio para anunciar e dar início à realização do  Reino de  Deus, que  ao mesmo tempo liberta o ser humano do sofrimento, pecado e da morte. 

Quando João Batista  enviou os seus discípulos para perguntarem Jesus: És tu, Aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” (Mt 11, 3). Então Ele lhes respondeu: "Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciado o Evangelho” ( Lc 7,22). João Batista entendeu que junto a esses acontecimentos começou o reinado (domínio) de Deus.

Hoje em dia, para muita gente, nada da vida de Jesus é tão difícil para entender como os milagres. É muito difícil conciliar isso com a nossa  maneira de pensar, que é sobretudo racionalista e exata. Conhecemos “os milagres” no sentido figurado, como “milagre econômico”, “milagre tecnológico”, etc. No entanto, não se pode retirar os relatos de milagres de Jesus da Bíblia. Eles estão já nos mais antigos manuscritos.

Errado seria aplicarmos a esses relatos o nosso conceito de história. Os judeus daquela  época usavam outras  categorias de pensamento, diferentes das nossas, nos dias  de hoje.  Com certeza, algumas descrições de milagres, com a sua forma ilustrativa, como objetivo principal têm a intenção de mostrar o  conteúdo teológico, isto é, demonstrar que Jesus é quem salva o ser humano. Ele é a cura para os enfermos, Ele é o Pão da vida... Aqui, neste grupo de milagres, encontramos, sobretudo, os milagres relacionados à natureza, como, por exemplo, quando Jesus acalma a tempestade no mar, multiplica os pães, etc.

Do mesmo jeito seria errado querer declarar que Jesus não fez milagre nenhum. Sem dúvida, Ele realizou as coisas extraordinárias, que surpreenderam a todos. E justamente porque assim aconteceu, e porque nem os  adversários de Jesus questionaram os seus feitos, os discípulos de Jesus podiam depois - o que para eles, diga-se de passagem, era totalmente legal - à luz do  acontecimento pascoal entendiam o que aconteceu antes, e servindo-se dos milagres como elementos de caráter catequético, para provar que Jesus tinha poder para ajudar e salvar os homens.

A biblística moderna vê a autenticidade dos milagres, sobretudo lá, onde foram fornecidos muitos detalhes, ou onde não se pode entender e explicá-los baseando-se no judaísmo ou no helenismo.

Nem a fé e nem a ciência natural podem contestar o fato que Deus pode colocar a seu serviço a natureza que Ele criou. Não por anular as suas leis, mas porque Ele conhece todas as suas últimas possibilidades, e com elas  realizar as outras obras.

Para Jesus Cristo os milagres são sinais que não forçam pessoas para acreditarem, mas querem, justamente, suscitar a fé. Servindo-se deles, Jesus  quer anunciar que quando o homem e o mundo seguem o caminho de Deus, lá eles alcançam felicidade. Quer mostrar que esse reinado de Deus na terra, começou com Ele. Por isso também, os  milagres são ao mesmo tempo sinais que confirmam a sua missão e autoridade.

 (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 115-116)²
Continua
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¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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