Para
completar a reflexão “E nós, a quem iremos?” (última postagem – do dia 25 de agosto) apresento
aqui, no blog Indagações, mais um comentário de Asun Gutiérrez Cabriada, que pode nos ajudar a compreendermos um pouco mais
o conteúdo das outras frases do Evangelho de João (Jo 6, 41-51). Pensemos nas perguntas: Por que os judeus
murmuravam de Jesus quando Ele disse: “Eu sou o pão que desceu do céu”? O que significa acreditar de
verdade nessas palavras de Jesus? E nós – acreditamos?
É uma reflexão
enriquecedora e proveitosa.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os interessados podem ler esse texto em PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:
Era lógico que os contemporâneos de Jesus,
especialmente os seus vizinhos e os seus parentes, resistissem à mensagem.
E é lógico que nós resistamos a sair das nossas concepções mítico-mágicas.
Jesus supera de tal medida as nossas religiõezinhas razoáveis ou míticas
que sintamos vertigem ao crer n’Ele.
especialmente os seus vizinhos e os seus parentes, resistissem à mensagem.
E é lógico que nós resistamos a sair das nossas concepções mítico-mágicas.
Jesus supera de tal medida as nossas religiõezinhas razoáveis ou míticas
que sintamos vertigem ao crer n’Ele.
Porque há que crer num homem, não numa divindade disfarçada,
há que crer que a ação de Deus é verdadeiramente feita carne,
não vestida de carne.
há que crer que a ação de Deus é verdadeiramente feita carne,
não vestida de carne.
José
Enrique Galarreta.
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Jo 6,
41-51.
Naquele
tempo, os judeus murmuravam de Jesus por Ele ter dito:
«Eu sou
o pão que desceu do céu».
E
diziam:
– Não é
Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que
Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?
Jesus
respondeu-lhes:
– Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me
enviou, não o trouxer; e Eu
ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito nos livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu
ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de
junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em
verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No
deserto, os vossos pais comeram o maná e
morreram. Mas este pão é o que desce do Céu para que não morra quem dele comer.
– Eu sou
o pão vivo que desceu do Céu.
Quem
comer deste pão viverá eternamente.
E o pão
que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo.
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COMENTÁRIO
Começavam a ter força alguns dos movimentos gnósticos. O evangelista quer deixar firmemente assente a humanidade de Jesus frente a estes grupos que não a admitiam. É mais fácil e cómodo crer num Deus longínquo, de outro mundo, que em alguém encarnado na humanidade que nos questiona e nos compromete.
Que sejamos capazes de descobrir em Jesus, filho de José e Maria, o único “pão” que alimenta o nosso espírito e
nos dá a força para caminhar.
Que a fé que professamos não seja impedimento para conhecer e seguir Jesus.
Tenho facilidade para murmurar? Jesus
continua a recomendar-nos: “Não murmureis”.
É a fé que nos anima, que dá sentido à nossa vida cristã. A fé é
conhecer Jesus, tratar de ser e de atuar como Ele. Não é uma questão de ideias, mas de relação
pessoal.
Jesus não ensina fórmulas
nem doutrinas, mas revela o modo de estar perante Deus, o modo de estar perante
os outros, o modo de viver no mundo.
A fé é um dom que requer resposta, acolhimento e pôr em prática esse dom na vida. A fé é um dom e uma tarefa.
“Eu sou
o pão vivo que desceu do Céu.” - Nesta
auto-apresentação, Jesus manifesta-se como a resposta às
esperanças e necessidades do ser humano. Jesus é o “pão” que alimenta e fortalece a
vida autêntica. A expressão “vida
eterna” não significa só uma vida de duração ilimitada. Trata-se de uma vida
vivida em profundidade e qualidade nova. Uma vida plena, que vai mais além de
nós mesmos. Uma vida que nenhum mau acontecimento pode truncar. Nem a morte.
O alimento perecível é para sobreviver. Jesus é o alimento para
viver.
Creio que Jesus é vida. Creio que a humanidade de Jesus me leva a ter
presente as necessidades, a fome e a sede das pessoas que as sofrem e a partilhar o “pão do céu”:
alimento, alegria, utopia, solidariedade, paz, vida...
alimento, alegria, utopia, solidariedade, paz, vida...
O convite a comer não se refere aqui ao ato físico de levar um alimento à
boca para o mastigar e digerir. Jesus vai mais além e pede aos que O escutam
que se nutram interiormente d’Ele, que assimilem a sua palavra e a sua pessoa.
Para poder ser, como Ele, alimento e vida para o mundo.
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Repartiremos a terra, a beleza, o amor,
tudo isso tem sabor de pão,
forma de pão, germinação de farinha,
tudo nasceu para ser partilhado,
para ser entregue, para se multiplicar.
tudo isso tem sabor de pão,
forma de pão, germinação de farinha,
tudo nasceu para ser partilhado,
para ser entregue, para se multiplicar.
Por isso, pão, se foges da casa do homem,
si te escondes, te negam,
se o avarento te prostitui, e o rico te açambarca,
lutaremos por ti com os outros homens
com todos os famintos,
por todos os rios, pelo ar te iremos buscar,
toda a terra a repartiremos para que tu germines.
Iremos coroados com espigas
conquistando terra e pão para todos,
e então também a vida terá forma de pão,
será simples e profunda, inumerável e pura.
Todos os seres terão direito à terra e à vida,
e assim será o pão de amanhã o pão de cada boca,
sagrado, porque será o produto
da mais longa e dura luta humana.
Pablo Neruda
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