Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 11 de novembro de 2012

A questão do ecumenismo. O que diz a Igreja católica?



Hoje ouvimos com muita freqüência  notícias e comentários sobre o ecumenismo, ou a falta dele, e sobre a necessidade de diálogo entre as  religiões. No entanto, existem diversas opiniões sobre este assunto.  A maioria das pessoas, com toda a certeza,  gostaria de ver o  ecumenismo progredir muito mais, pelo menos entre todos os cristãos,  trazendo -  através disso -  mais união e paz ao mundo. Mas tem também muita gente que não dá tanta  atenção a essa questão, ou não liga para ela. E, por fim – o que é um espanto! - tem pessoas que consideram o  ecumenismo  uma “praga”, pois constitui uma ameaça aos próprios conceitos e doutrinas, entendendo que um movimento desse tipo é obra do próprio “satanás”  (para conferir  isso, basta dar olhada em alguns sites que propagam essa opinião).

Isso tudo comprova, na minha opinião, como são grandes as  dificuldades para construir uma verdadeira união entre os seres humanos, mesmo em volta dos mais nobres objetivos, e o ecumenismo, certamente, é um deles.  

O blog Indagações aborda esse assunto continuando o tema sobre a Igreja católica.  A pergunta que aqui cabe  é a seguinte: Como esta Instituição – a Igreja católica -  vê a questão do ecumenismo? Como ela entende a necessidade e viabilidade do diálogo entre as diversas Igrejas cristãs, dentro das quais ela ocupa um lugar de destaque? Até que ponto é possível a construção do ecumenismo?

Para analisar essas indagações  trago aqui mais um texto de autoria de Ferdinand Krenzer¹.  As  pessoas interessadas em conhecer um pouco melhor esse assunto, encontrarão aqui uma reflexão interessante.
Não deixe  de ler.
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Para poder acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações é aconselhável  ler desde o início todos os seus  textos sobre este assunto (é uma série de 16 textos publicados, com o começo no dia 31 de agosto de 2012  - http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/a-questao-da-igreja-por-que-as-criticas.html  ).


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Ecumenismo

A obrigação de zelar pela unidade da Igreja e não medir esforços para vencer as divisões repousa sobre todos os cristãos. Não se pode negligenciar qualquer chance de alcançar esse objetivo.

O movimento que trabalha para esse fim e almeja uma mútua aproximação das diversas confissões cristãs chama-se movimento ecumênico² . Através das  discussões sobre os temas teológicos, através da colaboração nos campos social e filantrópico, através da oração em comum e estudo da Bíblia – os cristãos de todos os credos trabalham para eliminar os preconceitos e poder chegar ao mútuo entendimento.

Há dezenas de anos, os cristãos de todas as denominações oram pela  unificação do rebanho de Cristo. Recordemos aqui apenas alguns acontecimentos. O papa João XXIII criou especialmente para esse fim o Secretariado para os assuntos da Unidade dos cristãos. O Sínodo Vaticano II foi convocado justamente para preparar a unificação através da renovação interna e da reforma da Igreja católica. São conhecidos os encontros do Papa Paulo VI com os líderes da Igreja ortodoxa (patriarca Athenagoras), da Igreja anglicana (arcebispo Ramsey) e do CMI (Conselho Mundial de Igrejas) em Gênova. As relações mútuas entre as comunidades cristãs, de algum tempo para cá, estão acontecendo num novo estilo.

Ninguém ainda consegue dizer como em fim ficará essa tal desejada união. A própria Igreja católica não vê mais a possibilidade de unificação no sentido de “retorno” dos  irmãos, porque sabe que  é ela mesma que precisa  sair ao encontro, e  que – por outro lado – os  cristãos separados possuem maravilhosos dons, com os quais estão contribuindo para todos se sentirem mais a Igreja de Cristo.

O que pode decidir para criar uma união cada vez maior,  será o crescimento do amor autêntico, que – todos nós sabemos – constitui a Lei suprema do povo de Deus. Somente ele, o amor, pode remover a barreira que é levantada pelo “problema da verdade”. Não se pode aceitar a proposta de tentar a construir a união entre os cristãos “diluindo” a doutrina de Cristo ou eliminando dela alguns pontos que emanam da verdade da fé. Uma redução deste tipo, para  elaborar um tal de mínimum aceito por todos, seria contrária à consciência e ao espírito do ecumenismo. Não podemos também agir de tal modo, como se já não existisse nenhuma diferença de opiniões e interpretações. Na verdade, é preciso enfrentar com realismo e sentir na  vivência a tensão existente, pois, se não sentirmos a dor e o sofrimento por causa das divisões que existem, nunca teremos chance de superá-las. Entre todas as denominações e Igrejas cristãs existe somente uma, única rivalidade permitida: superar-se, mutuamente, no exercício do amor.

Podemos ter a certeza que o Espírito de Deus, que está na Igreja, age continuamente despertando os desejos e  iniciativas, que visam a restauração da unidade do povo cristão.


(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 166-167)³


Continua...
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¹   Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.  [N. Do T.].

²   Ecumenismo é o processo de busca da unidade. O termo ecumênico provém da palavra grega οκουμένη (oikouméne), designando "toda a terra habitada". Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões.
O Dicionário Aurélio define ecumenismo como movimento que visa à unificação das igrejas cristãs (católica, ortodoxa e protestante). A definição eclesiástica, mais abrangente, diz que é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as diferentes igrejas cristãs.
Do ponto de vista do Cristianismo, pode-se dizer que o ecumenismo é um movimento entre diversas denominações cristãs na busca do diálogo e cooperação comum, buscando superar as divergências históricas e culturais, a partir de uma reconciliação cristã que aceite a diversidade entre as igrejas. Segundo a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, o termo ecumênico quer representar que a Igreja de Cristo vai além das diferenças geográficas, culturais e políticas entre diversas igrejas. Nos ambientes cristãos, a relação com outras religiões costuma-se denominar diálogo inter-religioso. (...) Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecumenismo. [N. Do T.].

³   Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português), com uma pequena atualização dos dados, quando necessário.  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”. [N. Do T.]
  
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