O ano litúrgico encerramos com
a Festa de Cristo Rei. É um momento
adequado para nós, cristãos, fazermos uma
reflexão sobre a nossa missão neste mundo. Como batizados, temos o compromisso
de sermos testemunhas de Cristo, de
vivermos a mensagem do Evangelho e levá-la para os “confins da terra” – isto é,
para todo lugar. Isso significa
trabalhar para o reino de Deus! Jesus,
diante da autoridade de Pilatos diz: “Eu sou rei. Para isso nasci e vim ao
mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta
a minha voz» (Jo, 18, 37).
Nos dias de hoje, muitos
cristãos falam e declaram que “Cristo é o Rei!”, mas na sua vida diária ou na
vida da sociedade – parece que nem se lembram dessas palavras – como se
servissem a outro rei...! E será que não
servem...? Quais são as causas disso:
acomodação, ignorância, uma fé sem convicção e sem compromisso, a vantagem de
ser um cristão apenas de “etiqueta”? Tantas outras perguntas....! Cada um de nós
precisa encontrar a sua própria resposta.
Trago aqui, no blog Indagações, o comentário de Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto do Evangelho segundo João (18, 33b-37), onde Jesus afirma que é Rei e
fala do seu Reino. Muito bom!
Não
deixe de ler.
WCejnog
“O Reino de Deus é um mundo novo
no qual o sofrimento foi abolido,
um mundo totalmente redimido
ou de seres humanos salvos
que convivem sob o império da paz
e na ausência de toda a relação
senhor-escravo”
E.
Schillebeeckx
Cristo, Rei?
A festa
de Cristo-Rei do Universo foi instaurada
por Pio XI em 11 de Março de 1925.
Corriam na Europa ares anticlericais e republicanos. Pretendia-se, com esta festa afirmar a
soberania de Cristo e da Igreja Católica em todas as esferas da vida humana.
O Concílio Vaticano II modificou o sentido
desta Solenidade.
Evangelho
segundo João (18, 33b-37):
Naquele
tempo, disse Pilatos a Jesus:
«Tu és o
rei dos Judeus?».
Jesus
respondeu-lhe:
«É por
ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?».
Disse-lhe
Pilatos:
«Porventura
eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim. Que
fizeste?».
Jesus
respondeu:
«O meu
reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas
lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é
daqui».
Jesus
respondeu:
«O meu
reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas
lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é
daqui».
Disse-Lhe
Pilatos:
«Então,
Tu és rei?».
Jesus
respondeu-lhe:
«É como
dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
Comentário
Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus:
«Tu és o rei dos Judeus?».
Para
Jesus o Reino de Deus, o que Ele esperava e anunciava, é aquele que acontece
quando reina Deus, em vez de outro poder qualquer. Significa que a paz, a
justiça e o amor reinam entre os seres humanos e na natureza.
O reino
de Deus, tema central da mensagem alegre de Jesus, baseia-se nas Parábolas e
nas Bem-aventuranças e responde ao projeto de Deus para a humanidade.
Se a
esperança ativa do reino de Deus foi o decisivo, o fundamental para Jesus,
assim tem de ser também para nós.
Jesus respondeu-lhe:
«É por ti que o dizes, ou foram outros que
to disseram de Mim?».
Disse-lhe Pilatos:
«Porventura eu sou judeu? O teu povo e os
sumos sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste?».
O que
Ele fez foi consolar, escutar, perdoar, curar, libertar, acolher, tocar
leprosos, dar de comer, exercer o seu poder lavando os pés a todos, devolver
bem por mal, praticar a compaixão e a misericórdia, oferecer alegria, esperança
e paz, anunciar que, finalmente, se vai
implantar a justiça, a proteção, a ajuda às pessoas empobrecidas,
marginalizadas, oprimidas, indefesas.
Esta é a promessa melhor que se pode oferecer ao mundo e, ao mesmo tempo, a
maior ameaça para a ordem estabelecida.
Jesus respondeu:
«O meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse
entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
O reino
de Jesus, reino de justiça, paz e serviço, deve crescer no meio das pessoas e
do mundo.
Jesus
não fugiu do mundo nem convida ninguém a fugir dele.
“O meu
reino não é deste mundo” não deve levar-nos a nos despreocuparmos e a nos
evadirmos. Somos chamados a colaborar na construção dum Reino que não se
identifica com os poderes deste mundo e que temos que começar a realizar nele.
A isso se dedicou Jesus.
Disse-lhe Pilatos:
«Então, Tu és rei?».
Pilatos
insiste. Jesus responde sem evasivas. Se sou rei. Para isso vim. Para instaurar
um reino de paz e fraternidade, de justiça e respeito pelos direitos e a
dignidade de todos. Reinado que não é só para o futuro, que está presente desde
já. “O seu domínio é eterno” (Dan 7,
14).
Quem é o rei da minha vida? Que reis permito que me tirem a liberdade?
Quem ou
o quê determina a minha vida?
Há
muitos reis, muitos deuses dispostos a impedir que eu seja pessoa livre,
consciente, solidária, comprometida...
Passe o
que se passar, tenho a capacidade e a sorte de poder escolher e decidir quem
quero que reine em mim?
Jesus respondeu-lhe:
«É como dizes: sou rei. Para isso nasci e
vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade
escuta a minha voz».
Jesus
identifica a sua realeza com a sua missão. Testemunho e serviço. O poder cria
domínio, uniformidade, produz despersonalização e submissão. A força do testemunho e o serviço não domina,
nem se impõe, nem castiga, nem condena, nem excomunga, mas que convence, cria
igualdade, liberdade e unidade na diversidade, cria autêntica comunhão.
Escutar
Jesus não é só ouvir, mas comprometer-se com a sua Pessoa e a sua forma de
atuar. Põe em nossas mãos a tarefa de construir o seu Reino no mundo e na vida
dos homens e mulheres, transformando-o de acordo com o desejo de Deus.
Venha
o teu reino
Que venha o teu Reino,
esse mundo novo que ansiamos.
Que venha depressa.
Levamos mil anos esperando-o.
Ah! Se nos enviasses o teu alento vivo e luminoso
que torna gente solidária até das pedras.
Com ele construiremos o teu Reino.
Patxi Loidi