Hoje ouvimos com muita freqüência notícias e comentários sobre o ecumenismo, ou
a falta dele, e sobre a necessidade de diálogo entre as religiões. No entanto, existem diversas
opiniões sobre este assunto. A maioria
das pessoas, com toda a certeza,
gostaria de ver o ecumenismo
progredir muito mais, pelo menos entre todos os cristãos, trazendo - através disso - mais união e paz ao mundo. Mas tem também
muita gente que não dá tanta atenção a
essa questão, ou não liga para ela. E, por fim – o que é um espanto! - tem
pessoas que consideram o ecumenismo uma “praga”, pois constitui uma ameaça aos
próprios conceitos e doutrinas, entendendo que um movimento desse tipo é obra
do próprio “satanás” (para conferir isso, basta dar olhada em alguns sites que
propagam essa opinião).
Isso tudo comprova, na minha opinião, como são
grandes as dificuldades para construir
uma verdadeira união entre os seres humanos, mesmo em volta dos mais nobres
objetivos, e o ecumenismo, certamente, é um deles.
O blog Indagações aborda esse assunto continuando o
tema sobre a Igreja católica. A pergunta
que aqui cabe é a seguinte: Como esta
Instituição – a Igreja católica - vê a
questão do ecumenismo? Como ela entende a necessidade e viabilidade do diálogo
entre as diversas Igrejas cristãs, dentro das quais ela ocupa um lugar de
destaque? Até que ponto é possível a construção do ecumenismo?
Para analisar essas indagações trago aqui mais um texto de autoria de
Ferdinand Krenzer¹. As pessoas interessadas em conhecer um pouco
melhor esse assunto, encontrarão aqui uma reflexão interessante.
Não deixe de
ler.
WCejnog
Para poder
acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as
explicações é aconselhável ler desde o
início todos os seus textos sobre este
assunto (é uma série de 16 textos publicados, com o começo no dia 31 de agosto
de 2012 - http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/a-questao-da-igreja-por-que-as-criticas.html ).
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Ecumenismo
A obrigação de zelar pela unidade da Igreja e não medir
esforços para vencer as divisões repousa sobre todos os cristãos. Não se pode
negligenciar qualquer chance de alcançar esse objetivo.
O movimento que trabalha para esse fim e almeja uma mútua
aproximação das diversas confissões cristãs chama-se movimento ecumênico² . Através das
discussões sobre os temas teológicos, através da colaboração nos campos
social e filantrópico, através da oração em comum e estudo da Bíblia – os
cristãos de todos os credos trabalham para eliminar os preconceitos e poder
chegar ao mútuo entendimento.
Há dezenas de anos, os cristãos de todas as denominações oram
pela unificação do rebanho de Cristo. Recordemos
aqui apenas alguns acontecimentos. O papa João XXIII criou especialmente para
esse fim o Secretariado para os assuntos da Unidade dos cristãos. O Sínodo
Vaticano II foi convocado justamente para preparar a unificação através da
renovação interna e da reforma da Igreja católica. São conhecidos os encontros
do Papa Paulo VI com os líderes da Igreja ortodoxa (patriarca Athenagoras), da
Igreja anglicana (arcebispo Ramsey) e do CMI (Conselho Mundial de Igrejas) em Gênova.
As relações mútuas entre as comunidades cristãs, de algum tempo para cá, estão
acontecendo num novo estilo.
Ninguém ainda consegue dizer como em fim ficará essa tal
desejada união. A própria Igreja católica não vê mais a possibilidade de
unificação no sentido de “retorno” dos
irmãos, porque sabe que é ela
mesma que precisa sair ao encontro,
e que – por outro lado – os cristãos separados possuem maravilhosos dons,
com os quais estão contribuindo para todos se sentirem mais a Igreja de Cristo.
O que pode decidir para criar uma união cada vez maior, será o crescimento do amor autêntico, que –
todos nós sabemos – constitui a Lei suprema do povo de Deus. Somente ele, o
amor, pode remover a barreira que é levantada pelo “problema da verdade”. Não
se pode aceitar a proposta de tentar a construir a união entre os cristãos
“diluindo” a doutrina de Cristo ou eliminando dela alguns pontos que emanam da
verdade da fé. Uma redução deste tipo, para
elaborar um tal de mínimum
aceito por todos, seria contrária à consciência e ao espírito do ecumenismo.
Não podemos também agir de tal modo, como se já não existisse nenhuma diferença
de opiniões e interpretações. Na verdade, é preciso enfrentar com realismo e
sentir na vivência a tensão existente,
pois, se não sentirmos a dor e o sofrimento por causa das divisões que existem,
nunca teremos chance de superá-las. Entre todas as denominações e Igrejas
cristãs existe somente uma, única rivalidade permitida: superar-se, mutuamente,
no exercício do amor.
Podemos ter a certeza que o Espírito de Deus, que está na
Igreja, age continuamente despertando os desejos e iniciativas, que visam a restauração da
unidade do povo cristão.
(KRENZER, F. Taka
jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 166-167)³
Continua...
___________________
¹ Krenzer Ferdinand
(nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, †
08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus)
foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria. [N. Do T.].
² Ecumenismo é o processo de
busca da unidade. O termo ecumênico provém da palavra grega οἰκουμένη (oikouméne),
designando "toda a terra habitada". Num sentido mais restrito,
emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs;
num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões.
O
Dicionário Aurélio define ecumenismo como movimento que visa à unificação das
igrejas cristãs (católica, ortodoxa e protestante). A definição eclesiástica,
mais abrangente, diz que é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da
superação das divisões entre as diferentes igrejas cristãs.
Do
ponto de vista do Cristianismo, pode-se dizer que o ecumenismo é um movimento
entre diversas denominações cristãs na busca do diálogo e cooperação comum,
buscando superar as divergências históricas e culturais, a partir de uma
reconciliação cristã que aceite a diversidade entre as igrejas. Segundo a
Igreja Evangélica Luterana do Brasil, o termo ecumênico quer representar que a
Igreja de Cristo vai além das diferenças geográficas, culturais e políticas
entre diversas igrejas. Nos ambientes cristãos, a relação com outras religiões
costuma-se denominar diálogo inter-religioso. (...) Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecumenismo.
[N. Do T.].
³ Obs.: As
reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e
agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e
compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados
neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição
no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português), com uma
pequena atualização dos dados, quando necessário. O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”. [N. Do T.]
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