Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 24 de março de 2013

A insatisfação dos ultraconservadores com a escolha do papa Francisco. É bom saber!



Atualmente, o tema do recém eleito Papa Francisco ainda ocupa muito espaço nos Meios de Comunicação. Fala-se do seu jeito, das suas possibilidades, experiências e possíveis projetos que ele teria para ajudar a Igreja Católica a sair da crise. Também fala-se muito sobre as expectativas de muitos fieis desta Igreja  em relação às reformas e mudanças necessárias para que a Igreja-Instituição possa se renovar e continuar realizando, neste “mundo em constante mudança”, a missão recebida de Jesus Cristo.  E não há dúvida, que  precisa fazê-lo com um novo empenho e responsabilidade,  através de novos métodos e formas... Ou faz isso, ou se condena a “encolher”, perdendo o seu prestígio e lamentando-se de ser “atacada e discriminada” de todos os lados. Ao mesmo tempo sabemos, que os desafios que estão a espera do novo pontífice são muitos e difíceis. Só o futuro mostrará como e até que ponto poderá ele enfrentá-los e realizar com sucesso, ou não.

Sabemos, obviamente, que dentro da Igreja Catolica existe pluralismo, que se manifesta em seus diversos setores e movimentos. A pluralidade  de trabalhos, esforços, formas de expressão,  empenho e dedicação, valorização de vários aspectos da mesma doutrina cristã -  desde que vise o forte desejo de pertencer à uma Igreja de Jesus Cristo, o seu único Pastor, cujo desejo maior se expressa nas suas palavras: “Que todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e  eu em Ti” (Jo 17, 21) – é o caminho certo e desejável.  Porém, o papa como sucessor do apóstolo Pedro, os bispos e tudo que existe nesta Igreja  devem estar a serviço do Evangelho, que exprime as orientações e ensinamentos de Jesus de Nazaré. Isto é, todos devem estar empenhados na construção do Reino de Deus  na vida dos  seres humanos,  levando essa proposta à toda humanidade e ao mundo inteiro. E esse  é, com toda a certeza, o desejo da maioria dos cristãos.

Mas é muito triste, para não dizer chocante, ver que também existem  dentro da Igreja Católica as pessoas e movimentos inteiros que defendem posições extremas, retrógradas e ultrapassadas - fruto das suas intrpretações radicais e “xiitas” em relação a vários textos biblicos, às mudanças que fizeram (e fazem!) parte da história  e à leitura dos desafios diante dos quais encontra-se a Igreja no momento atual. Trata-se dos “tradicionalistas” ou ultraconservadores. Todos são católicos, todos consideram-se inspirados e convictos defensores da verdade, da tradição, do “correto”, atraindo e reunindo em volta de si não poucas pessoas passíveis aos seus argumentos, e muitas delas - vítimas de uma “lavagem cerebral”.   Esse fenômeno é impressionante e triste!

Por achar importante falar sobre esse assunto, alertando sobre os fatos que muitas vezes ignoramos e/ou não  levamos a sério, trago para o blog Indagações a reportagem  de Andrei Netto, que foi publicada  na  semana passada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não  deixe de ler.
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Notícias

Estilo informal do papa revolta ultraconservadores

O mesmo papa que será celebrado por milhares de pessoas na Praça São Pedro na manhã de hoje já é desprezado por grupos ultraminoritários da Igreja. Cristãos que romperam com Roma desde a aprovação do Concílio Vaticano II, há 50 anos, os "tradicionalistas" estão em estado de choque com a escolha de Francisco como novo líder católico.

A reportagem é de Andrei Netto e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-03-2013.

Eis a reportagem:


Para eles, um papa que se define como "bispo de Roma", e não como sumo pontífice, que pede a bênção dos fiéis antes de lhes conceder a sua, que troca a cruz de ouro pela de ferro e prega uma Igreja "pobre e para os pobres" não é digno de ser o sucessor de Pedro.

A insatisfação dos católicos ultraconservadores começou na noite de quarta-feira, no mesmo instante em que o nome de Jorge Mario Bergoglio foi anunciado como papa Francisco. Desde então, fóruns tradicionalistas na internet veem como apocalíptico o futuro da Igreja nas mãos do argentino. Entre os mais moderados, as palavras são de decepção profunda. Para os mais radicais, Bergoglio não será jamais reconhecido como papa, por ser visto como reformador, progressista e ligado à Teologia da Libertação.

Francisco também é criticado por sua disposição ao diálogo com judeus, muçulmanos e por supostamente ser "amigo" dos "sectos" maçônico e protestante. Não bastasse, o novo pontífice tem sido acusado de ser "inimigo da Santa Missa" e da "santa doutrina católica" por ser defensor do Concílio Vaticano II, o verdadeiro vilão aos olhos dos tradicionalistas.
Nos fóruns online, os textos não falam Habemus Papam, mas Habent Papam ("Eles têm um papa"). "O trono de Pedro continua vago", diz o site Catholique Sedevacantiste, da França, em um artigo denominado Bergoglio, amigo íntimo dos judeus, inimigo de Nosso Senhor. Tradicionalista francês, Clément Lecuyer se refere a Francisco como "João Paulo IV", herdeiro de uma linhagem de "falsos papas" formada por João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
"Não é só sua linguagem, mas todo o seu passado. O problema é de adesão aos valores do catolicismo. O que é grave é sua linha miserabilista e terceiro-mundista, que é inaceitável. Na Itália e na Europa vamos viver em breve uma fuga imensa de fiéis", disse ao Estado Maurizio Ruggiero, secretário do Comitata Antirisorgimentali, um grupo ultraconservador italiano.
Ruggiero é um dos porta-vozes de um movimento chamado Sedevacantista, uma referência à Sé Vacante, o período em que o Vaticano não tem papa.

Para esses ultraconservadores, nenhum papa desde o Concílio Vaticano II é reconhecido como tal, por "violarem" os ritos do catolicismo tradicional, como a missa em latim. A cada novo conclave, grupos como o Comitata Antirisorgimentali esperam pela nomeação com a esperança de que o novo pontífice suspenda as regras do Concílio e encerre o diálogo com outras religiões.

Para eles, Francisco é o oposto do que se espera do líder católico. "É impossível não ser um sedevacantista com Francisco no Vaticano", afirma Ruggiero. "Se pensar que um papa católico vai se encontrar com judeus e muçulmanos, como nos representará, se está escrito no nosso evangelho que só a Igreja Católica salva?"

A desilusão com Francisco é compartilhada por Michael Brendan Dougherty, jornalista e correspondente da revista The American Conservative. Para ele, Francisco é um retrocesso em relação a Bento XVI, que liberou a missa tradicional em latim. "As medidas não foram aplicadas na diocese do cardeal Bergoglio."

O vaticanista italiano Marco Politi adverte para o fato de que os grupos mais tradicionalistas estão perdendo a paciência. "Eles já ficaram extremamente irritados quando Bento XVI renunciou, já que reduziu a imagem do papa, transformando-o em apenas mais um dos cardeais", lembrou. "Agora, Francisco mantém a tendência de se mostrar mais próximo do povo, dispensando e mudando ritos."





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