Atualmente, o tema do recém eleito Papa Francisco
ainda ocupa muito espaço nos Meios de Comunicação. Fala-se do seu jeito, das
suas possibilidades, experiências e possíveis projetos que ele teria para
ajudar a Igreja Católica a sair da crise. Também fala-se muito sobre as
expectativas de muitos fieis desta Igreja em relação às reformas e mudanças necessárias
para que a Igreja-Instituição possa se renovar e continuar realizando, neste
“mundo em constante mudança”, a missão recebida de Jesus Cristo. E não há dúvida, que precisa fazê-lo com um novo empenho e
responsabilidade, através de novos
métodos e formas... Ou faz isso, ou se condena a “encolher”, perdendo o seu
prestígio e lamentando-se de ser “atacada e discriminada” de todos os lados. Ao
mesmo tempo sabemos, que os desafios que estão a espera do novo pontífice são
muitos e difíceis. Só o futuro mostrará como e até que ponto poderá ele
enfrentá-los e realizar com sucesso, ou não.
Sabemos, obviamente, que dentro da Igreja Catolica
existe pluralismo, que se manifesta em seus diversos setores e movimentos. A
pluralidade de trabalhos, esforços, formas
de expressão, empenho e dedicação, valorização
de vários aspectos da mesma doutrina cristã -
desde que vise o forte desejo de pertencer à uma Igreja de Jesus Cristo,
o seu único Pastor, cujo desejo maior se expressa nas suas palavras: “Que todos
sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu
em Ti” (Jo 17, 21) – é o caminho certo e desejável. Porém, o papa como sucessor do apóstolo Pedro,
os bispos e tudo que existe nesta Igreja
devem estar a serviço do Evangelho, que
exprime as orientações e ensinamentos de Jesus de Nazaré. Isto é, todos devem
estar empenhados na construção do Reino de Deus
na vida dos seres humanos, levando essa proposta à toda humanidade e ao
mundo inteiro. E esse é, com toda a
certeza, o desejo da maioria dos cristãos.
Mas é muito triste, para não dizer chocante, ver que
também existem dentro da Igreja Católica
as pessoas e movimentos inteiros que defendem posições extremas, retrógradas e
ultrapassadas - fruto das suas intrpretações radicais e “xiitas” em relação a
vários textos biblicos, às mudanças que fizeram (e fazem!) parte da
história e à leitura dos desafios diante
dos quais encontra-se a Igreja no momento atual. Trata-se dos “tradicionalistas”
ou ultraconservadores. Todos são católicos, todos consideram-se inspirados e
convictos defensores da verdade, da tradição, do “correto”, atraindo e reunindo
em volta de si não poucas pessoas passíveis aos seus argumentos, e muitas delas
- vítimas de uma “lavagem cerebral”. Esse
fenômeno é impressionante e triste!
Por achar importante falar sobre esse assunto,
alertando sobre os fatos que muitas vezes ignoramos e/ou não levamos a sério, trago para o blog Indagações
a reportagem de Andrei Netto, que foi
publicada na semana passada no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Não deixe de
ler.
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Notícias
Terça, 19
de março de 2013
Estilo informal do papa revolta ultraconservadores
O mesmo papa que será celebrado por milhares de
pessoas na Praça São Pedro na manhã de hoje já é desprezado por grupos
ultraminoritários da Igreja. Cristãos que romperam com Roma desde a aprovação
do Concílio Vaticano II, há 50 anos, os "tradicionalistas" estão em
estado de choque com a escolha de Francisco como novo líder
católico.
A reportagem é de Andrei Netto e
publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-03-2013.
Eis a reportagem:
Para eles, um papa que se define como "bispo de Roma", e não como sumo pontífice, que pede a bênção dos fiéis antes de lhes conceder a sua, que troca a cruz de ouro pela de ferro e prega uma Igreja "pobre e para os pobres" não é digno de ser o sucessor de Pedro.
A insatisfação dos católicos ultraconservadores começou na noite de quarta-feira, no mesmo instante em que o nome de Jorge Mario Bergoglio foi anunciado como papa Francisco. Desde então, fóruns tradicionalistas na internet veem como apocalíptico o futuro da Igreja nas mãos do argentino. Entre os mais moderados, as palavras são de decepção profunda. Para os mais radicais, Bergoglio não será jamais reconhecido como papa, por ser visto como reformador, progressista e ligado à Teologia da Libertação.
Francisco também é criticado por
sua disposição ao diálogo com judeus, muçulmanos e por supostamente ser
"amigo" dos "sectos" maçônico e protestante. Não bastasse,
o novo pontífice tem sido acusado de ser "inimigo da Santa Missa" e
da "santa doutrina católica" por ser defensor do Concílio
Vaticano II, o verdadeiro vilão aos olhos dos tradicionalistas.
Nos fóruns online, os textos não falam Habemus Papam, mas Habent Papam ("Eles têm um papa"). "O trono de Pedro continua vago", diz o site Catholique Sedevacantiste, da França, em um artigo denominado Bergoglio, amigo íntimo dos judeus, inimigo de Nosso Senhor. Tradicionalista francês, Clément Lecuyer se refere a Francisco como "João Paulo IV", herdeiro de uma linhagem de "falsos papas" formada por João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
Nos fóruns online, os textos não falam Habemus Papam, mas Habent Papam ("Eles têm um papa"). "O trono de Pedro continua vago", diz o site Catholique Sedevacantiste, da França, em um artigo denominado Bergoglio, amigo íntimo dos judeus, inimigo de Nosso Senhor. Tradicionalista francês, Clément Lecuyer se refere a Francisco como "João Paulo IV", herdeiro de uma linhagem de "falsos papas" formada por João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
"Não é só sua linguagem, mas todo o seu
passado. O problema é de adesão aos valores do catolicismo. O que é grave é sua
linha miserabilista e terceiro-mundista, que é inaceitável. Na Itália e na
Europa vamos viver em breve uma fuga imensa de fiéis", disse ao Estado Maurizio
Ruggiero, secretário do Comitata Antirisorgimentali, um grupo
ultraconservador italiano.
Ruggiero é um dos porta-vozes de
um movimento chamado Sedevacantista, uma referência à Sé
Vacante, o período em que o Vaticano não tem papa.
Para esses ultraconservadores, nenhum papa desde
o Concílio Vaticano II é reconhecido como tal, por
"violarem" os ritos do catolicismo tradicional, como a missa em
latim. A cada novo conclave, grupos como o Comitata Antirisorgimentali
esperam pela nomeação com a esperança de que o novo pontífice suspenda as
regras do Concílio e encerre o diálogo com outras religiões.
Para eles, Francisco é o oposto
do que se espera do líder católico. "É impossível não ser um
sedevacantista com Francisco no Vaticano", afirma
Ruggiero. "Se pensar que um papa católico vai se encontrar com judeus e
muçulmanos, como nos representará, se está escrito no nosso evangelho que só a
Igreja Católica salva?"
A desilusão com Francisco é
compartilhada por Michael Brendan Dougherty, jornalista e
correspondente da revista The American Conservative. Para ele,
Francisco é um retrocesso em relação a Bento XVI,
que liberou a missa tradicional em latim. "As medidas não foram aplicadas
na diocese do cardeal Bergoglio."
O vaticanista italiano Marco Politi
adverte para o fato de que os grupos mais tradicionalistas estão perdendo a
paciência. "Eles já ficaram extremamente irritados quando Bento
XVI renunciou, já que reduziu a imagem do papa, transformando-o em
apenas mais um dos cardeais", lembrou. "Agora, Francisco mantém
a tendência de se mostrar mais próximo do povo, dispensando e mudando
ritos."
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/518548-estilo-informal-do-papa-revolta-ultraconservadores
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